Francisco fez com que as pessoas se identificassem com ele

ter, 30/07/13
por Maria Clara Bingemer |

Quando o avião da Alitalia que levava o Papa Francisco de volta ao Vaticano decolou, certamente algo de muito importante havia acontecido em termos teológicos e eclesiais. E isto não apenas no Brasil, ou no Rio de Janeiro, onde se concentrou sua visita, mas em toda a Igreja Universal e no mundo inteiro onde homens e mulheres vivem, esperam, trabalham, amam e sofrem.

Qualquer tentativa de balanço dessa luminosa visita permanece curta diante da estatura do visitante e das dimensões da mobilização que sua figura logrou. Conscientes de que não esgotamos o tema, levantamos, no entanto alguns pontos que nos parecem importantes do legado de Francisco nesta Jornada Mundial da Juventude. É a nossa leitura e estamos conscientes de que certamente há muitas outras.

1. A própria pessoa do Papa. Jorge Mario Bergoglio, o Papa Francisco, apresenta um perfil que impressiona e atrai. Não por causa de nada extraordinário, mas exatamente pela normalidade, pela ordinariedade de sua pessoa, suas atitudes, seus gestos. Faz questão de se comportar e agir como o comum das pessoas. E isso faz com que todos e todas consigam identificar-se com ele e abrir-se a sua mensagem. Ao ser interrogado, já no avião de volta, o porquê de carregar ele mesmo sua pequena maleta preta, respondeu com simplicidade contundente. Primeiro revelou o conteúdo da mala, muito comum em qualquer sacerdote e, por conseguinte, também no Papa, tal como breviário, ordinário da missa, etc. Depois explicou por que carregava ele mesmo o volume e não o entregava aos assessores. “Porque é normal”. Francisco insiste em que as pessoas da Igreja devem ser normais, como todo mundo. Não esquisitas, não estranhas. Mas normais. Nesse ponto, segue de perto seu mestre espiritual Santo Inácio de Loyola que nas Constituições da Companhia de Jesus, ao redigir as indicações de como deviam se vestir os jesuítas, afirma: “Vistam-se como os sacerdotes honestos do lugar”.

2. Sua concepção da missão da Igreja: em seus discursos o Papa deixa bem claro como entende a missão da Igreja. Deve ser algo que desinstale, dinâmica, que faça sair da privacidade da sacristia e ir ao espaço público. Conclamou bispos e clérigos a cultivar a cultura do encontro. E isto implica sair dos espaços onde os segmentos eclesiais têm o domínio e ir ao encontro das pessoas que estão fora, muitas vezes afastadas e mesmo hostis à Igreja. E como aproximar-se delas? O meio é o diálogo, a abertura, o convite alegre à conversação e à partilha. Aos jovens sobretudo recomendou essa atitude permanente, dizendo querer agitação (lío, palavra espanhola que na verdade significa confusão), movimento e não pasmaceira e acomodação nas dioceses e nas diversas instancias do tecido eclesial. A Igreja tem que sair de si, viver em êxodo permanente, ir ao encontro dos outros, viver em estado de pastoral. Essa é a Igreja de Francisco, Igreja que ele não inventa agora, mas que resgata das fontes mesmas do Cristianismo. Igreja alegre e participativa como o eram as primeiras comunidades, onde o Senhor cada dia acrescentava ao número dos que a ela aderiam e eram salvos (Atos dos apóstolos, 2, 22-46).

3. Seu entendimento da composição do tecido eclesial: O Papa deixa bem claro ao terminar sua visita à JMJ que o clericalismo – ao lado de outros ismos – é incompatível com o rosto e o espírito da Igreja de Jesus Cristo. Não existe nem existirá Igreja ou evangelização se os cristãos leigos, batizados sem mais adjetivos não forem constitutiva e vigorosamente integrados à comunidade eclesial para todos os efeitos: não apenas em funções de suplência ou acessórias, mas participando nas decisões, recebendo adequada formação e tendo voz ativa na caminhada eclesial. Somente uma Igreja que não funcionar em termos de contraposição clero versus laicato poderá ser realmente Povo de Deus, Corpo de Cristo e revelar ao mundo o Evangelho do amor e da solidariedade.

4. Sua denúncia profética do consumismo e das injustiças: O Papa não poupou palavras e expressões fortes para denunciar a cultura do provisório, os ídolos que fascinam os jovens e lhes roubam o sentido da vida e a esperança, os mercadores da morte que lhes oferecem viagens sem volta nas asas das substancias químicas e letais da droga. Ao mesmo tempo, sua denúncia se transformou em anúncio alegre do que é a verdade. A verdade é o serviço gratuito e desinteressado que se presta ao outro. Isto é a essência do cristianismo e isto é que constrói a verdadeira Igreja.

Ao fundo das palavras e gestos do Papa, na esteira do rastro luminoso por ele deixado refulge uma figura, uma pessoa. Trata-se daquele que é a razão de ser de seu compromisso e sua vida. Daquele que é o horizonte de sentido que o faz ser quem é, como é e fazer o que faz. Aquele que, tendo a condição divina, não se aferrou a suas prerrogativas mas tomou carne, habitou no meio de nós e foi obediente até a morte de Cruz. Conhecê-lo, amá-lo, contemplá-lo incessantemente é o caminho para qualquer peregrino, qualquer homem ou mulher que se autocompreenda como um ser a caminho para a Verdade e a Vida. Jesus Cristo: uma experiência mais viva de seu mistério, um desejo mais forte de construir seu Reino. Eis o coração, o núcleo do legado luminoso do Papa Francisco nesta visita ao Brasil para a Jornada Mundial da Juventude.

Papa Francisco não é juiz da vida dos gays

seg, 29/07/13
por Domingos Zamagna |

O que o Papa disse na entrevista aos jornalistas a bordo do avião que o transportava a Roma, a respeito dos gays, parece ser uma continuação da sua mensagem durante uma semana aos jovens da JMJ-Rio.

O carinho com que ele foi cercado por todos não se deve unicamente ao seu charme, mas ao farto de que ele manifestou a todos a misericórdia de Deus em Jesus Cristo. Sua mensagem foi sempre a do Evangelho, uma mensagem libertadora, que requer justiça, solidariedade, amor, alegria e paz.

Assim como Jesus Cristo, o Papa não veio para julgar nem condenar. Mas ele sabe que o Evangelho não é uma superestrutura, ele supõe um lastro humano sobre o qual ele trabalha, para levar o ser humano à perfeição. Se quiséssemos usar uma expressão provocativa poderíamos – inspirados no Concílio do Vaticano II – dizer que “Jesus Cristo veio revelar o homem ao homem” (Cf. Gaudium et Spes, 22). Sob este aspecto, o importante não é ser cristão, é ser homem, pois na visão antropológica da Igreja, cristão é o verdadeiro homem, disposto a crescer até alcançar “a estatura de Cristo” (Ef 4,13).

Houve um tempo, na verdade ele ainda não acabou, em que os gays foram estigmatizados, e para isso até mesmo a Igreja colaborou. A sociedade os enquadrava num catálogo de doenças. Há religiões que tratam os gays como criminosos. Ainda hoje tomamos conhecimento de países onde a legislação civil e religiosa é tão retrógrada que leva gays à prisão e à morte, tal como fazem com mulheres consideradas adúlteras. Ora, nem a sociedade civil, nem a religiosa podem admitir tais situações.

O que o Papa disse é a doutrina da Igreja. Todos os seres humanos têm uma dignidade que lhes vem do Criador. Cabe a cada ser humano reconhecer e aceitar a sua identidade, inclusive sexual. A diferença e a complementaridade físicas, morais e espirituais estão orientadas para os bens do casamento e para o desabrochar da vida familiar. Esse é o caminho dado a todos, razão pela qual o casamento, na visão da Igreja, sempre será a união estável entre um homem e uma mulher para seu mútuo enriquecimento humano e santificação, mediante a doação de seus corpos, abertos para a geração e educação de filhos. Se a história nos revelar outras modalidades de união, desde que mantida a qualidade verdadeiramente humana – isto é, livres e respeitando as consciências – entre seres humanos, quem poderá se arvorar com o direito de desrespeitá-las ou julgá-las?

Ora, tudo na vida deve estar aberto ao aperfeiçoamento, razão pela qual não é desejável que se façam lobbies para impor visões e pragmáticas que ferem a sensibilidade dos simples, ou dos que ainda não se desvincularam de uma leitura fundamentalista de textos bíblicos (que fomenta a culpabilidade e discriminação de qualquer tipo de diferença existencial). A solução está (e o papa insistiu bastante sobre este aspecto) no diálogo. O universo da afetividade, com suas expressões na sexualidade, é fenômeno demasiadamente complexo e polivalente, que envolve enraizamentos biológicos, culturais e psíquicos das pessoas, com desdobramentos em outras forças nem sempre conhecidas pelas nossas pretensas sabedorias. OPapa nos falou da cultura do encontro, mas ainda estamos longe de sequer nos aproximarmos, quanto mais compreendermos o mundo dos gays e de tantos outros que a nossa sociedade se compraz em ofender e humilhar.

Respeitar os homossexuais, achar que eles também podem aspirar à perfeição moral, renunciando às práticas que contrariam a exigente ética do Sermão da Montanha, é ser revolucionário, é ir contra a corrente. Assim como muitos não esperavam que “algo de bom pudesse vir de Nazaré” (Jo 1,46), assim também nos surpreenderíamos se Deus comunicasse a sua Palavra, através de quem nós menos esperaríamos?

Francisco no Brasil: uma síntese em três pontos

seg, 29/07/13
por Francisco Borba |
categoria Sem categoria

O Papa Francisco, como bom jesuíta, sempre organiza seus pronunciamentos em três pontos. Nada mais apropriado, portanto, do que procurar sintetizar a mensagem que transmitiu durante sua viagem ao Brasil também em três pontos. Para o bem da verdade, devemos reconhecer que estes três pontos já estavam integralmente presentes no magistério de João Paulo II e Bento XVI, mas sem dúvida faltava alguma coisa: a simplicidade e o despojamento de Francisco criaram uma empatia com o povo e com a mídia que fez com que a mensagem cristã fosse muito mais ouvida e entendida. Mais do que qualquer novidade doutrinal, essa postura é a grande contribuição do papa Francisco à Igreja e à sociedade atual.

1. A força da solidariedade
O aspecto mais marcante da mensagem de Francisco é sua insistência na solidariedade, enquanto compromisso social ao qual todos na sociedade estão chamados, mas também como consequência mais direta e necessária do “seguir a Cristo”. A opção pelos pobres – que sem dúvida alguma é um dos pontos mais importantes da mensagem do Papa – se realiza mais no interior de uma teologia da solidariedade, entendida como um compromisso permanente para com todos que sofrem, do que de uma Teologia da Libertação, entendida como orientação rumo a uma transformação utópica que extirparia o mal da sociedade. Isso não significa abandono nem da dimensão política nem da dimensão revolucionária da fé, mas a compreensão de que o trabalho político para construção do bem comum e a mudança revolucionária são possíveis a partir da vivência radical e integral do amor.

2. O amor e a ética católica
Questões morais ligadas à sexualidade e aos comportamentos na vida privada não estavam entre as prioridades do Papa em sua viagem – fato que não deixa de ser por si só indicativo de uma postura. Porém, no discurso aos bispos latino-americanos no domingo e na viagem de volta a Roma, o Papa fez dois acenos fundamentais para se entender sua postura nestes temas – que são provavelmente os que mais ocupam lugar na mídia quando se fala de catolicismo. Aos bispos, o Papa criticou as demandas dos “católicos iluminados” (liberalização do aborto, casamento homossexual, relaxamento da moral sexual, ordenação de mulheres etc.), considerando que estas vem muito mais de uma ideologia iluminista que dos fundamentos da experiência cristã. Mas também criticou aqueles que procuram uma solução apenas disciplinar para os problemas dos cristãos no mundo moderno.

Qual seria então a posição correta? Na viagem de volta, ele deixa isto claro na referencia aos homossexuais: não cabe à Igreja condenar os homossexuais, mas acolhê-los. “O Catecismo da Igreja Católica explica isso muito bem”, disse. “Ele diz que eles não devem ser marginalizados por causa disso, mas que devem ser integrados à sociedade”. O que a Igreja condena é a ideologia de gênero, que não respeita um dado constitutivo da natureza humana que é a diferença sexual.

Em resumo, o amor e a acolhida à pessoa do outro criam uma postura adequada para discutir a moral católica. Isso não implica numa postura relativista em relação à moral, mas não confia a solução dos problemas morais a uma questão normativa e disciplinar.

3. A conversão à qual a Igreja é chamada
Por fim, o Papa deixou claro que as mudanças que ele quer ver na Igreja – e que valem, ainda que de modos diferentes para bispos, padres e leigos – vão no sentido de ser uma Igreja:

1) Missionária, que sai de si para ir ao mundo, para ficar perto das pessoas. A ação missionária não é um dever moralista, mas sim uma condição para o crescimento da fé pessoal. Como disse aos jovens: “a fé é uma chama que se faz tanto mais viva quanto mais é partilhada, transmitida”. Além disso, como a missão corresponde a um estar junto, o anúncio espiritual de Cristo e a ajuda material aos que sofrem não são excludentes, pelo contrário, andam juntos.
2) Simples e pobre, sem ostentações. Esse discurso é mais forte para bispos e padres, que representam a face pública da Igreja, mas vale para todos os cristãos, que são chamados a não viver na cultura do egoísmo, do individualismo e do desperdício.
3) Comprometida com a construção de uma cultura da solidariedade e do encontro, capaz de gerar pessoas que sejam protagonistas na construção do bem comum.

O Papa, no bom sentido, desobedeceu o protocolo o tempo todo

seg, 29/07/13
por Edson Luiz Sampel |

O papa Francisco, em sua estada no Brasil, provocou uma avalanche de atos de ternura! Tudo no comportamento do santo padre é inédito. Seus antecessores próximos, o papa emérito e o beato João Paulo II, sempre se mantiveram obedientes ao protocolo. Francisco, no bom sentido, desobedeceu o protocolo o tempo todo, mas arrastou a simpatia até dos seguranças. Um deles estava incumbido de levar as crianças de colo ao papa.

Sua Santidade pediu orações constantemente. Como pude escrever em outro artigo no G1, haverá mudanças na cúria e o bispo de Roma necessita de forças para empreendê-las a contento.

O Papa suscitou a ternura entre os jovens integrantes da JMJ, bem como entre os leitores deste site e os telespectadores da Globo News. Tenho certeza de que todos os que acompanharam de perto as locuções do sumo pontífice já sentem certo vazio no peito, saudosos de Francisco.

A grande surpresa, no entanto, estava reservada para ontem à noite. Quem assistiu ao Fantástico ficou simplesmente estupefato com a entrevista histórica de Francisco. Os Papas nunca dão entrevistas deste tipo. No avião, a caminho do Brasil, Francisco, com seu jeitinho de quem vai desobeder a regra, explicava aos jornalistas que um papa não pode dar entrevistas.

Pois é! Francisco deu uma entrevista, um autêntico furo de reportagem. Entram para a história mundial do jornalismo o Papa, a Rede Globo de Televisão e o jornalista que fez a entrevista. Parabéns a todos. Vamos rezar por Francisco, esse Papa tão cheio de ternura!

Quais são e como entender as virtudes teologais

dom, 28/07/13
por Domingos Zamagna |

Virtude é a força de realizar o bem, sobretudo realizá-lo com alegria e perseverança, mesmo que seja ao preço de sacrifícios e apesar das resistências tanto interiores quanto exteriores. O oposto da virtude é o vício, isto é, uma vida sem busca de qualidade.

Quanto às suas origens, as virtudes podem ser naturais ou sobrenaturais. Naturais são as que dizem respeito à natureza do ser humano, elas se adquirem pelo exercício prolongado (são “adquiridas”); são importantes porque nos protegem das tiranias a que estamos submetidos (São Paulo exemplifica: “Não faço o bem que quero, mas pratico o mal que não quero” – Rm 7,19). As virtudes sobrenaturais são dons de Deus (não são adquiridas, são “infusas”), são graças que aperfeiçoam a nossa natureza, isto é, estabelecem em nós um dinamismo que nos torna capazes de realizar nossa vocação de comunhão pessoal com Deus.

No ápice do dinamismo moral, temos as virtudes sobrenaturais chamadas teologais, porque nos põem em contato imediato com Deus. Nelas e por elas é o próprio Deus que, ao se comunicar, torna efetiva para o ser humano a possibilidade de participar, livremente, da própria vida de Deus. Vê-se portanto que tudo no Cristianismo converge para a prática das virtudes teologais. E quais são elas?

Baseada num texto do apóstolo Paulo (1Cor 13,13), a teologia esclarece que são três: a fé, a esperança e o amor (ou caridade). A fé é a adesão a uma verdade, não pela evidência, mas pelo testemunho (não temos a evidência da verdade de Deus, mas cremos em Deus por causa do testemunho que d’Ele nos foi dado por Jesus Cristo). A esperança, baseada na “certeza” da fé, nos dispõe a esperar com confiança na realização definitiva da obra salvífica, ou seja, o encontro pessoal absoluto com o amor de Deus; não é uma espera passiva, mas uma espera dinâmica: trabalha, superando os obstáculos, sem desviar do foco, para que se efetive o encontro com Deus. A maior de todas as virtudes, porém, é o amor, pois amor/compaixão/misericórdia designa a própria essência de Deus. Esta virtude designa a seguinte realidade: Deus se doa sem reservas a nós, seres humanos, e nós podemos acolhê-lo totalmente e participar plenamente da sua intimidade. Não pode haver maior perfeição. Os antigos escritores cristãos diziam, de maneira bem forte, que pelo amor nós somos “divinizados”, pois nos tornamos da própria raça de Deus.

Tudo o que se puder falar sobre o amor ficará aquém do ensinamento do apóstolo Paulo no chamado “hino ao amor”, por isso é imprescindível ler e reler o que ele escreveu sobre a hierarquia dos dons (1Cor 13). E o apóstolo João admiravelmente sintetizou: “Aquele que permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele” (1Jo 4,16). Por isso a Igreja vem insistindo ultimamente para a reflexão sobre as virtudes teologais. A primeira encíclica de Bento 16 foi “Deus é amor” (Deus caritas est, 25/12/2005). Escreveu outra chamada “Salvos pela Esperança” (Spe salvi, 30/11/2007). No dia 29/6, o Papa Francisco completou a trilogia das virtudes teologais, publicando sua primeira encíclica: “A Luz da Fé” (Lumen Fidei), que todos estamos convidados a estudar.

É da natureza de um espírito jovem sempre ter fé em algum ideal; a fé o projeta para o futuro, com a esperança de transformar o mundo; mas o que pode mesmo transformar o mundo, a começar de pequenos atitudes na família, entre os amigos, no grupo social, até chegar à política, é o amor. Por isso é que se costuma frisar que a fé do militante deve ser contagiada pelo amor.

O que é o missal e o que ele diz sobre o Papa

dom, 28/07/13
por Valeriano dos Santos Costa |

Missal é um termo técnico que a Igreja escolheu já nos primeiros séculos para designar o livro que contém todas as celebrações para uma Missa. Por tabela, também tem outras celebrações como a que o Papa Francisco fará em sua veneração à imagem de Nossa Senhora Aparecida, no interior da Capela dos Apóstolos.  No caso do Missal que descreve a visita do Papa ao Brasil, também traz os textos para a Via-Sacra, na orla de Copacabana. Enfim, Missal tem a ver com Missa. É o livro que o padre usa no altar quando celebra a Missa. O Missal para a visita do Papa contém, então, todas as celebrações que ele fará no Brasil.

Para quem quer realmente conhecer os detalhes religiosos da agenda do Papa em sua visita ao Brasil, por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro (22 a 28 de julho 2013), há um publicação no site do Vaticano, ali onde estão localizadas as liturgias papais, descritas por ordem de data. Quando se chega à data de 22 a 28 de julho, consta o Missal da Viagem Apostólica do Santo Padre Francisco ao Brasil.

Cristianismo e cidadania

dom, 28/07/13
por Frei Evaldo Xavier Gomes |
categoria Sem categoria

Uma dimensão muito característica da fé cristã é a sua especial relação com a sociedade e o mundo. Mais do que uma fé feita somente de gestos externos atos rituais, é fundamental para o Cristianismo que todos a ação de fé seja realizada com o coração e vida. É assim que todo cristão deve mais do que qualquer outra coisa amar a Deus e ao seu próximo. É por isso que o próprio Jesus ensina: “Deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai reconciliar-te primeiro com teu irmão e, depois, vem e apresenta a tua oferta” (Mt 5 , 24). A relação entre fé e vida é portanto fundamental para o cristianismo. O verdadeiro cristão não é somente aquele que se diz tal, mas sim aquele que é e vive a fé cristã.

Diante do atual contexto de crise econômica, desemprego e tantas preocupações de ordem econômica, mais do que nunca os cristãos são chamados a darem um testemunho vivo de sua fé vivendo a fraternidade, ajudando aos necessitados e repartindo o que possuem. O encontro do Papa Francisco com os voluntários da JMJ, assume pois uma dimensão que vai muito além destes dias da Jornada. Seu significado é muito mais profundo. Sem dúvida trata-se de um momento de agradecimento pelo trabalho voluntariado realizado por tantos para o bom êxito da JMJ. Temos diante dos olhos, porem algo muito mais extenso e significativo. O Papa faz um apelo de despertar do mundo cristão: para o fato de que o verdadeiro discípulo de Jesus de Cristo, coloca as mãos à obra, colabora na transformação da sociedade, participa da construção desinteressada de um novo mundo mais igual e menos injusto. Neste encontro de agradecimento, teremos diante dos olhos a exaltação da “fazer sem esperar nada em troca”, do dom de amar e servir ao próximo, vendo nele a imagem do próprio Jesus Cristo. “Toda vez que visitaste um preso, deste comida a um faminto, visitaste a um doente, foi a mim que o fizeste” (Mt 25, 31-46).

O ângelus do Papa com os jovens

dom, 28/07/13
por Edson Luiz Sampel |

A palavra “ângelus” provém do latim; quer dizer “anjo” e foi retirada da seguinte frase: “Angelus Domini nuntiavit Mariae” (em português: “O anjo do Senhor anunciou a Maria”). Trata-se de uma oração mariana, isto é, dedicada a Maria de Nazaré, a mãe de Jesus.

O ângelus é uma oração baseada no relato bíblico do anúncio do anjo Gabriel a Maria acerca do nascimento do Salvador, Jesus de Nazaré (Lc 1, 26-38). O povo católico a recita geralmente de manhã bem cedo, ao meio-dia e às seis da tarde, a hora da Ave-Maria. Quem vai a Roma pode rezar o ângelus com o Papa em alguns horários.

Do madeiro da cruz Cristo incumbiu Maria de ser a mãe do povo de Deus (Jo 19, 26-27). A importância do ângelus reside no papel que Maria ou Nossa Senhora desempenha no projeto de salvação da humanidade. Ela não nos dá as graças, porquanto só Deus as pode dar. No entanto, Maria roga por nós, isto é, intercede por quem lhe suplica uma  intervenção junto a Deus. Ela é uma espécie de eficientíssima advogada no céu. Jesus, que concede as graças, não nega um pedido de sua mãe. Como escreveu Dante na “Divina Comédia”: “Querer chegar a Jesus sem Maria é como querer voar sem asas” (Paraíso, canto XXXIII, 12).

O ângelus, ao lado do terço, da Ave-Maria, da Salve-Rainha e de outras orações, consiste numa demonstração de amor dos católicos para com a “mãe de Deus”. Humildemente, em vez de se dirigir diretamente a Jesus, embora podendo fazê-lo, os católicos costumam recorrer à intermediação dos santos e, principalmente, do maior dos santos, Maria de Nazaré.

No decorrer da JMJ, o Papa Francisco, bastante devoto de Nossa Senhora, rezará o ângelus com os jovens, manifestando, assim, um grande amor a Jesus através de Maria.

As diferenças entre missa, culto e outras celebrações católicas

dom, 28/07/13
por Padre Helmo Faccioli |

A missa é a celebração da presença viva e real de Jesus no pão e no vinho consagrados. A expressão mais adequada para designar a missa é a palavra eucaristia. Eucaristia significa “ação de graças”, agradecimento pela ação salvífica da presença e atuação de Cristo na vida das pessoas. A missa foi instituída pelo próprio Jesus Cristo na última ceia. “Fazei isso em minha memória”. Na missa, o cristão recebe Cristo no pão e vinho consagrados. Jesus vem ao encontro de cada pessoa fazendo a “comunhão” (comum-união). Os que comungam são chamados a fazer comunhão com as pessoas, promovendo a fraternidade e a paz.

O culto é a manifestação da religiosidade do ser humano para a divindade. No cristianismo, a centralidade do culto é Jesus Cristo. Ao longo dos séculos surgiram devoções dirigidas a Cristo,  a Maria Santíssima e aos Santos. São realizados de formas diferentes de acordo com as culturas locais. São eles: procissões, romarias, reza do terço, novenas, tríduos etc. A Igreja acolhe estas expressões de fé e devoção.

A via-sacra é um exercício de piedade cristã utilizado principalmente na quaresma. Constitui na meditação do caminho percorrido por Cristo desde a sua condenação até a morte, sepultura e ressurreição. São 15 estações baseadas nos relatos do evangelho. Implica reflexão sobre o fato, contextualização do mesmo na vida real das pessoas. Oração de petição pelas necessidades das pessoas e um gesto concreto de ação humanitária. O exercício da via-sacra é recomendado para as sextas-feiras, dia da semana que recorda a morte redentora de Jesus.

Ao abordar a laicidade, Francisco confirma a doutrina do Concílio Vaticano II

sáb, 27/07/13
por Edson Luiz Sampel |
categoria Sem categoria

No seu discurso aos políticos no Theatro Municipal do Rio de Janeiro, Sua Santidade, o Papa Francisco, enfatizou a importância da laicidade do Estado. De fato, o sucessor de São Pedro apenas confirma a doutrina do Concílio Vaticano II, exposta no decreto “Dignitatis Humanae”.

Em sua fala neste sábado, o Papa disse: “Será fundamental a contribuição das grandes tradições religiosas, que desempenham um papel fecundo de fermento da vida social e de animação da democracia. Favorável à pacífica convivência entre religiões diversas é a laicidade do Estado que, sem assumir como própria qualquer posição confessional, respeita e valoriza a presença do fator religioso na sociedade, favorecendo as suas expressões concretas. Quando os líderes dos diferentes setores me pedem um conselho, a minha resposta é sempre a mesma: diálogo, diálogo, diálogo”.

A laicidade do Estado é uma condição indispensável para a liberdade de culto. O cristianismo é sempre uma proposta da Igreja, que pode ou não ser aceita. Qualquer religião deve ser professada com inteira disponibilidade do crente. Num Estado que não seja laico, a religião é oficial e professar um credo diferente implica, muitas vezes, consequências desagradáveis para o praticante. No Estado laico, em suma, o cidadão é livre para abraçar a religião que quiser ou para não aderir à religião nenhuma.

O Brasil é um Estado laico. Todavia, não é ateu, porquanto os constituintes de 1988 erigiram um Estado “sob a proteção de Deus”, conforme está escrito no preâmbulo da Constituição Federal. Curiosamente, o papa Francisco advém de um país, a Argentina, onde a religião católica é a oficial e os padres são quase funcionários públicos. Sem embargo, a Igreja Católica defende a grande utilidade do princípio da laicidade do Estado, porque quando a pessoa humana adere ao catolicismo, isto se dá sem constrangimento, em condições totalmente livres.



Formulário de Busca


2000-2015 globo.com Todos os direitos reservados. Política de privacidade