Polícia investiga morte de estudante durante pesquisa de campo na capital
A estudante de Arquitetura da UFRGS Sarah Silva Domingues, de 28 anos, que foi morta enquanto fazia uma pesquisa de campo na Ilha das Flores na terça-feira (23), não era o alvo dos tiros, segundo a Polícia Civil. Além de Sarah, um homem, de 53 anos também foi morto. Ninguém foi preso.
O homem morto tinha antecedentes criminais por porte de armas e ameaça, e seria o alvo do ataque. Ele não teve a identidade divulgada. A Polícia não divulga mais detalhes da investigação para não atrapalhar a busca pelos autores do crime.
Segundo colegas de faculdade, Sarah estava fazendo uma atividade para o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) quando foi atingida pelos disparos. A ida até a Ilha das Flores fazia parte da pesquisa da universitária. Ela estaria fazendo registros fotográficos da região. O trabalho seria entregue no próximo mês.
"Ela não morreu em vão. Ela é vítima da violência nas periferias que vivenciamos todos os dias. E ela lutava e estudava por justiça social, inclusive o trabalho de graduação dela era sobre isso", afirmou Helena Andrade Ew, colega e amiga da estudante.
A família de Sarah é de São Paulo e veio a Porto Alegre na quarta-feira (24) para liberação do corpo, conforme amigos da estudante. O velório será na quinta-feira (25), na sede da Faculdade de Arquitetura. Depois, o corpo será levado a São Paulo para o enterro.
A UFRGS lamentou a morte da aluna. "A Administração Central da Universidade expressa solidariedade aos familiares, amigos e colegas de Sarah", diz nota publicada no site da instituição.
Estudante da UFRGS é morta enquanto durante pesquisa para TCC
As mortes
De acordo com o 9º Batalhão de Polícia Militar (9º BPM), Sarah estava em frente a um mercadinho da região. Moradores relataram que dois homens em uma moto chegaram no local. Eles desceram do veículo e atiraram contra a estudante.
Na sequência, os suspeitos entraram no estabelecimento e balearam o homem. Ele e Sarah morreram na hora, informou a BM.
A mulher do homem que foi assassinado estava nos fundos do local e sobreviveu. Ela disse à BM que o marido não tinha desavenças ou inimizades que pudessem motivar o crime.
Liderança estudantil
Segundo a UFRGS, a jovem era militante do movimento estudantil. Ela foi coordenadora do Diretório Central dos Estudantes (DCE), diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE) e integrou o Conselho Universitário da UFRGS.
"Tinha várias chamadas do namorado dela. Quando atendeu, ele disse que tinham matado a Sarah", disse Everaldo Oliveira, coordenador-geral do Diretório Central de Estudantes (DCE) da UFRGS.
Entidades estudantis manifestaram pesar pela morte. "Toda nossa solidariedade à família, amigos e companheiros de luta de Sarah", publicou o perfil da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) em uma rede social.