'Síndrome do pinguim encalhado' pode ter causado mortes de 60 aves no litoral de SC, diz projeto

Animais foram encontrados nas areias de Bombinhas. Desgaste da migração debilita os animais, que enfrentam longas viagens neste período do ano.

Por Joana Caldas, g1 SC


Pinguins encontrados mortos na areia em Bombinhas — Foto: PMP-BS/Univali Penha

Um total de 62 pinguim-de-Magalhães foram encontrados mortos em praias de Bombinhas, no Litoral Norte de Santa Catarina, na quinta-feira (10). As informações são do Projeto de Monitoramento de Praias da Universidade do Vale do Itajaí (Univali). Segundo a entidade, eles podem ter sofrido a "síndrome do pinguim encalhado", quando essas aves ficam muito debilitadas após viagens migratórias.

A maioria dos animais estava em avançado estágio de decomposição, conforme a entidade. Por causa disso e do plano de contingência para a gripe aviária, não foi possível identificar a causa da morte dos pinguins encontrados.

Também não é possível dizer se essas aves estão com a doença, que em julho registrou o primeiro caso da história em Santa Catarina. Até o momento são nove confirmações, sendo duas em pinguins.

“Não temos confirmação se esses animais têm gripe aviária por conta que eles não foram testados. Os animais encalharam mortos e o protocolo não contém testes em animais já mortos na praia", explicou a gerente operacional do projeto no trecho da Univali, Bruna Pissaia.

60 pinguins-de-magalhães foram encontrados mortos em Bombinhas

O plano de contingência exige que o animal morto seja enterrado logo. Isso é feito para diminuir a chance de contágio e dispersão do vírus, conforme a gerente.

A maior parte dos animais encontrados mortos em Bombinhas estavam nas praias de Mariscal e Bombas.

Síndrome

Pissaia ressalta que é comum essas aves aparecerem mortas no litoral catarinense. "A mortalidade de pinguins nesta época do ano é normal. Todo o ano a temos um número expressivo de encalhe desses animais".

E falou mais sobre a síndrome. "Isso é em decorrência de vários fatores. Eles fazem uma viagem migratória, acabam chegando muito debilitados".

Pinguim encontrado morto em Bombinhas — Foto: PMP-BS/Univali Penha

"São acometidos por doenças, chegam com baixo peso, hipotérmicos, podem ter pego tempo severo lá fora. O grau de debilidade deles é muito alto, então acaba que eles já encalham mortos. Os que encalham vivos chegam muito debilitados. A taxa de sobrevivência acaba sendo baixa também", finalizou.

Os corpos serão enterrados. "No começo do monitoramento, a gente enterrou alguns, mas, devido ao número expressivo de encalhes que tínhamos que registrar, optou-se por marcar esses animais, deixar em campo e a gente pediu o apoio da prefeitura de Bombinhas e eles nos deram apoio com a equipe deles de limpeza de praia para estar fazendo o recolhimento e dando destinação para as carcaças", relatou a gerente.

O g1 entrou em contato com a prefeitura para saber sobre o plano de limpeza da praia e não havia obtido retorno até a última atualização desta reportagem.

A Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) informou que não foi notificada sobre os pinguins mortos em Bombinhas.

Números

O projeto mantém os números de animais encontrados mortos no trecho monitorado por eles, de Barra Velha, no Litoral Norte, até Governador Celso Ramos, na Grande Florianópolis.

"Toda a temporada que inicia em meados de maio até setembro, outubro, em novembro às vezes aparecem alguns animais. Mas o auge mesmo da temporada dos pinguins aqui para nós é entre junho e agosto, setembro", explicou a gerente.

Confira abaixo os números dos três anos mais recentes dos pinguins-de-Magalhães encontrados mortos no trecho entre Barra Velha e Governador Celso Ramos de 1º de maio e 11 de agosto.

Número de pinguins-de-Magalhães encontrados mortos

2023 2022 2021
254 170 122

O que fazer se encontrar uma ave morta na praia

Como Santa Catarina está em estado de emergência por causa da gripe aviária, o projeto divulgou orientações para quem encontrar uma ave morta na praia. Confira:

  • chame as equipes do Projeto de Monitoramento de Praias pelo telefone 0800 642 3341, informando o local do encalhe;
  • evite se aproximar do animal, pois isso pode estressá-lo e pior a condição de saúde dele
  • não tente fazer carinho no animal, isso pode incomodá-lo;
  • não toque no animal e não tente devolvê-lo para a água, já que ele provavelmente está debilitado
  • não tente alimentar o animal;
  • caso o animal esteja morto, não toque nele e não o remova.

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