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Operação prende cinco pessoas ligadas a organização que tinha contratos na Saúde do Rio

Operação prende cinco pessoas ligadas a organização que tinha contratos na Saúde do Rio

A polícia e o Ministério Público prenderam cinco pessoas ligadas à Organização Social Iabas, que tinha contratos na área da saúde da cidade do Rio.

Uma década. Esse foi o tempo que a Organização Social Iabas desviou dinheiro da saúde do município do Rio. É o que afirma o Ministério Público.

O Iabas administrava hospitais, UPAs e clínicas da família. Teve em mãos mais de R$ 4 bilhões neste período.

A organização social começou a prestar serviços em 2009, na gestão do prefeito Eduardo Paes e continuou até a metade do atual governo - de Marcelo Crivella, que em abril de 2019 desqualificou o Iabas por não atingir as metas propostas no contrato.

A denúncia do Ministério Público destaca que "a data de sua constituição, não dispunha de qualquer estrutura minimamente adequada a atender seus contratos". Não tinha sede, sequer funcionários. Não praticava atividade alguma.

Segundo os promotores, logo depois da contratação, surgiram, pelo menos, quatro empresas laranjas para prestar serviço ao Iabas.

"Contratante - Iabas - e contratado - fornecedor - são a mesma pessoa. Só a verdade é que a fachada, a roupagem é de uma pessoa distinta, mas é a mesma pessoa. No final das contas, o beneficiário final dos recursos é o mesmo indivíduo", diz o promotor Silvio Ferreira de Carvalho Neto.

Havia uma empresa de jardinagem, uma de manutenção predial, um laboratório de análises clínicas. Os promotores dizem também que uma locadora de veículos desviou a maior parte dos recursos - três dos mais de R$ 6 milhões de reais. Houve superfaturamento e até carros fantasmas, revela a investigação.

Quem controlava tudo isso? O Ministério Público Estadual e a Polícia Civil afirmam que era um nome conhecido na área da saúde: Luis Eduardo da Cruz, preso no interior de São Paulo. O farmacêutico que desenvolveu remédios importantes para o tratamento de queimados e que criou o maior banco de sangue de cordão umbilical do Brasil e ainda um centro de manipulação de amostras biológicas. A mulher dele, Simone Cruz, também foi presa.

Os dois já tinham ido para a cadeia, em 2018, em uma investigação que apurava desvios em convênios com a Secretaria Municipal de Saúde.

A organização social Iabas também é investigada por suspeita de fraudes durante a pandemia, mas em um contrato com o governo do estado. Ela deveria ter sido responsável pela construção e administração de sete hospitais de campanha. Mas sob a gestão do Iabas, apenas uma unidade foi aberta, mesmo assim, com atraso.

O Iabas afirmou que está colaborando com as autoridades, mantém estritos padrões de comportamento ético e legal e presta contas regularmente aos órgãos de controle.

A assessoria do prefeito Marcelo Crivella afirmou que herdou a contratação do Iabas da gestão anterior e que a Prefeitura não tem mais contratos com a organização social, que foi desqualificada por má gestão dos recursos.

O ex-prefeito Eduardo Paes não comentou a operação. A assessoria dele afirmou que quem responderia seria o secretário municipal de Saúde da época, Daniel Soranz.

Soranz declarou que a secretaria atuou com transparência e lisura em todos os processos. E que está à disposição do Ministério Público pra ajudar nas investigações.

A defesa de Eduardo Cruz e Simone Cruz disse que eles estão à disposição das autoridades - e seguros da improcedência das acusações.

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