A mineradora Samarco conseguiu adiar, temporariamente, a multa de R$ 10 milhões por dia, para o caso de não impedir a chegada da lama ao litoral do Espírito Santo. Em Colatina, a situação é caótica.
As torneiras secaram e já começa a faltar água para beber. E aí bateu o desespero. Na quinta-feira (19), na distribuição de água mineral deu confusão.
"Não consegui, é muito tumulto, tem que ser mais organizado", diz um homem.
"Eu fiquei sem água, porque eles empurram a gente na fila, e você vai falar eles acham ruim ainda", conta uma mulher.
A partir desta sexta-feira (20), o Exército e a polícia estão fazendo a distribuição. Essa semana, a Vale, uma das donas da Samarco, enviou quase 100 mil litros de água mineral para Colatina.
A cidade também depende de uma lagoa que fica a 20 quilômetros de distância. O vai e vem de caminhão-pipa não para.
"Vinte e quatro horas está funcionando nessa lagoa aqui. São dois geradores funcionando, e três bombas captando essa água", explica o funcionário público Edson Medeiros.
Á agua segue para as estações de tratamento e, de lá, para mais de 50 reservatórios espalhados pela cidade.
"Não tinha uma gota de água dentro de casa e o sofrimento aqui está geral mesmo. Muito difícil. Ainda bem que eu moro próximo, mas tem gente que mora aqui mais para cima e a situação está difícil", afirma o enfermeiro Alcenir Gomes.
A lama ocupa o leito do Rio Doce em toda a cidade de Colatina. E o esquema que foi montado para atender a população com perfuração de poços, reservatórios e caminhões-pipa, até agora, de acordo com a prefeitura, só está conseguindo atender mesmo, plenamente, 30% dos moradores da cidade.
Amostras de água foram recolhidas para testar se um produto usado em Governador Valadares, também vai funcionar lá. Com isso será possível captar e tratar a água mesmo suja de lama.
"A nossa esperança maior está nesse tratamento para a gente, mesmo com essa concentração, retomar o abastecimento, que normalizaria toda a vida. Mas nós só faremos isso com toda segurança das análises", aponta o prefeito de Colatina, Leonardo Deptulski.
Na quinta-feira, às 19h55 acabava o prazo para que a Samarco apresentasse um plano para evitar que lama chegue ao litoral. Um minuto antes, a empresa enviou uma petição à Justiça Federal com informações sobre ações que estão sendo tomadas.
O Ministério Público já analisou a petição e afirmou que a empresa não ainda tomou medidas eficientes. Agora a decisão a decisão cabe ao juiz. Enquanto isso, a Samarco fica livre da multa diária de R$ 10 milhões.
Na justiça estadual, o presidente da empresa, Ricardo Vescosi, conseguiu um habeas corpus preventivo na ação que determinou que Samarco realizasse uma série de medidas para diminuir dos efeitos da contaminação no Rio Doce. A Samarco tem até o fim do mês para cumprir as medidas.