A queda de um avião monomotor que causou a morte de cinco pessoas em Jaboticabal (SP) completa um ano nesta segunda-feira (23). No dia 23 de dezembro de 2023, a aeronave despencou de bico na Praça do Trenzinho e pegou fogo em seguida. Todos os ocupantes, sendo três adultos, uma criança e uma adolescente, eram da mesma família e morreram na hora.
Nos últimos dias, o g1 conversou com autoridades para entender como estão as investigações da tragédia. A principal expectativa deste momento está na conclusão do laudo do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB) que apura as causas do acidente.
O delegado Oswaldo José da Silva, que está à frente das investigações da Polícia Civil, afirmou que, durante este último ano, ouviu testemunhas do caso, mas que, para concluir o inquérito, depende das conclusões do Cenipa. Até agora, segundo ele, por falta de provas, nenhuma pessoa foi responsabilizada.
"Preciso dos laudos para saber quais passos eu vou tomar. Ver se o laudo é conclusivo, o que ele fala, se tem alguma sugestão. As testemunhas que foram arroladas por ocasião do registro da ocorrência foram ouvidas, foram juntados os laudos do Instituto Médico Legal [IML] e agora estamos na dependência desses laudos [do Cenipa] para concluir a investigação", disse.
No dia do acidente, um boletim de ocorrência foi registrado como morte suspeita por meio acidental, mas isso pode mudar, a depender do que for apurado no decorrer das investigações. O delegado destacou, ainda, que irá pedir ao Cenipa a aceleração das análises.
"Vou aproveitar e mandar correspondência para pedir a aceleração da conclusão das investigações, para encaminhar para a gente", afirmou.
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O que diz o Cenipa?
A reportagem também procurou o Cenipa, que se pronunciou por meio de uma nota em que confirma que o acidente em Jaboticabal segue sob investigação.
"O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) informa que está em andamento a investigação da ocorrência envolvendo a aeronave de matrícula PT-ZVL, no dia 23 de dezembro de 2023, no município de Jaboticabal (SP)", cita comunicado.
O órgão não detalhou o que falta para concluir as análises das causas da queda do monomotor, mas garantiu que elas são feitas no menor tempo possível. No site onde o Cenipa atualiza o andamento das investigações, consta que a aeronave ainda não foi liberada para os responsáveis por ela e segue sendo periciada.
"A conclusão dessa investigação terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes. O Cenipa tem por objetivo investigar as ocorrências aeronáuticas, de modo a prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram", complementa nota.
À época da tragédia, especialistas apontaram que o mau tempo e o excesso de passageiros – cinco pessoas eram transportadas em vez de quatro - possam ter comprometido a atuação do piloto. O livro de bordo e amostras de combustível, além de imagens de câmeras de segurança, foram recolhidas e auxiliam no trabalho dos peritos.
Veja momento em que avião cai em praça de Jaboticabal, SP
Queda de monomotor
O monomotor partiu de Monte Alto (SP), por volta das 8h do dia 23 de dezembro, em direção a Fernandópolis (SP), onde embarcou a família. Na volta para Monte Alto, caiu sobre a Praça do Trenzinho, em Jaboticabal.
Morreram na queda o empresário e dono da aeronave Delcides Menezes Tiago, de 65 anos, Renata Garcia Nogueira, de 39 anos, Edson da Silva Teles, de 42 anos, Eduarda Garcia da Silva, de 17 anos, e José Ricardo Nogueira Teles, de 5 anos. A adolescente e o menino eram, respectivamente, sobrinha e filho de Renata e Edson.
Imagens feitas por câmeras de segurança mostram a aeronave despencando de bico em direção ao chão. Por outro ângulo, é possível ver o início do incêndio no monomotor logo após a queda na Praça do Trenzinho.
No dia do acidente, moradores relataram que perceberam falhas no funcionamento do motor do avião de pequeno porte.
A aeronave, um monomotor RV-10, prefixo PT-ZVL, foi fabricada em 2012 e tinha capacidade para o piloto e mais três passageiros. De categoria experimental, ou seja, montada pelo próprio comprador, estava regular na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) e seu uso era exclusivamente particular.