Ações para enfrentar as mudanças climáticas
O município de Caxias do Sul, na Serra do Rio Grande do Sul, tem investido na construção de grandes reservatórios de água, conhecidos como piscinões, como uma medida para mitigar os impactos da chuva e prevenir alagamentos.
Esses reservatórios, que já evitaram invasões de água em residências, são parte da estratégia do município de trabalhar com o conceito de "cidade-esponja", afirma o diretor do Instituto de Saneamento Ambiental da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Juliano Gimenez.
"É possível pensarmos em estruturas que permitam essa condição de uma forma mais inteligente, desde praças, canteiros, até os próprios calçamentos com estruturas permeáveis ou semipermeáveis, para permitir essa condição de esponja. E isso termina trazendo para a cidade uma característica mais ampliada de sustentabilidade e resiliência", comenta.
Atualmente, seis reservatórios ajudam a controlar inundações na cidade, armazenando grandes volumes de água da chuva e liberando-a gradualmente através de uma tubulação menor. O maior deles armazena até 27 milhões de litros de água, prevenindo alagamentos em quatro bairros da cidade.
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Esse processo evita que a água se acumule rapidamente em áreas vulneráveis, prevenindo danos significativos. O município planeja implantar mais quatro reservatórios na cidade.
"É uma segurança que tem para os bairros", afirma o secretário de Obras de Caxias do Sul, Norberto Soletti.
Caxias do Sul registrou nove dos 175 óbitos em decorrência da cheia no Rio Grande do Sul no mês de maio.
Pesquisas climáticas
Pesquisadores estão conduzindo estudos detalhados sobre como diferentes setores de Caxias do Sul se comportam e contribuem para as mudanças climáticas. Neide Pessin, pró-reitora de Inovação da UCS, destaca que os estudos abrangem uma ampla gama de indicadores, desde infraestrutura até água, energia e planejamento territorial.
"Temos também um trabalho fantástico que vem ao encontro disso, que é avaliar a cidade sob a perspectiva da resiliência. Quanto as cidades hoje estão preparadas a respostas desses estresses que podem ser enchentes, mas que podem ser incêndios, que podem ser secas, que podem ser vendavais, que podem ser furacões, que podem ser qualquer outra situação que a gente possa enfrentar", explica Neide.
Para auxiliar nesse diagnóstico, sensores foram instalados em prédios públicos e praças, permitindo o monitoramento em tempo real de dados como temperatura, umidade, luminosidade e níveis de gases no ar.
Letícia Moratelli, engenheira ambiental da Secretaria de Meio Ambiente, destaca a importância de rever leis e o plano diretor para adaptar a cidade às novas realidades climáticas:
"A gente tem um novo normal climático e que a gente precisa agir nesse sentido de proteger as populações, a gente não pode perder vidas e também não perder a infraestrutura", comenta Letícia.
Desde o ano passado, Caxias do Sul trabalha na elaboração de um Plano de Ação Climática. Com a participação de 42 servidores de diferentes secretarias e organizações ligadas aos serviços públicos, o plano busca atualizar normas e prever ações a curto, médio e longo prazos.