Guia de Compras: teste com fones de ouvido sem fios. — Foto: Veronica Medeiros/g1
Os AirPods, da Apple, se tornaram o padrão para os fones de ouvido sem fios que se encaixam no canal auditivo.
Basta conectar ao celular e sair por aí ouvindo música ou podcasts, mas não tem fone assim apenas da fabricante do iPhone. Essa categoria de produtos é conhecida como TWS (true wireless) e é adotada por diversas marcas.
O Guia de Compras testou 5 fones com preços entre R$ 850 e R$ 1.500, disponíveis nas lojas da internet em dezembro e lançados em 2024.
Os equipamentos contam com mais recursos do que os fones básicos para uso cotidiano. E, por isso, são mais caros. São eles:
Veja o resultado dos testes a seguir e, ao final, a conclusão.
Apple AirPods 4
Os AirPods 4 são os únicos feitos para usar apenas com dispositivos da Apple. Eles até funcionam com outros aparelhos com Bluetooth, mas com menos recursos.
Essa é a quarta geração dos headphones, que chegou recentemente às lojas.
Os fones da Apple são os mais caros do teste, sendo vendidos na faixa de R$ 1.500 nas lojas da internet em dezembro.
Vale ressaltar que a Apple oferece ainda uma versão mais cara dos AirPods 4, com recurso de cancelamento ativo de ruídos, que custavam R$ 2.000.
Assim como os Galaxy Buds3, da Samsung, os AirPods 4 são fones sem ponteira de borracha para melhor encaixe no canal auditivo.
À primeira vista, por serem feitos de plástico, parecem desconfortáveis, mas se encaixam bem e não caem do ouvido.
Apple Airpods 4 — Foto: Carlos Lando/g1
Dos cinco fones avaliados, apenas os AirPods 4 e os da Huawei FreeClip não contam com recursos de cancelamento de ruído – o formato adotado pela Huawei nem permite oferecer esse recurso, já que o fone não entra no canal auricular.
Todos os comandos dos AirPods 4 são feitos por um botão/sensor na haste do fone (reproduzir, pausar, pular faixas, atender/desligar ligações e ativar a assistente digital Siri).
Uma novidade dessa geração é poder interagir com a Siri com movimentos da cabeça – se a assistente perguntar se você quiser atender uma ligação, por exemplo, basta mover a cabeça com um “sim”. Um “não” desliga a chamada.
A qualidade de som é muito boa, com sons muito nítidos e claros no “pancadão” de funk ou em música clássica. A qualidade do microfone para chamadas é excelente.
Os AirPods contam ainda com recurso de áudio espacial, que permite ouvir músicas (em serviços de streaming como o Apple Music) com efeitos de som que “giram” ao redor da cabeça.
É uma brincadeira interessante, mas que não muda muito o jeito de ouvir música. Os fones da JBL e da Samsung testados oferecem uma funcionalidade similar.
O pareamento inicial dos fones com um iPhone é muito simples: basta abrir a caixinha e vai aparecer uma notificação para a conexão.
Não tem um app específico para comandar os fones, como nos demais fones de ouvido avaliados.
Os ajustes mais pontuais, como ativar o áudio espacial, estão escondidos nas configurações do iOS. Os AirPods podem ser conectados também ao Apple Watch e reproduzir músicas direto do relógio.
Configuração de Áudio Espacial no iPhone — Foto: Reprodução
A duração bateria fica no prometido pela Apple: até 5h de uso contínuo dos AirPods e entre 5 e 6 recargas completas na caixinha carregadora. O estojo carrega apenas por cabo USB-C.
Huawei FreeClip
O Huawei FreeClip é um fone com conceito diferente de todos os outros do teste. É um modelo com design “open-ear”, em que ele se encaixa ao ouvido, sem entrar no canal auditivo.
Ele era vendido por R$ 1.100 nas lojas on-line em dezembro.
Por conta do formato em “C", ele permite ouvir músicas e podcasts e, ao mesmo tempo, prestar atenção no ambiente ao redor. Não tem cancelamento de ruído.
Huawei FreeClip no ouvido: preso como um piercing — Foto: Carlos Lando/g1
Não importa o lado que você coloque o fone: o aparelho identifica qual é o ouvido e faz a distribuição correta do som.
O pareamento pode ser feito com qualquer celular (Android ou iOS), sem se preocupar com app. O aplicativo (Huawei AI Life) permite ajustes básicos apenas para equalização do som.
Usar os fones é uma experiência diferente, porque a qualidade do som que sai dos fones é excelente e, ao mesmo tempo, você consegue ouvir todo o ambiente ao seu redor.
Causa um certo estranhamento ao encaixar o fone no ouvido e, dependendo do ângulo colocado, pode causar alguma pressão e incômodo, mas não cai.
Huawei FreeClip — Foto: Carlos Lando/g1
Para trabalhar ouvindo músicas ou podcasts é uma ótima ideia, já que não tira a atenção de colegas que comentam algo ou do toque do telefone.
Sair na rua é uma experiência menos otimista. Isso significa que os ruídos da cidade vão prevalecer sobre o som dos fones e o ouvinte pode perder detalhes do som em nome de uma maior segurança em público.
Talvez sua melhor indicação de uso seja mesmo no escritório, sendo passageiro de um carro (ou ônibus) ou na academia.
Toques nas hastes permitem controlar a reprodução de músicas/podcasts ou atender/desligar chamadas.
A bateria dos FreeClips dura em torno de 8h, com 4 cargas adicionais no estojo USB-C.
JBL Live Beam 3
O JBL Live Beam 3 é um fone sem fios com cancelamento de ruídos com uma funcionalidade única entre os modelos do teste: o estojo de carregamento conta com uma tela touch que serve como central de controle.
E, mesmo com essa funcionalidade adicional, é o fone mais barato da avaliação, sendo vendido na faixa de R$ 800 nas lojas da internet em dezembro.
Os fones têm um design em estilo de haste com ponteiras de borracha (a JBL fornece tamanhos distintos P, M e G para melhor ajuste).
A tela do estojo fica bloqueada quando não está em uso.
JBL Live Beam 3: tela do estojo permite comandar o equipamento — Foto: Henrique Martin/g1
Quase todos os recursos presentes no app JBL Headphones estão na tela do estojo, como controle de músicas, equalizador, ativar som espacial, alternar entre som ambiente/cancelamento de ruído/conversação e até acender a tela para usar como lanterna.
JBL Live Beam 3 — Foto: Carlos Lando/g1
A caixinha ainda mostra notificações de mensagens no celular. No geral, é uma funcionalidade útil para não precisar tirar o telefone do bolso, por exemplo.
A qualidade do som é excelente, principalmente para fãs de músicas com graves. A JBL “exagera” um pouco nesses tons, mas é um diferencial dos fones da marca.
Dependendo do gosto do ouvinte, pode soar exagerado.
Dá para “sentir” os graves de um Kraftwerk ou DJ Alok, principalmente se a configuração mais alta do equalizador, chamada Extreme Bass, estiver ativada.
O app JBL Headphones permite o controle de equalização do som com dois níveis de graves (normal e extremo), que deixa o batidão de qualquer funk bastante forte.
Para demais ritmos – eletrônicos ou clássicos, rock ou sertanejo – os demais ajustes pré-selecionados (club, estúdio, vocal e jazz) deixam os tons mais agradáveis e menos exagerados.
O recurso de cancelamento de ruído, junto com o fone da Technics, é um dos melhores do teste. Isso ocorre por conta de os fones terem as ponteiras de borracha que ajudam a isolar ainda mais o canal auditivo do ambiente externo.
Com o ventilador ligado, os ruídos foram bastante suprimidos.
A duração da bateria é a maior dos fones, com até 9h de reprodução de músicas com o cancelamento de ruído ativo. A fabricante não indica o número de recargas com o estojo, que é recarregado por um cabo USB-C.
Samsung Galaxy Buds3
Se os AirPods são para os iPhones, os Galaxy Buds3 foram feitos para usar com celulares (e outros equipamentos) da Samsung.
Também são um pouco mais baratos que o concorrente, sendo vendidos na faixa dos R$ 1.100 nas lojas on-line em dezembro. A Samsung oferece uma versão mais avançada (Galaxy Buds3 Pro) por R$ 2.000.
O design dos Buds3 parece ser bastante inspirado nos fones da Apple (como ocorreu com a última geração de relógios topo de linha), com formato similar que não usa ponteira de borracha.
Pelo menos os fones da Samsung têm um acabamento diferente. A versão enviada para testes era prateada com pequenos toques coloridos nas hastes, além da tampa transparente no estojo de carregamento.
Samsung Galaxy Buds3 — Foto: Carlos Lando/g1
A qualidade sonora é muito boa e parecida com a da Apple, vale ressaltar. Seja para ouvir Madonna ou Anitta, os resultados são muito bons e nítidos, com graves perceptíveis.
O Samsung conta com o diferencial de ter o recurso de cancelamento de ruído ativo, que funciona de maneira razoável. O design dos fones sem ponteiras não consegue isolar muito o som do ambiente no canal auditivo.
Mas em ambientes com ruído constante – como uma sala com ventilador ligado – dá para perceber uma redução razoável nos sons de fundo.
A fabricante usa o app Galaxy Wear para ajustar as configurações dos Buds3. Por ele, é possível ajustar o equalizador e ativar/desativar o cancelamento de ruído.
Os Buds3 permitem alternar com facilidade a conexão entre celulares, tablets e notebooks da marca.
A Samsung diz ainda que são fones com recursos de inteligência artificial. Tanto a equalização do som e o cancelamento de ruídos podem ser calibrados usando a funcionalidade automática para melhor qualidade.
E, caso sejam usados com um dos celulares com a Galaxy AI, alguns recursos, como tradução em tempo real, podem funcionar com os Buds3. Na teoria, você pode falar por telefone com alguém em outro idioma e o app da Samsung ajuda a traduzir tudo em tempo real.
A bateria dos Galaxy Buds3 dura até 5 horas com o cancelamento de ruído ativo. Com a função desligada, até 6 horas. O estojo com a bateria vai durar de 4 a 5 recargas antes de voltar para a tomada.
O estojo dos Buds3 pode ser recarregado usando uma base sem fios ou cabo USB-C, o mesmo do celular.
Technics EAH-AZ60
Os Technics EAH-AZ60 são fones do teste para quem gosta de ouvir música com bastante qualidade.
Dos cinco modelos avaliados, é o único que dá para dizer que tem um som de alta fidelidade. E nem é tão caro: custava na faixa dos R$ 1.000 nas lojas da internet em dezembro.
São fones feitos para uso personalizado. Ao abrir a caixa, a fabricante fornece 7 ponteiras de silicone diferentes para ter o encaixe perfeito no canal auditivo – são duas XS, duas S, uma M, uma L, e uma XL).
Os concorrentes oferecem nenhuma borracha (no caso da Apple, Huawei e Samsung), por conta do formato, ou apenas 3 ponteiras (pequena, média e grande), no caso da JBL.
A ideia é usar o app Audio Connect Technics e experimentar as ponteiras para calibrar o uso e ter a melhor experiência sonora possível, além de otimizar o cancelamento de ruído ativo.
Se os JBL Live Beam 3 são os fones do teste com os melhores graves, os da Technics são os mais equilibrados, da eletrônica ao clássico.
Todos os tons são nítidos, sem exageros. Dá para perceber os graves pulsando (não muito forte), mas também os médios são bastante equilibrados. Parecem fones bem mais caros do que realmente são.
Technics EAH-AZ60 — Foto: Carlos Lando/g1
O app Audio Connect (apenas em inglês) permite ainda ajustar a equalização do áudio e alternar entre os modos de uso (cancelamento de ruído ligado/desligado e som ambiente).
Na comparação ainda com o JBL, o cancelamento ativo de ruído também é muito bom, isolando bastante os sons do ventilador e do resto do ambiente.
Os fones podem ser conectados com até 10 dispositivos, segundo a Technics, e pode funcionar com dois dispositivos (como celular e notebook) ao mesmo tempo.
O sensor nos fones permite alternar/pausar faixas e atender/desligar ligações com um toque, assim como ajustar o volume.
A bateria dos Technics EAH-AZ60 dura em torno de 7 horas com o cancelamento de ruído ativado e 7,5 horas com o recurso desligado. O estojo de carregamento USB-C permite de 3 a 4 recargas.
Conclusão
DESTAQUE NO PRECINHO: Dos 5 fones, o JBL Live Beam é o aparelho com a melhor relação custo x benefício.
Tem excelente qualidade de som, recurso de cancelamento de ruídos e a telinha colorida no estojo de carregamento, única e inexistente nos concorrentes.
PARA MALHAR: Os modelos com ponteiras de silicone (JBL e Technics) têm um encaixe melhor no canal auditivo, com uma menor chance de cair durante um exercício ou corrida.
Os Huawei FreeClips são imbatíveis nessa categoria, já que ficam presos na parte da cartilagem do ouvido. Mas vale lembrar que, ao usar na rua, o ruído externo pode se sobrepor ao som que sai dos fones.
Apple e Samsung tendem a escorregar mais durante os exercícios, por causa do acabamento de plástico.
PARA TRABALHAR: Os cinco modelos funcionam bem no ambiente de um escritório. O modelo da Huawei permite prestar muita atenção nos sons ao redor, por conta do formato aberto.
Já JBL e Technics têm um cancelamento de ruído muito bom, permitindo se isolar bastante do local, se essa for a vontade.
E A BATERIA? A duração da bateria depende muito do perfil de uso de cada pessoa. Raramente alguém fica horas e horas com esses fones nos ouvidos. Ao guardar, ele recarrega de novo.
No geral, todos os fones avaliados aguentam uma semana de uso sem precisar recarregar o estojo.
Como foram feitos os testes
O Guia de Compras solicitou aos fabricantes os modelos mais recentes de fones bluetooth, com preços na faixa de R$ 1.000 a R$ 2.000. Os aparelhos foram enviados por empréstimo e serão devolvidos.
Foram considerados a facilidade de instalação, os recursos disponíveis e os aplicativos para celular (ou não). Depois disso, foram horas e horas de música de estilos variados ouvidos durante novembro e dezembro de 2024.
O teste de cancelamento de ruídos foi feito no escritório doméstico, com um ventilador de teto ligado.
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