Uma tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) que pesava aproximadamente 50 quilos foi encontrada morta na Praia do Vera Cruz, em Mongaguá, no litoral de São Paulo. Conforme apurado pelo g1, o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) considera a espécie como vulnerável à extinção. O Instituto Biopesca informou, nesta sexta-feira (25), que não foi possível apontar a causa da morte diante do estado avançado de decomposição do cadáver.
Um grupo de moradores acionou o Instituto Biopesca após encontrar o corpo do animal na praia do bairro Vera Cruz, na tarde da última quarta-feira (23). De acordo com a organização, a tartaruga era fêmea, pesava aproximadamente 50 kg e tinha 99,3 centímetros de comprimento.
Segundo o instituto, o animal encalhou na faixa de areia e foi recolhido à Unidade de Estabilização de Animais Marinhos da própria organização, em Praia Grande (SP). O exame de necropsia foi realizado no local.
O Instituto Biopesca pontuou que a tartaruga já estava em "avançado estado de decomposição" quando foi encontrada. Ainda segundo a entidade, a integridade física do animal estava comprometida, o que impossibilitou verificar a causa de sua morte.
Instituto Biopesca
Trata-se de um dos executores do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS), atividade que avalia os possíveis impactos da produção e escoamento de petróleo e gás natural na Bacia de Santos, conduzido pelo Ibama.
A ação monitora o impacto das atividades sobre as aves, tartarugas e mamíferos marinhos, por meio do monitoramento das praias e do atendimento veterinário aos animais vivos e necropsia dos encontrados mortos.
O projeto é realizado desde Laguna (SC) até Saquarema (RJ), sendo dividido em 15 trechos. No trecho entre Peruíbe e Praia Grande, o Instituto Biopesca pode ser acionado pelo telefone 0800 642 3341.
Espécie
A tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) é uma espécie migratória e de distribuição global. Segundo o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), esses animais apresentam ciclo de vida longo, com maturação sexual média de 32 anos e tempo geracional estimado em 46 anos.
As principais ameaças no passado, que quase interromperam o ciclo biológico da espécie, foram a coleta de ovos e o abate de fêmeas nas áreas de reprodução, o que, de forma geral, não acontecem mais, ainda segundo o Instituto.
A maior ameaça atualmente é a captura incidental na pesca, impactando todas as classes etárias. Além disso, a ocupação desordenada do ambiente costeiro, a poluição e as atividades portuárias e de petróleo e gás, também afetam negativamente as populações.
Vulnerável à extinção
Ainda segundo o ICMBio, apesar do declínio acentuado ocorrido no passado, iniciativas de conservação, estabelecidas desde a década de 1980, resultaram no início da recuperação destas populações.
Entretanto, de acordo com o o ICMBio, não se pode assegurar a continuidade dessa recuperação, tendo em vista a mortalidade contínua de animais decorrente do incremento das ameaças atuais, e dos estudos de tendência populacional não cobrirem ainda um período geracional.
Um estudo realizado pelo instituto apontou uma queda da população da espécie estimada em mais de 50% nos últimos 138 anos, feitos com dados estimados para o período anterior. Por isso, a espécie foi categorizada como vulnerável à extinção.