É verdade que tem mais boi no Brasil do que pessoas? E em Santa Catarina?

Confira 10 curiosidades sobre o segmento de bovinos no Estado

Por Agro 5.0


O Brasil tem mais bois do que pessoas. O efetivo bovino atingiu 234,4 milhões de cabeças ao final de 2022, conforme a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBGE, enquanto o Censo 2022 mostra que a população do Brasil chegou a 203,0 milhões de pessoas. A nível local, a realidade difere. O número de pessoas somou 7,6 milhões, mas os rebanhos bovinos totalizaram 4,4 milhões de cabeças.

Além da venda de carne in natura para o mercado interno e externo, a produção leiteira contempla uma das principais atividades relacionadas a essa cadeia no estado. Assim como a ordenha do leite, a produção de itens relacionados, como queijos, fomenta toda uma cadeia produtiva de itens artesanais e manufaturados, distribuídos em feiras ou para cooperativas e grandes redes.

A cadeia produtiva do leite padece de um pouco mais de atenção, pois desse meio dependem inúmeras famílias, que geram emprego e garantem a permanência das gerações mais jovens na sucessão familiar e mantém a produção rural como uma via econômica,, avalia a Associação Catarinense de Criadores de Bovinos (ACCB).

Elencamos 10 das curiosidades sobre o rebanho bovino no estado, confira:

Quais as principais raças de bovinos em Santa Catarina?

As principais raças de leite produzidas em SC são Holandês e Jersey, informa a Associação Catarinense de Criadores de Bovinos (ACCB), entidade sem fins lucrativos detentora da emissão de Registro Genealógico em todo território catarinense, que fomenta o serviço de Controle Leiteiro Oficial e Classificação Linear das Raças.

Enquanto isso, entre janeiro e setembro deste ano, os leilões de touros em Santa Catarina que tiveram valores mais expressivos foram de raças como Angus, Braford, Brahman, Brangus, Charolês, Devon, Hereford, Limousin, Nelore e Simental. As informações são de estudo do projeto de extensão permanente desenvolvido pela Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) “Conexão Udesc e Produção Animal”. Os trabalhos possuem coordenação do professor Diego de Córdova Cucco.

Qual é a produção de bovinos?

Entre janeiro a agosto deste ano, foram abatidos 395,5 mil bovinos em Santa Catarina, uma diminuição de 4,2% na comparação com montante no mesmo intervalo do ano passado, conforme dados da Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc), sistematizados pelo Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola (Cepa) da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri) e divulgados no Observatório Agro Catarinense. No ano passado, foram abatidas 738,7 mil cabeças.

Além disso, para o leite, o estado contempla 9,1% da produção nacional, totalizando 3,2 bilhões de litros produzidos em 2022, segundo o IBGE.

O quanto o estado catarinense exporta de bovinos?

No acumulado de 2023 até o fim de agosto, o estado de Santa Catarina exportou 790,6 toneladas de carne bovina, com receitas de US$ 2,8 milhões, quedas de 48,0% e de 56,6%, respectivamente, em relação às exportações do mesmo período de 2022, conforme o Boletim Agropecuário de setembro da Epagri.

São aproximadamente quantas propriedades e animais no Estado?

De acordo com a Cidasc, o estado conta com 234 mil propriedades agropecuárias, sendo 187 mil delas com bovinos. O efetivo de rebanhos bovinos era de 4,4 milhões de cabeças ao final do ano passado, segundo tabelas técnicas da PPM do IBGE. Já o número de vacas ordenhadas era de 834,6 mil. Segundo a Cidasc, do rebanho total em 2022, 74,3% dos animais eram fêmeas e 25,7% machos.

Como é a distribuição nas propriedades?

A produção ocorre em diversas propriedades, mas as áreas de maior concentração estão, de forma geral, no planalto Serrano e Meio Oeste. “Esse mapa é gerado a partir do nosso banco de dados, onde o azul mais escuro significa maior densidade e o azul mais claro menor densidade”, destaca a coordenadoria regional da defesa sanitária animal da Cidasc de Chapecó.

Enquanto 32,7 mil produtores destinaram animais para abates em estabelecimentos com inspeção no ano passado, os abates para autoconsumo, por sua vez, foram realizados por 51,1 mil produtores em 2022, de acordo com a Cidasc.

O que falta para maior difusão da produção?

A Associação Catarinense de Criadores de Bovinos (ACCB) aponta uma série de fatores que podem auxiliar a elevar a produção no estado, incluindo a redução de propagação de notícias falsas sobre a produção leiteira e realização de marketing positivo a respeito da produção e investimentos que o produtor rural realiza para o conforto e bem-estar dos animais.

“Precisamos incentivar as novas gerações para que saibam como é produzido o leite, a fim de aumentar o consumo, que atualmente apresenta redução significativa. Ainda, é necessário reduzir o êxodo rural, fortalecendo o pequeno e médio produtor, incentivando as novas gerações a permanecerem nas atividades e fomentar a tecnificação”, afirma o presidente da entidade, Enedi Zanchet.

Ações individuais do produtor também contribuem, como melhorar a eficiência da produção, seleção de animais eficientes no rebanho.

Quais os principais pleitos do setor hoje?

Entre as demandas levantadas na última manifestação dos produtores juntamente com a ACCB, estão a garantia de um preço mínino e freio a importações de leite dos países vizinhos do Mercosul, a ponto de não interferir negativamente no mercado nacional brasileiro.

“É preciso importar somente se de fato for necessário para atender a demanda por escassez interna. Quando importado do Conesul, que seja obrigatoriamente identificado no rótulo, garantindo a rastreabilidade”.

Além disso, os produtores almejam a criação de um fundo para fixar subsídio para momentos de crise, que pode ser investido diretamente ao produtor.

Quando necessário importar leite ou derivados, a entidade sugere que seja de qualidade comprovada, através de análises de laboratórios credenciados ao Ministério da Agricultura (Mapa), ou órgão de defesa sanitária animal estadual, e em condições de preço idênticas às brasileiras.

De acordo com a associação, o Mapa e as Secretarias de Agricultura deveriam investir em marketing positivo, mostrando os cuidados com saúde, nutrição e bem-estar animal.

O governo federal poderia aumentar o aporte de valores dos sistemas “S” para projetos de inovação tecnológica e reduzir os impostos que incidem diretamente ao produtor, no entendimento da entidade.

8. Quais as principais mudanças na produção nos últimos anos?

Ao longo dos anos, a produção leiteira vem passando por transformações e vem avançando nas tecnologias utilizadas no meio rural. No entanto, Patricia Geraldo, superintendente técnica da ACCB, acredita que ainda estão presentes muitas fazendas com baixa produtividade e com pouco investimento em tecnificação, fatores que interferem nos índices produtivos.

“Cada vez mais o mercado disponibiliza novas possibilidades de sistema de alta tecnologia, como por exemplo as ordenhadeiras robotizadas, informatizadas e digitais que oferecem relatórios completos dos animais enquanto desenvolvem o trabalho que antes era manual. Sistema estes, que além de se manterem operacionais por 24 horas, permitem que os animais escolham o momento que julguem mais ideal para que sejam ordenhados, gerando benefícios para o bem-estar do animal e redução da mão de obra”.

A responsável técnica cita ainda outras tecnologias que estão atualmente sendo difundidas nas fazendas, como o uso de colares com sensores que detectam comportamentos atípicos dos animais, processam os dados e enviam as informações para aplicativos, capazes elaborar relatórios, que contribuem no gerenciamento das ações nas propriedades, além de investimentos em melhoramento genético e nutrição animal.

9. Como a tecnologia é utilizada para monitoramento de raças e melhoramento animal?

Os softwares ganham espaço nas propriedades contribuindo na gestão das fazendas e possibilitando que as informações sejam concentradas, gerando mais assertividade na escolha das melhores decisões de manejo, nutrição, reprodução, e gerenciamento financeiro, acredita a ACCB.

“Esses softwares são utilizados, inclusive no serviço de Registro Genealógico das raças, como nosso caso, Raça Holandesa e Raça Jersey, permitido que o criador tenha em ao seu alcance uma ferramenta para gerenciar rebanho que possibilite a seleção de animais eficientes, longevos”, completa Patricia Geraldo.

Dentro de melhoramento animal, o mercado dispõe de biotecnologias que na maioria das vezes são utilizadas por rebanhos de alto padrão genético, como é o caso da genômica, IATF (Inseminação em Tempo Fixo), TE (Transferência de Embriões), FIV (Fertilização In Vitro), pela necessidade de investir em mão de obra e sistema especializado.

10. A nutrição animal também pode ser beneficiada pela tecnologia?

Abrangendo também o mercado de nutrição, os avanços são constantes no desenvolvimento de sistemas que favorecem o melhor aproveitamento de pastagens em diferentes condições das diversas regiões brasileiras, além de suplementações diretas aos bovinos, completa a ACCB.

“Os sistemas intensivos aliados aos demais investimentos contribuem no aumento da produção e conforto térmico das vacas, como é o caso do Free-stall, compost barn e cross ventilation. Porém devemos sempre destacar que a melhor tecnologia é a que o produtor consegue aderir sem comprometer o gerenciamento financeiro do seu negócio”, completa a técnica da entidade.

A maioria dos produtores de pequeno e médio porte necessitam de subsídios para investir em tecnologias e melhorar seu desempenho produtivo, no entanto.

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