A força tarefa da Lava Jato no Rio devolveu ao estado R$ 250 milhões desviados pela organização criminosa chefiada pelo ex-governador Sérgio Cabral. O dinheiro foi usado pra pagar servidores.
A devolução foi autorizada pelo juiz Marcelo bretãs. O titular da 7ª Vara Federal Criminal preferiu não participar da cerimônia.
Procuradores e magistrados formalizaram a entrega do dinheiro a 146 mil aposentados e pensionistas, que estavam com o 13º atrasado. Só receberam aqueles que ganham até R$ 3.200 por mês, pouco mais da metade.
“Em 17 anos de militância nos foros criminais, é sem dúvida a mais gratificante atuação que eu já tive”, disse o procurador Leonardo Cardoso de Freitas.
Os investigadores descobriram que, desde 2002, Sérgio Cabral guardava o dinheiro da propina em contas no exterior. Foi nessa época que ele começou a usar os serviços dos irmãos Renato e Marcelo Chebar, doleiros que fizeram acordo de delação premiada com a força-tarefa da Lava Jato no Rio.
O dinheiro devolvido nesta terça (21) foi encontrado nas contas dos irmãos Chebar fora do país, em dezembro.
“Foi a primeira vez que se teve uma devolução tão rápida de dinheiro que foi desviado dos cofres públicos”, festejou o procurador da República José Augusto Vagos.
O Ministério Público Federal diz que durante 15 anos a quadrilha liderada pelo ex-governador Sérgio Cabral desviou mais de R$ 400 milhões.
A carta recebida pela Justiça Federal do Rio é de uma professora aposentada. Ela e outros aposentados e pensionistas do estados sentiram no bolso que a corrupção não é mais um caminho sem volta.
Além da carta, a professora Neuza mandou pássaros feitos com papel dobrado, origamis, e um poema.
“De mãos dadas somos povo. Desunidos, impotência. E ao final, com as ações concretas, construímos sempre. Devolvemos a essas famílias um pouco de tranquilidade para que elas possam continuar vivendo”, afirmou o diretor da 7ª Vara Federa Criminal.
No Rio, não apenas os servidores comemoraram.
“Muito, mas muito bem-vindo. Eu acredito que toda a população do Rio de Janeiro está de acordo e talvez a população do Brasil”, disse o radialista Tolentino Rolim do Carmo.
“Esse dinheiro volta para onde nunca deveria ter saído. Volte, por tanto, aos cofre públicos, a servir, como sempre deveria ter feito, a sociedade do estado do Rio de Janeiro”, disse o procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Os procuradores dizem que já recuperaram outros R$ 150 milhões desviados pela organização criminosa. Parte desses recursos vai ser devolvida à União, que financiou obras no Rio e também foi prejudicada pela corrupção.
A equipe do JN não conseguiu falar com a defesa de Sérgio Cabral.