Seca do ano passado levou governo a estender temporada de plantio de soja
Os produtores de soja de Goiás vivem situações muito diferentes. Enquanto o agricultor Ivan Brucelli, de Rio Verde, no sudoeste do estado começou a colheita dos grãos, o seu José, de Jataí, que fica na mesma região, teve que replantar algumas lavouras. Por causa das altas temperaturas e da irregularidade das chuvas, as sementes não nasceram.
"Vários dias sem conseguir plantar e o que tinha plantado deu estresse hídrico, calor tão forte, térmico, que não germinou direito. Inclusive teve área que teve que fazer replante", lamenta o produtor rural José Luis Bagestão.
Situação que se repetiu nos estados de Mato Grosso do Sul, Pará, Tocantins e no Piauí, onde o Lucas cultiva 4.800 hectares de soja.
"Houve uma umidade momentânea, a gente arriscou um teste de plantio, apenas para calibragem das máquinas e infelizmente não emergiu, a planta não saiu", conta o produtor rural Lucas Almeida.
Por conta desses atrasos, o Ministério da Agricultura aceitou o pedido dos produtores rurais e prorrogou o calendário de semeadura da soja. Em Goiás, por exemplo, ele terminaria nesta terça-feira (2). Com a mudança, os agricultores têm agora mais dez dias para fazer o plantio.
O calendário que define o início e o fim do plantio foi criado para diminuir o número de aplicações de fungicidas ao longo da safra. Depois da colheita, vem o vazio sanitário, por no mínimo 90 dias.
"Um período onde nós eliminamos qualquer planta para que a gente possa ter esse vazio e ter uma safra seguinte com uma menor incidência de pragas e doenças. O que a gente chama dos desafios das próximas safras, de ter ali sempre uma agricultura mais sustentável", explica o presidente da Agrodefesa de Goiás, José Ricardo Caixeta.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) até agora foram plantados quase 97% (96,8%) das lavouras de soja no país (45.309,0 mil hectares). O que significa que ainda faltam um milhão e quatrocentos e cinquenta mil hectares para serem semeados.
"Essa prorrogação ajuda muito os produtores. Por que? Ele não conseguiu semear a cultura e ele tem compromissos a serem pagos em soja. Ele tem arrendamentos, ele tem contrato de vendas antecipados que eles precisam dessa soja. Esse produtor que tá plantando agora ele não tá tão preocupado em ter lucro, ele tá preocupado em passar por um ano muito adverso", avalia o consultor de mercado, Enio Fernandes.