Presa por injúria racial em frente à casa de Lula ao chamar um agente da segurança da Presidência da República de "macaco", a pensionista Maria Cristina de Araújo Rocha, de 77 anos, é uma militante bolsonarista e antipetista muito presente nas manifestações contra o presidente e o PT nos últimos anos em São Paulo.
Integrante de um movimento chamado de "Ativistas Independentes" e moradora de Perdizes, na Zona Oeste, em 2020 ela participou de um ato na Avenida Paulista com um taco de beisebol e teve que ser tirada da manifestação pela Polícia Militar para não ser agredida por integrantes de torcidas organizadas num ato pela preservação da democracia.
A manifestação pacífica convocada às presas encontrou os militantes da direita na Av. Paulista e terminou em confronto entre os torcedores de times paulistas e a PM (vídeo abaixo).
Cristina Rocha também foi clicada em redes sociais com vários parlamentares bolsonaristas e ex-bolsonaristas, como Carla Zambelli (PL), Fernando Holiday (PL) e Kim Kataguiri (União Brasil).
Em 2018, ela esteve na frente da porta da Superintendência da Polícia Federal em São Paulo com uma garrafa de champagne para comemorar a prisão de Lula em abril daquele ano.
Com um grupo de cerca de 10 colegas de movimento, eles esperavam que Lula ficasse detido em São Paulo, mas ele foi transferido para Curitiba, onde cumpriu pena durante 580 dias.
Em entrevista ao portal UOL na época, ela chamou o petista de "vagabundo, canalha, ladrão".
Confusão durante protesto na Av. Paulista
Nascida em agosto de 1948, Cristina é filha de um ex-militar, o coronel Virgílio da Silva Rocha. Gabava-se de o pai ser amigo e próximo do ex-general do Exército Eduardo Villas Bôas, com quem postava fotos juntos.
Repórteres que faziam plantão em frente à casa de Lula em Pinheiros, na Zona Oeste da capital, nesta quarta-feira (18), afirmaram que Cristina Rocha evocou o pai e a proximidade com o ex-general Villas Bôas no momento da prisão, dizendo: “Sou amicíssima do general Villas Bôas”.
Pensão de R$ 14,5 mil
Maria Cristina de Araújo Rocha é pensionista do Estado brasileiro por ser filha de militar. Seu pai, Virgilio da Silva Rocha, era general de divisão do Exército.
Desde 2009, a mulher recebe uma pensão mensal que hoje está na casa dos R$ 14,5 mil brutos, mas pode variar. Em junho deste ano, por exemplo, ela ganhou R$ 17 mil líquidos por conta de uma gratificação natalina.
Sua situação em relação à pensão ficou definida judicialmente em dezembro de 2010, quando o Tribunal de Contas da União (TCU) publicou um acórdão considerando legal a concessão do benefício a 30 mulheres parentes de militares.
Prisão no Alto de Pinheiros
Mulher leva coroa de flores para casa de Lula e é presa após xingar agente da PF
Maria Cristina Rocha foi presa por injúria racial pela Polícia Federal na tarde desta quarta-feira (18), na porta da casa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no bairro de Alto de Pinheiros, na Zona Oeste de São Paulo.
Injúria racial, que é o ato de ofender alguém em razão de sua cor, raça, etnia ou nacionalidade. A pena é de 2 a 5 anos e multa. O g1 tenta contato da defesa dela.
Maria Cristina de Araújo Rocha estacionou seu veículo próximo à residência do presidente por volta das 17h40 e tentou deixar uma coroa de flores no local, caçoando indiretamente da doença que petista enfrenta na cabeça e já está recuperado.
Ela chegou ao local em um carro com uma foto mostrando o ministro de Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, atrás das grades. Junto da foto havia o desenho de uma caveira e de uma ratazana.
Ao ser abordada por agentes do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República, ela chamou um dos agentes de “macaco”.
Ela foi levada para a Superintendência da Polícia Federal em São Paulo.
O carro dela ficou em frente da casa do presidente Lula até as 20h50. Ele foi removido por um guincho da Polícia Militar, após passar por inspeção dos agentes do GSI.