A maior parte das estradas brasileiras, item essencial da infraestrutura do país, está em condições ruins ou péssimas, segundo pesquisa divulgada na quinta-feira (16).
Os números são impressionantes. 87% das nossas estradas são de pista simples e 40% das estradas não têm acostamento. 50% não têm nem placa de aviso antes de curvas perigosas.
Isso significa falta de segurança e custos mais altos para quem se desloca pelo país. E o pior: nos últimos dez anos, a situação melhorou muito pouco.
No país continental, em que as rodovias são o principal meio de transporte, apenas 12% das estradas são pavimentadas. O dado é da Confederação Nacional de Transportes. São pouco mais de 203 mil quilômetros asfaltados. Mais da metade estão sob responsabilidade dos estados (54,4%), 32% são rodovias federais e 13%, municipais.
Do total de estradas pesquisadas, 62% são consideradas regulares, ruins ou péssimas. 38% boas ou ótimas. De acordo com os levantamentos feitos pela CNT nos últimos dez anos, a melhoria no quadro foi pequena.
Em 2005, por exemplo, o estado geral de 72% das rodovias pesquisadas era regular, ruim ou péssimo. Em 2007, a situação piorou um pouco e o número subiu para 73,9%. Em 2009, houve uma redução dos probelmas nas rodovias. Em 2011, o percentual de estradas regulares, ruins e péssimas caiu um pouco mais, ficou em 57,4%. A partir daí, o estado geral das rodovias piorou de novo e chegou a 63,8% em 2013.
Neste ano, mais uma vez, tiveram destaque as rodovias administradas pela iniciativa privada: 74% foram avaliadas como ótimas e boas. Nas estradas de gestão pública, esse percentual é de 29,3%.
Estradas ruins aumentam os riscos de acidentes e o consumo de combustíveis. A pesquisa calculou também o impacto das condições das rodovias no custo de manutenção dos carros. Concluiu que os motoristas aqui no Brasil gastam, em média, 26% a mais em função das condições das rodovias.
Entre os estados, São Paulo teve o melhor resultado: 78,4% das estradas no estado paulista tiveram avalaiação boa ou ótima. Foi onde houve maior investimento das concessionárias desde 2009.
Para um especialista em planejamento de transportes, Paulo Resende, faltam políticas que protejam os investimentos a longo prazo nas estradas.
"É muito grave porque esse percentual se mantém. E a nossa chamada matriz de transportes, ou seja, tudo o que nós transportamos no Brasil, mais de 60% são transportados por rodovias. Esse resultado gera essa ineficiência que nós temos no Brasil, perdendo competitividade, ou seja, perdendo dinheiro e também perdendo vidas, o que é mais importante", aponta Paulo Resende, professor da Fundação Dom Cabral.