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Por Jornal Nacional


Pesquisadores analisam manto sagrado tupinambá e revelam detalhes sobre o povo indígena

Pesquisadores analisam manto sagrado tupinambá e revelam detalhes sobre o povo indígena

Pesquisas sobre o manto sagrado indígena, que será devolvido ao Brasil pela Dinamarca, vêm revelando detalhes surpreendentes sobre o Povo Tupinambá.

A revoada de guarás-vermelhos é uma viagem ao céu brasileiro do século XVII. Foi da plumagem dos guarás, espécie hoje ameaçada, que nasceu o manto sagrado do Povo Tupinambá. Uma peça de enorme importância para a história do Brasil que, há mais de 300 anos, foi parar na Dinamarca.

"Não é um objeto do cotidiano. É um objeto usado em situação de rituais de grande importância, e que são portados sempre por pessoas destacadas dentro da comunidade", explica João Pacheco, curador de obras etnográficas do Museu Nacional.

Em setembro de 2022, Glicéria Tupinambá viajou para Europa como mestranda de antropologia social do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Foi pesquisar o manto de valor inestimável para os povos indígenas, e ficou surpresa ao descobrir a técnica de costura.

“Eu pude encontrar ali a técnica que até hoje é guardada pelas minhas tias-avós, que estão dentro do meu território, e fico assim pensando no quanto que isso é tão precioso. E a gente está perdendo esse conhecimento”, diz Glicéia Tupinambá.

O governo dinamarquês decidiu devolver a peça para repor o acervo perdido com o incêndio que destruiu o Museu Nacional, em 2018. O manto será a grande atração da abertura parcial do museu prevista para junho de 2024. A direção do museu está em busca de recursos para custear a manutenção do novo prédio.

“A gente tem que mostrar ao mundo que nós podemos e vamos cuidar melhor do nosso patrimônio científico e cultural, e também dos outros países, que a gente espera receber doações”, diz Alexander Kellner, diretor do Museu Nacional.

Glicéia Tupinambá no Palácio de Versalhes, na França — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução

O manto que ainda está na Dinamarca é considerado o mais bonito e bem conservado de um total de 12 espalhados por museus da Europa. Glicéria tenta provar em sua pesquisa que o manto também era utilizado por mulheres, e teve outra surpresa durante uma visita ao Palácio de Versalhes, na França.

“Quando eu chego agora em Versalhes, diante daquele grande salão real, me deparo diante de uma imagem pintada com uma mulher usando, portando o manto que estava em Copenhagen”, conta.

A direção do Museu Nacional informou que representantes do Povo Tupinambá vão decidir como o manto sagrado será exibido ao público. Uma das ideias é criar um espaço onde os indígenas possam realizar rituais diante de uma peça histórica tão importante para eles e para o Brasil.

"A gente acredita nesse lugar onde temos os nossos deuses aqui na Terra e precisamos cuidá-los e preservá-los, diz Glicéia Tupinambá.

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