Por Henrique Martin, g1


  • O g1 testou 3 smartwatches lançados em 2023: Apple Watch Ultra 2, Huawei Watch GT 4 e Samsung Galaxy Watch6 Classic.

  • Preços não mudaram muito em relação a 1 ano atrás: vão de R$ 1.400 a R$ 9.700 nas lojas consultadas.

  • Huawei é o único que funciona com iOS e Android.

  • Apple e Samsung empatam na duração da bateria.

Guia de Compras: teste de smartwatches — Foto: Ighor Jesus/g1

Usar um smartwatch virou sinônimo de cuidar da saúde.

⌚️Os modelos mais novos realizam tarefas como eletrocardiograma, medem a pressão arterial e até mesmo ajudam caminhantes perdidos a se guiar de volta para o caminho certo em uma trilha.

E, claro, também ajudam a ver mensagens do celular, e-mails e rodar alguns apps sem precisar tirar o smartphone do bolso.

Guia de Compras testou três modelos lançados em 2023 dessa categoria:

Os relógios inteligentes custavam entre R$ 1.400 e R$ 9.700 nas lojas da internet consultadas no final de outubro.

O preço inicial é similar ao do teste de smartwatches realizado em 2022 com outros modelos/marcas.

Os testes foram feitos com uso diário dos relógios, incluindo caminhadas, corridas e visitas à academia de ginástica. Vale notar que autoridades de Saúde e os próprios fabricantes alertam que os dados de monitoramento desses aparelhos não substituem acompanhamento médico.

Veja abaixo como cada um deles se saiu e, ao final da reportagem, a conclusão.

Apple Watch Ultra 2
Apple Watch Ultra 2
  • Bateria de 3 dias
  • Relógio pode ser controlado por gestos
  • Modelo conta com aplicativo de mergulho

O Apple Watch Ultra 2 é o smartwatch mais caro entre os modelos da avaliação, sendo vendido por R$ 9.700 nas lojas on-line pesquisadas em outubro. Só funciona conectado a um iPhone.

É o único do teste a entrar na categoria dos relógios esportivos, com funções mais avançadas que não aparecem nos concorrentes, como GPS com localização mais precisa e poder ser usado como computador de mergulho.

O relógio foi lançado junto com o Apple Watch 9 e o iPhone 15 (veja o teste) em setembro.

Design e sistema

O Watch Ultra 2 é o maior relógio da Apple, com uma caixa de 49 mm e um design mais quadrado, que foge do padrão de bordas arredondadas do resto da linha.

O acabamento em titânio e a maior espessura deixam o Ultra 2 mais parrudo que os outros modelos da marca.

O modelo só tem uma versão, com conectividade GPS e celular – dá para instalar uma linha de telefone no relógio para ele funcionar independentemente do iPhone.

Também é um relógio com mais funções que os outros Apple Watch (veja os testes do Watch 7 e do Watch SE).

Uma delas é a tela é mais brilhante para uso sob o sol. Mas, no escuro, ela tem um segredinho: acende em uma cor alaranjada, que não ilumina todo o ambiente. Esse é um detalhe simples, mas útil e que o diferencia dos demais smartwatches disponíveis.

O corpo do relógio conta com dois alto-falantes para ajudar nas ligações e a falar com a assistente virtual Siri, um botão lateral com a coroa digital para acessar aplicativos e atalhos e o botão de ação, que não existe nos outros relógios da marca.

Nada mais é do que um atalho para recursos, como começar uma caminhada ou corrida.

Mas o curioso é que pressionar por mais tempo o botão de ação ou o lateral aciona uma sirene de emergência.

A fabricante diz que ela emite um som de 86 decibéis – equivalente a um alarme de carro ou secador de cabelos – que pode ser ouvido a até 180 metros de distância. Após ativada, a sirene emite um som irritante e crescente, que vai ficando cada vez mais alto até ser desativado.

O Ultra 2 roda o sistema operacional Watch OS 10.1, a versão mais recente. A maior novidade é a possibilidade de usar o controle por gestos sem precisar tocar na tela.

Veja abaixo como funciona:

Double tap no Apple Watch Serie 9. Recurso também funciona no Watch Ultra 2. — Foto: Apple/Divulgação

É um truque interessante: basta levantar o relógio e realizar o gesto de tocar o indicador e o polegar. Se estiver na tela principal, ele substitui a ação de arrastar a tela da parte inferior para cima e abre o painel de atalhos.

A cada gesto, o sistema alterna entre os painéis – atividade, previsão do tempo, música, entre outros.

Também é possível atender ligações e utilizar o recurso em alguns aplicativos, como pausar uma música ou adiar um alarme. Caso o app não seja compatível com o gesto, uma animação de mãozinha aparece no topo da tela.

A função funciona também com o Watch série 9, de acordo com a Apple. Os concorrentes testados não oferecem recursos similares.

Exercícios e saúde

O Watch Ultra 2 é mais um exemplo da “motivação Apple” que faz com que o dono do relógio se mexa o dia todo. Isso é algo comum aos relógios da marca e um modo eficiente de fazer o usuário se movimentar.

Todos os dados ficam concentrados nos app Saúde e Fitness do iPhone.

A cada meta atingida em calorias, passos e horas em pé, o relógio mostra uma animação dando parabéns. Correu 5 quilômetros? Ganhou uma medalha.

Apple Watch Ultra 2 após finalizar um exercício — Foto: Henrique Martin/g1

Durante a realização de uma caminhada ou corrida, a Apple aprimorou algo simples: a pausa automática. Ao parar para atravessar a rua durante uma corrida o Watch Ultra 2 para a contagem do tempo e volta a funcionar ao detectar movimento.

O app Bússola grava paradas de forma automática ao fazer uma rota. Esse ponto marca o último local com recepção de celular (útil para quem vai fazer uma trilha no mato, por exemplo) e também um ponto de emergência – caso os recursos de chamada de urgência sejam necessários.

Para quem anda de bicicleta, o relógio da Apple agora permite sincronizar dados com acessórios compatíveis de outras marcas, como velocímetros com conectividade bluetooth.

Na piscina ou no mar, o Watch Ultra 2 vai até 100 metros de profundidade – contra 50 m dos outros modelos da Apple. E tem um app de Profundidade, que ajuda em mergulhos, algo que os concorrentes avaliados também não fazem.

O relógio conta ainda com certificação militar MIL-STD-810H, que ajuda na proteção da tela e corpo do dispositivo.

Os recursos de saúde do Watch Ultra 2 ainda incluem monitoramento dos batimentos cardíacos e da oxigenação do sangue (quanto de oxigênio é transportado pelo sangue), capacidade de realizar eletrocardiogramas – algo que o Samsung Galaxy Watch 6 Classic também faz – e acompanhamento do sono.

O monitoramento de sono segue completo – com avisos na hora de dormir e acordar.

Bateria

A bateria do Apple Watch Ultra 2 é a de maior duração entre aparelhos da marca já testados pelo Guia de Compras: 3 dias de uso – o Watch SE chegava a 1,5 dia de uso, precisando de recarga quase todas as noites.

Mas ainda é uma marca bem menor que o Huawei Watch GT 4, que pode chegar a 10 dias sem necessidade de recarga.

Huawei Watch GT 4
Huawei Watch GT4
  • Bateria de 10 dias
  • Modelo tem mais recursos esportivos que integração com smartphone
  • Único que funciona com iOS e Android

O Huawei Watch GT 4 é um smartwatch que funciona muito bem para acompanhar exercícios, monitorar a saúde e receber notificações de mensagens que chegam ao celular.

Mas é um produto que não tem muitos aplicativos integrados e recursos avançados encontrados nos concorrentes do teste, como eletrocardiograma ou medição de pressão arterial. É o único relógio da avaliação que funciona com celulares Android e iOS.

O teste foi feito com o Huawei GT 4 com caixa de 46 mm. Essa versão custava R$ 1.400 nas lojas on-line consultadas em outubro – o relógio é o mais barato da lista.

A fabricante também vende uma versão menor, com caixa de 41 mm, por R$ 1.300.

Design e sistema

O smartwatch da Huawei usa o sistema operacional próprio Harmony OS 4.0, que é mais limitado na oferta de apps.

A tela redonda é de 1,43 polegada, com um visual que lembra um relógio de pulso convencional. Ao acionar o menu de aplicativos, surgem ícones arredondados e que remetem ao estilo do Apple Watch.

O botão principal aciona o menu de apps, e um segundo botão ativa um atalho selecionado, como iniciar um exercício.

Porém, diferente dos modelos da Apple e Samsung, o da Huawei não permite instalar apps de terceiros. Não dá para responder uma mensagem de WhatsApp, por exemplo, direto do relógio – apenas visualizar. A Huawei diz que o problema é apenas no iOS – no Android dá para responder.

A conectividade é apenas por bluetooth, sem opção de uso por Wi-Fi ou rede celular.

O relógio permite utilizar o armazenamento interno de 4 GB para guardar músicas, transferidas da coleção pessoal do dono do smartphone em formato MP3 para o dispositivo.

O recurso interno de controle de músicas funciona integrado com o aplicativo de streaming em uso no celular, permitindo avançar, pausar e adiantar faixas.

O Watch GT 4 é o único que funciona com celulares Android e iOS. Alguns testes feitos com o relógio conectado a um iPhone 15 mostraram que o sistema não "conversa" por completo com o da Apple.

As notificações de mensagens recebidas pelo aplicativo Mensagens da Apple (antigo iMessage) não aparecem no GT 4. WhatsApp, e-mails e Telegram, por outro lado, funcionam normalmente.

Os dados de saúde sincronizam informações com o app Saúde, da Apple, mas não os dados de treinamento com o app Fitness – o que pode ser um pouco frustrante para acompanhar a atividade do dia. No Android, dá para sincronizar essas informações com o Google Fit, por exemplo.

Exercícios e saúde

O Huawei Watch GT 4 detecta exercícios de forma automática – basta sair andando ou correndo que ele inicia o processo ao perceber alguns minutos depois.

O relógio permite acompanhar mais de 100 tipos de atividades físicas, incluindo remo, golfe, trilha ou esqui cross-country.

O modelo conta com um recurso que já estava presente em outros modelos da marca (leia o teste com o Watch GT 2 Pro) para ser um "personal trainer" de pulso, com trajetos de corrida para quem nunca praticou o exercício.

Outra similaridade com o Apple Watch Ultra 2 está nos incentivos de movimento, com um semicírculo na tela do relógio. O Watch GT 4 pode ser usado embaixo d’água, em até 50 metros de profundidade.

O aplicativo Saúde, instalado no celular, mantém os registros dos exercícios com bastante detalhe. Ao final de uma corrida, por exemplo, ele mostra todo o trajeto em mapa, volta mais rápida, elevação e vai um pouco além dos concorrentes.

O relógio também mostra efeitos de treinamento e informa se o desempenho melhorou em comparação à última atividade e até qual foi a intensidade do exercício no dia. E quanto tempo é preciso dar de pausa entre um treino e outro.

Huawei Watch GT 4: resumo de exercício no pulso — Foto: Henrique Martin/g1

Outro recurso interessante para monitoramento da saúde é o Stay Fit, que ajuda a monitorar o consumo de calorias durante o dia.

Diz a Huawei que é para "orientar os usuários para os seus objetivos de peso através da promoção de um equilíbrio entre uma alimentação saudável e exercícios adequados".

Na prática, o Stay Fit pediu para marcar as refeições em horários inusitados – como jantar às 17h.

O Watch GT 4 também acompanha a qualidade do sono, mede a oxigenação do sangue, e acompanha batimentos cardíacos (sem eletrocardiograma, como nos concorrentes do teste). Mas consegue indicar possíveis arritmias do coração.

Bateria

Perto dos concorrentes do teste, a bateria do Huawei Watch GT 4 é gigante: chegou a quase 10 dias de uso, contra 2 ou 3 dos outros relógios. A fabricante promete até 14 dias de uso para o dispositivo.

Samsung Galaxy Watch 6 Classic
Samsung Galaxy Watch 6 Classic
  • Bateria de 3 dias
  • Melhor opção para quem tem celular Android
  • Único a medir composição corporal e pressão arterial

O Samsung Galaxy Watch6 Classic – como aconteceu com o Watch5 (veja o teste) – é a melhor opção de relógio inteligente para quem tem celular Android. Roda diversos aplicativos e oferece recursos que não estão presentes nos concorrentes.

O Galaxy Watch6 Classic custava R$ 4.000 nas lojas da internet no final de outubro. A versão usada no teste foi a com tela de 47 mm e conectividade bluetooth.

A Samsung vende esse mesmo relógio com uma coroa de 44 mm por R$ 3.000, e uma versão mais simples (Watch6) a partir de R$ 2.800.

Design e sistema

A tela de 1,5 polegada do Watch6 Classic conta com uma coroa giratória ao seu redor – esse é o principal diferencial em relação ao modelo Watch6.

Essa peça serve para navegar pelo relógio e complementa o display sensível ao toque.

Dois botões laterais também ajudam a comandar o smartwatch, que tem proteção contra água, podendo ser usado em até 50 metros de profundidade, de acordo com a Samsung.

Assim como o Apple Watch Ultra 2, o Watch6 Classic conta com certificação militar MIL-STD-810H, que ajuda a proteger o dispositivo.

O relógio roda o WearOS, desenvolvido pelo Google. O gerenciamento do dispositivo é feito pelo app Galaxy Wearable, que funciona apenas em celulares com sistema Android.

Entre os apps pré-instalados no dispositivo estão as atividades físicas, notificações, medição de stress, batimentos cardíacos, eletrocardiograma, calendário.

Mas é possível baixar novos apps – como Outlook, WhatsApp e Uber – direto da Google Play Store no relógio ou telefone.

Exercícios e saúde

O Galaxy Watch6 Classic permite acompanhar dezenas de exercícios e detecta automaticamente uma corrida ou caminhada.

O círculo da Apple e o semicírculo da Huawei aqui são representados por um coração de atividades – que segue com as mesmas métricas (passos, tempo em pé, tempo em movimento).

O app para celular é o Samsung Health, usado para sincronizar os dados de saúde. Mas as informações – por conta do WearOS – também aparecem no Google Fit, que reúne referências de outros dispositivos (como o Huawei Watch GT 4).

O acompanhamento de saúde inclui sensores para medir batimentos cardíacos com eletrocardiograma e oxigenação do sangue. E dois recursos exclusivos da Samsung: composição corporal – porcentagem de gordura, massa muscular e água no corpo – e até mesmo pressão arterial.

Com ajuda de um monitor de pressão convencional, é possível ajustar o Watch6 Classic para medir a pressão.

Porém, é uma tarefa que precisa ser feita todo mês, para garantir a precisão dos resultados.

Samsung Galaxy Watch6 Classic: medir a pressão arterial requer calibrar o aparelho todo mês — Foto: Henrique Martin/g1

O Watch6 Classic ainda cria perfis de sono, com a intenção de ajudar o usuário enquanto dorme. E também diz quanto ele roncou durante a noite.

Bateria

A bateria do Samsung Galaxy Watch6 Classic segue parecida com a do Watch5, com três dias longe do carregador.

É um resultado bom, similar ao do Apple Watch Ultra 2, mas ainda distante dos 10 dias do modelo da Huawei.

Conclusão

O MELHOR PARA CADA SISTEMA: O smartwatch funciona como um auxiliar do smartphone. Na dúvida, a escolha mais fácil é aquela indicada para o sistema operacional do celular.

O Apple Watch Ultra 2 é o topo de linha da marca e um dos relógios mais avançados disponíveis nas lojas on-line.

O preço pode assustar, mas uma alternativa a ele é o Apple Watch 9, que conta com o mesmo sistema operacional, processador e a maioria dos recursos. Só não tem a tela maior e mais brilhante, a sirene e a função de mergulho.

Além disso, o Watch série 9 custa quase a metade do preço do Ultra 2: R$ 5.000, contra R$ 9.700 no modelo mais caro.

Já o Huawei Watch GT 4 serve como um smartwatch melhor para monitoramento de saúde do que dispositivo multitarefa integrado ao celular, como seus concorrentes. Tem como grande ponto positivo o preço (R$ 1.400), mas melhor utilizar ligado a um telefone com sistema Android.

E o Samsung Galaxy Watch6 Classic é a escolha para donos de aparelhos Android, sejam da marca ou não.

Os relógios foram emprestados pelas fabricantes e serão devolvidos.

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