Navio naufragado nos anos 1950 vira atração turística em praia de Florianópolis
A Praia do Pântano do Sul, em Florianópolis, é a mais poluída por microplásticos do Brasil. O dado, que se refere às partículas de plástico de até 5 milímetros consumidas pelos animais marinhos, foi divulgado pela Ong Sea Shepherd Brasil em parceria com o Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP).
O Pântano do Sul também lidera os índices de presença de macrorresíduos e macroplásticos. Apesar de acumular maiores índices dos resíduos plásticos, a orla é própria para banho de mar, conforme as últimas quatro análises do Instituto do Meio Ambiente (IMA), elaboradas entre abril e maio deste ano (confira nota do órgão no final da reportagem).
O mesmo documento aponta a Praia do Rizzo, na região continental da capital de Santa Catarina, como terceira no ranking de poluição. Com isso, Florianópolis é a terceira cidade do país com a maior densidade de microplástico por metro quadrado (veja gráfico mais abaixo).
A pesquisa foi divulgada na quinta-feira (19). Foram 16 meses de expedição, 7 mil quilômetros percorridos, 306 praias e 201 municípios visitados.
5 cidades com maior densidade de microplástico por metro quadrado do Brasil
Cidade | Quantidade por m² |
Mongaguá, SP | 83.0000 |
Conceição da Barra, ES | 44.0000 |
Florianópolis, SC | 43.3333 |
Arroio do Sal, RS | 43.0000 |
Natal, RN | 39.8333 |
Conforme o relatório, a poluição do oceano causada por plásticos é descrita pela Organização das Nações Unidas (ONU) como um dos maiores problemas ambientais da história. Segundo o estudo, 100% das praias analisadas do Brasil contêm resíduos plásticos.
Microplásticos foram encontrados em 97% dos locais analisados. Do total de poluentes, 91% são plásticos, sendo 61% itens descartáveis, como tampas de garrafa. Entre os macrorresíduos (leia mais abaixo), o maior volume encontrado foi o de bitucas de cigarro.
Os detritos entram facilmente na cadeia alimentar por animais que se alimentam no oceano. Em 2023, o Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC) já havia detectado glitter e microplástico em ostras e mariscos. O estado é o maior produtor dos mexilhões no país.
A reportagem questionou se a prefeitura da Capital possuiu iniciativas para mitigar os efeitos dos resíduos. Em nota, o município disse apenas que os microplásticos "não são necessariamente resultado de poluição local, mas sim de resíduos transportados por correntes oceânicas oriundas de outras regiões" (leia a nota no fim do texto).
📍Onde ficam
A Praia do Pântano do Sul fica no extremo Sul da Ilha de Santa Catarina. Com mar calmo, o balneário ainda preserva tranquilidade e é um dos locais mais tradicionais da cidade, com forte influência açoriana.
Já a Praia do Rizzo está localizada no bairro Coqueiros, local de muita movimentação residencial e de empresas. O Instituto do Meio Ambiente (IMA) não faz análises de balneabilidade no local. O g1 questionou a prefeitura da Capital se o local é próprio para banho, mas não houve retorno.
Praias mais poluídas
- 🤔🏖️ Macrorresíduos são, por exemplo, objetos como cigarros.
5 praias com maior densidade de macroressíduos plásticos por metro quadrado do Brasil
Praia | Cidade/Estado | Quantidade por m² |
Pântano do Sul | Florianópolis (SC) | 17.04 |
Praia das Vacas | São Vicente (SP) | 11.91 |
Itaquitanduva | São Vicente (SP) | 9.32 |
Praia Costa Azul | Jandaíra (BA) | 6.20 |
Praia de Santa Rita | Extremoz, RN | 5.67 |
- 🤔🏖️ Macrorresíduos de plástico (macroplásticos) são plásticos maiores.
5 praias com maior densidade de microplástico por metro quadrado do Brasil
Praia | Cidade/Estado | Quantidade por m² |
Pântano do Sul | Florianópolis (SC) | 144.1667 |
Praia do Centro | Mongaguá (SP) | 83.0000 |
Praia do Rizzo, Florianópolis, SC | Florianópolis (SC) | 78.6667 |
Praia do Botafogo | Rio de Janeiro (RJ) | 55.6667 |
Mariluz | Imbé (RS) | 51.0000 |
- 🤔🏖️ Microplásticos são partículas de até 5 milímetros.
5 praias com maior densidade de macrorresíduos por metro quadrado do Brasil
Praia | Cidade/Estado | Quantidade por m² |
Pântano do Sul | Florianópolis (SC) | 17.21 |
Praia das Vacas | São Vicente (SP) | 13.35 |
Itaquitanduva | São Vicente (SP) | 9,58 |
Praia Costa Azul | Jandaíra (BA) | 7.10 |
Praia de Santa Rita | Extremoz (RN) | 6.00 |
Como foi feito o estudo
Chamado de 'Expedição Ondas Limpas', o monitoramento usou a metodologia científica conforme o protocolo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEP em inglês) para a coleta de dados. As amostras foram analisadas em laboratório.
Para uma análise mais precisa e comparável entre as diferentes regiões, a pesquisa usou uma abordagem que considera a densidade de resíduos por unidade de área, permitindo uma comparação mais justa entre as áreas mais e menos poluídas. O estudo foi patrocinada pela Odontoprev.
O que diz a prefeitura
Confira abaixo a nota da Prefeitura de Florianópolis na íntegra.
A Prefeitura, por meio Secretaria municipal de meio ambiente sustentável, explica que os microplásticos nas praias não são resultado de poluição local, mas sim de resíduos transportados por correntes oceânicas oriundas de outras regiões. O próprio estudo revela que as praias mais afetadas são as mais isoladas e protegidas. Plásticos descartados de forma inadequada em outras regiões do globo terrestre se fragmentam e chegam às praias, mesmo que estas não sejam poluídas diretamente. Lembramos que a praia do Pântano do Sul tem sua qualidade de água própria para banho, apresentando balneabilidade própria ao longo de todo ano.
O que diz o IMA
Sobre a balneabilidade da praia do Pântano do Sul, o IMA informou que:
O monitoramento da balneabilidade que o IMA faz segue os critérios de balneabilidade em águas brasileiras, exigidos pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), e tem o objetivo de informar aos banhistas os pontos considerados seguros, do ponto de vista sanitário, também serve para auxiliar os gestores municipais na área de saneamento básico, na tomada de decisões sustentáveis e em relação à necessidade de se investir em ações voltadas ao esgotamento sanitário, sejam elas estruturais ou estruturantes, preventivas ou corretivas.
A água é considerada: Própria: quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras coletadas nas últimas 5 semanas anteriores, no mesmo local, houver no máximo 800 Escherichia coli por 100 mililitros. Imprópria: quando em mais de 20% de um conjunto de amostras coletadas nas últimas 5 semanas anteriores, no mesmo local, for superior que 800 Escherichia coli por 100 mililitros ou quando, na última coleta, o resultado for superior a 2000 Escherichia coli por 100 mililitros.
Portanto, são análises diferentes. O monitoramento realizado pelo IMA considera, em especial, a qualidade sanitária das águas buscando informar aos usuários a propriedade ou impropriedade, do ponto de vista sanitário.