Estados Unidos são o único país a vetar resolução brasileira na ONU sobre a guerra
O Brasil conseguiu, nesta quarta-feira (18), 12 votos no Conselho de Segurança da ONU, mas os Estados Unidos vetaram a proposta brasileira que pedia, entre outros pontos, a criação de um corredor de ajuda humanitária para Gaza.
Foram 12 votos a favor, além do Brasil: França, Malta, Japão, Gana, Gabão, Suíça, Moçambique, Equador, China, Albânia e Emirados Árabes. Duas abstenções - do Reino Unido e da Rússia - um único contra: dos Estados Unidos. Os cinco integrantes permanentes do conselho têm poder de veto, entre eles, os americanos.
Depois do resultado, o embaixador do Brasil na ONU, Sergio Danese, leu um documento. Disse que fez todo o esforço para acomodar posições diferentes - e até opostas - e que o foco era a situação humanitária crítica na região, e afirmou:
“Novamente, o silêncio e a inação prevaleceram”.
Embaixador do Brasil na ONU, Sergio Danese — Foto: JN
A embaixadora americana, Linda Thomas-Greenfield, disse que os Estados Unidos estavam decepcionados porque a resolução não mencionava claramente o direito de Israel de se defender. Afirmou que o país aposta na diplomacia, que o presidente Joe Biden está em Israel para assegurar a libertação dos reféns, evitar que o conflito se espalhe e reforçar a necessidade de proteger os civis.
A proposta apresentada pelo Brasil defendeu pontos como a libertação imediata e incondicional dos reféns israelenses, a proteção de civis e da infraestrutura - como eletricidade, água, combustível, comida e medicamentos -, a criação de um corredor humanitário, a saída segura de civis e proteção de pessoal de assistência humanitária, e mais: condenava todas as formas de violência contra civis, incluindo os atos terroristas do Hamas. Mas não citava o direito de Israel se defender, como queriam os americanos.
A China elogiou a proposta. Disse que o projeto brasileiro reflete o apelo comum da comunidade internacional e poderia representar os primeiros passos do conselho para estabelecer um cessar-fogo.
A França também fez elogios e agradeceu o Brasil pela iniciativa e seu papel de coordenação.
Depois da votação, o Conselho de Segurança permaneceu reunido para discutir a explosão no hospital em Gaza. A reunião de emergência foi convocada pela Rússia e pelos Emirados Árabes Unidos.
O enviado da ONU ao Oriente Médio, Tor Wennesland, disse que a autoria da explosão no hospital de Gaza precisa ser esclarecida. Falando por videoconferência, ele alertou para o risco de expansão do conflito.
O observador permanente da Palestina na ONU, Riyad Mansour, disse que os integrantes do conselho falam em proteger os civis e que muitos ainda são incapazes de pedir um cessar-fogo imediato.
O embaixador de Israel na ONU, Gilad Erdan, afirmou que é inacreditável que o conselho não consiga chegar a um consenso para condenar os ataques do Hamas.
Depois da reunião, Sergio Danese disse que o Brasil estava satisfeito com o trabalho que realizou, mas insatisfeito por não conseguir aprovar a resolução.
“Acho que o veto representa que o conselho não está conseguindo cumprir o seu papel, que é preservar a paz e garantir a segurança onde quer que elas estejam ameaçadas”, afirmou.
LEIA TAMBÉM
- Versão final de texto do Brasil para Conselho de Segurança da ONU condena ataques do Hamas e cobra fim de bloqueio de Israel
- Hamas x Israel: o que previa proposta do Brasil para Conselho de Segurança e por que EUA vetaram
- Apoio a resolução brasileira sobre conflito Israel x Hamas surpreendeu diplomatas brasileiros