Entenda o que é Swift, o sistema financeiro global do qual alguns bancos russos foram excluídos
Desde que o chamado Swift foi criado, nenhum país do peso da Rússia foi excluído do sistema bancário internacional.
É no campo econômico que existe uma arma capaz de isolar a Rússia do resto do mundo. Tão poderosa que os analistas chamam de "sanção nuclear". Trata-se de desligar o país da rede Swift, o sistema digital que conecta bancos de todo o globo. Fora dele, é quase impossível transferir dinheiro de um país para o outro de um jeito seguro.
"Ele é como aquele sistema de mensagens que nos usamos no celular, que todo mundo tem esse sistema de mensagem, e a gente consegue se conectar. Então, quando um país faz uma exportação, por exemplo, ele recebe o dinheiro com o auxílio desse sistema de mensagem", explica o doutor em relações internacionais e professor da Faap, Carlos Gustavo Poggio.
Swift é a sigla para o nome em inglês da Sociedade para Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais. A empresa, com sede em Bruxelas, na Bélgica, foi criada em 1973 para substituir as comunicações por Telex.
Hoje, estão conectadas ao Swift mais de 11 mil instituições financeiras de mais de 200 países e territórios, inclusive a Rússia, que está entre os dez maiores usuários de Swift do mundo.
"Toda exportação que a Rússia realiza e toda a importação que a Rússia faz, todas as transações financeiras que vão de dentro para fora da Rússia passam por esse sistema. Então, uma empresa russa só consegue receber um pagamento por uma exportação que ela faz por causa desse sistema. Então, toda a parte de comércio e de finanças da Rússia depende fundamentalmente desse sistema de comunicação interbancária", analisa Felipe Loureiro, professor de relações internacionais da USP.
Em 2012, o Irã foi banido do Swift por causa do programa nuclear, e só conseguiu voltar em 2016. Calcula-se que tenha perdido metade da receita da exportação de petróleo, a maior riqueza do país, o que prejudicou a nação como um todo. A população sofreu com aumentos de preços de comida, energia e combustíveis. O desemprego cresceu e o salário mínimo foi achatado.
Para a Rússia, também seria um golpe duro. O país é um grande exportador, não só de gás e petróleo, mas também de outras matérias-primas e produtos químicos e manufaturados. Fora do Swift, a Rússia teria muita dificuldade para receber pelo que vende para o exterior, mas também não conseguiria pagar pelo que compra de outros países. Por isso, a tal "sanção nuclear" é um jogo em que todos perdem. Resta saber quem tem mais a perder.
"Não há vencedores, ganhadores nessa guerra. São todos perdedores. Óbvio que uns mais, outros menos. Mas todos os países serão afetados, vão ter cadeias produtivas com disrupção, vai ter desemprego, indústrias que vão parar, paralisar as suas atividades, vão ter dificuldades de suprimentos e muito desemprego. Então, além das milhares de vítimas que vão ter dessa guerra lá na região do Leste Europeu, no mundo inteiro, nós vamos ter consequências na economia e no emprego entre as pessoas", exemplifica Roberto Giannetti, economista e empresário.