As relações do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com a construtora OAS vão ser investigadas pelo Ministério Público Federal. Na Lava Jato, a Polícia Federal encontrou indícios de corrupção.
Apagadas e depois recuperadas pela Polícia Federal, as mensagens do celular do ex-presidente da OAS Léo Pinheiro revelam a relação entre ele e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, do Democratas. Segundo a investigação, os dois eram tão próximos que o deputado chegou a procurar Pinheiro para prestar solidariedade quando o nome do empresário começou a aparecer nas investigações da Lava Jato.
Para a Polícia Federal, o relacionamento ultrapassava o ambiente político, com Maia atuando como representante da OAS na Câmara.
Em 2013, por exemplo, Maia presidia a Comissão de Viação e Transportes. Segundo o relatório, o deputado fez requerimentos ao Tribunal de Contas da União e ao governo questionando as regras para concessão de aeroportos, que estavam impedindo a OAS de participar da disputa.
Em mensagem enviada no dia 24 de setembro de 2013, Rodrigo Maia informa a Léo Pinheiro:
“Recebi resposta do governo de requerimento dos motivos da restrição à participação dos consórcios na licitação de Galeão e Confins. Fiz há 30 dias”.
Leo pede: “Você me manda”?
E Maia responde: “Sim, já envio”.
Já em 2014, o deputado apresentou emenda à uma medida provisória sobre aviação regional. O texto de Maia tentava garantir regras iguais para aeroportos privados e públicos, o que também beneficiaria a OAS, segundo investigadores. Nos dois casos, o esforço de Maia não surtiu efeito.
A contrapartida, segundo a Polícia Federal, veio na forma de doações que somaram R$ 1 milhão para a campanha de 2014 ao Senado de Cesar Maia, pai do deputado e atual vereador no Rio.
Em uma mensagem enviada por Rodrigo Maia a Léo Pinheiro no dia 17 de setembro de 2014, o deputado pergunta: “A doação de 250 vai entrar?” No dia seguinte, a OAS faz duas doações, que somam R$ 250 mil para a campanha de Cesar Maia.
Nesta quinta-feira (9), Rodrigo Maia disse que sua atuação no Congresso não tem a ver com as doações de campanha.
“É um resultado absurdo, um resultado que não tem nenhuma relação com a realidade. O inquérito tratava, trata de tentar gerar um vínculo de uma emenda que eu apresentei em uma medida provisória a uma doação de campanha, que no final ela faz um relato genérico, o que não é o correto. Eu quero deixar claro aqui que em nenhum momento, nem com a OAS nem com empresa nenhuma, eu nunca apresentei nenhuma emenda, nenhum projeto que tivesse vinculação com nada”, disse Maia.
O Ministério Público Federal vai decidir se denuncia ou não o deputado Rodrigo Maia. A OAS afirmou que não irá se manifestar. Cesar Maia disse que está fora do Rio por problemas de família, e que não acompanhou as notícias.