Cadeia organizada de logística faz chegar doações a quem precisa no RS
A solidariedade dos brasileiros é enorme neste momento. Toneladas de doações chegam ao Rio Grande do Sul, e o desafio é entregar todo esse material a quem precisa sem que haja desperdício.
Quanto mais toneladas, mais braços para carregar. Quanto mais doações, mais entusiasmo para receber. Água, roupas, comida. Um centro de distribuição em Porto Alegre tem de tudo, só não tem relógio na parede. O trabalho dos 500 voluntários atravessa noite e dia.
"Deixei de ficar sofrendo em casa, assistindo à essa tristeza toda e tentar mudar um pouco o cenário. Cada um faz a sua parte", diz o voluntário Davi Parozotto.
Um estoque como esse revela o tamanho da generosidade dos brasileiros e é inevitável que em algum momento ele se forme. Mas não é bom que tudo isso fique parado por muito tempo. O desafio agora é levar a doação certa para pessoa certa rapidamente.
"A gente tem essas triagens e é muito importante a gente ter a certeza que a alimentação, a roupa, o material de higiene, de limpeza, chegou até o ponto correto, porque aí vai ser bem aproveitado e não vai ser desperdiçado", explica o voluntário Eduardo Boldasso.
E como ser ágil sem perder o controle? Como garantir que o item que você doou a centenas, milhares de quilômetros de Porto Alegre chegue até quem está precisando? O segredo é dividir o processo em etapas. As doações não ficam circulando à procura de quem precisa. O abrigo só recebe o que pede.
São 700 abrigos cadastrados e checados, desde grandes instituições até casas de família que acolheram vizinhos e parentes. Cada grupo de voluntários controla setores diferentes do estoque e organiza a remessa de acordo com a quantidade disponível.
É impressionante como nada está fora de lugar. Tudo separado e bem sinalizado. Menos algumas doações que são bem difíceis de definir. Por exemplo, uma árvore de Natal no mês de maio, que foi parar em um setor bem específico. Os voluntários pedem que cada um só doe o que gostaria de receber em um momento como esse.
"A gente tem bastante descarte. Roupa rasgada, roupa muito suja. Acaba consumindo bastante tempo e a gente acaba gerando muito lixo", alerta a voluntária Andrea Moraes.
Ninguém vai buscar o que pede. O voluntário que faz a entrega não tem ligação com quem vai receber. O motorista voluntário Alexandre Rambo faz pelo menos dez entregas por dia. A gasolina e o próprio esforço foram os itens que ele escolheu doar.
"Muitas pessoas perderam o carro. Eu não acho certo deixar o meu veículo na garagem com toda essa tragédia", diz ele.
O trabalho do Alexandre não acabou. O entregador participa da última etapa dessa corrente. A foto no local da entrega vai para o fiscal no depósito, que faz o controle final.
No depósito, o tempo passou e ninguém percebeu. E está chegando mais uma doação: é o gaiteiro, que foi entregar o próprio talento. O Brasil inteiro está plantando generosidade, em uma terra que sabe colher e agradecer.
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