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Prêmio Innovare anuncia vencedores e homenageados da 19ª edição

Prêmio Innovare anuncia vencedores e homenageados da 19ª edição

Foram anunciados nesta quarta-feira (7), em Brasília, os vencedores e homenageados da 19ª edição do Prêmio Innovare. O prêmio tem o apoio do Grupo Globo e reconhece iniciativas que aproximam o Poder Judiciário dos cidadãos.

A gravidez inesperada que fez Iris sair da casa dos pais na adolescência gerou uma menininha, que agora, aos dois anos de idade, é a maior fonte de inspiração da mamãe. A Iris tem só 17 anos, mas já conta com uma profissão para quando sair do abrigo de menores, no ano que vem.

"Eu amo fazer corte e costura. Eu faço roupa para ela, ela é minha modelinha, eu faço várias roupas. Daqui a pouco eu fico imaginando: eu em Paris. Gente, que lindo. Enfim, tem que sonhar”, conta Iris Vitória da Silva.

Gabriel também vive em um abrigo no Rio de Janeiro e têm igual desafio da vida lá fora depois que completar 18 anos, mas agora que aprendeu uma profissão está mais confiante.

“Eu precisava só de um incentivo. Uma chance melhor de um curso melhor, aí abriu essa minha visão de barbeiro, de empresário”, relata Gabriel Fonseca Maciel.

Planos, expectativas: um direito que todo jovem deve ter. É esse o espírito do projeto "Doe um Futuro”, do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, vencedor do prêmio Destaque, no tema Educação e Cultura: o futuro do país. O programa busca padrinhos para financiar cursos profissionalizantes para adolescentes em situação de vulnerabilidade.

“Que ele chegue aos 18 anos com essa autonomia podendo levar a sua vida, se desenvolver, constituir sua família e viver feliz. Porque isso nós queremos para todos eles, é o que eles merecem. Todo mundo merece sonhar e pode voar”, diz o juiz Sérgio Luiz Ribeiro de Souza, autor da proposta.

Borboleta é o nome da prática vencedora da categoria Juiz. É como um casulo mesmo que acolhe mulheres vítimas de violência doméstica. Os juizados de violência doméstica de Porto Alegre orientam, encaminham para tratamentos, oferecem cursos, fazem reuniões para a troca de experiências, tudo isso para mostrar que é possível recomeçar.

“Através do autoconhecimento, o projeto ele te faz se empoderar. Tu é capaz, tu é uma mulher, mas tu é capaz, tu tem voz, tu pode viver sem o agressor, tu pode ter uma nova história”, afirma uma mulher.

O diferencial é que o projeto trabalha também com os agressores, como explica uma das autoras. Transformar a mentalidade desses homens é uma forma de interromper o ciclo da violência.

“Para além da proteção da vítima e para além de uma eventual punição, porque o objetivo é a gente dar efetividade para a Lei Maria da Penha, fazer com que a lei se torne viva, faça parte do dia a dia da vida das pessoas, e dar então uma transformação real na vida dessas pessoas”, explica a juíza Madgéli Frantz Machado, autora do projeto.

Desde 2011, o projeto já atendeu a mais de mil homens, como um que reconhece que aprendeu muito.

“Diminui um pouco o machismo. ‘Ah, eu sou homem, sou isso, sou aquilo’, não é assim que funciona”, conta.

Em São Paulo, um programa que reúne prefeitura e profissionais da área da saúde venceu o prêmio da categoria Justiça e Cidadania. O projeto “Mães e Filhos de Rua” atende a usuários de drogas em um consultório no centro de São Paulo e nas abordagens nas ruas. O objetivo é dar condições de as mulheres tratarem da dependência química, se reinserir na sociedade e cuidar dos filhos.

“São mães que fazem uso de crack, são mães que fazem uso de outras substâncias, são mães que são extremamente vulneráveis e realmente não conseguem ter entendimento da importância do momento que ela está passando”, explica Andreia Cristina Guerra, coordenadora de equipe.

É o caso da Adriana. Há quase quatro anos ela estava na rua, grávida. Hoje tem uma família.

“Eles me acolheram e me ajudaram a ficar com o meu bebê. Que hoje já tem três anos. Hoje eu ando de cabeça erguida na rua porque antes eu tinha vergonha”, relata a autônoma Adriana Ribeiro de Almeida.

Essas e outras iniciativas da área jurídica são a razão do Prêmio Innovare. Desde 2004, o prêmio destaca as boas iniciativas, as boas ideias colocadas em prática por advogados, defensores, promotores, magistrados, profissionais dispostos a aprimorar o sistema da Justiça em benefício do cidadão.

Nesta quarta-feira, na cerimônia de premiação, no Supremo Tribunal Federal, 12 práticas disputaram seis categorias, além dos prêmios Destaque e Categoria CNJ. O prêmio mais importante da Justiça brasileira é uma realização do Instituto Innovare, da Secretaria Nacional de Justiça e de associações jurídicas com o apoio do Grupo Globo.

“A preocupação do Innovare é identificar e valorizar iniciativas que trazem melhoria para o funcionamento do judiciário. O nosso objetivo é exatamente identificar essas novidades e fazer com que elas possam ser conhecidas e disseminadas em outras localidades”, explica o diretor-presidente do Instituto Innovare, Sergio Renault.

O ministro aposentado do STF Ayres Britto destacou que o Innovare ajuda a aproximar a Justiça do cidadão.

“Cidadão é o que tem identidade com o público, é a pessoa dotada de espírito público. É servir a coletividade. O que faz o Innovare? Serve a coletividade via Poder Judiciário, que é via sistema de Justiça”, afirma Carlos Ayres Britto.

O ministro do STF Luiz Fux lembrou das iniciativas premiadas em defesa dos mais vulneráveis.

“O Prêmio Innovare faz essa área intermediaria entre a sociedade e o Judiciário, mostrando que o Judiciário está sempre preocupado em cada vez mais criar ferramentas para que as pessoas se sintam satisfeitas com a prestação da Justiça, com a preocupação de determinados segmentos, como segmentos das pessoas vulneráveis, segmento das pessoas de rua”, diz Luiz Fux.

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