Estações do BRT são controladas pela milícia na Zona Oeste do Rio
Em 16 quilômetros de extensão, 21 estações. Tudo na mira da milícia. Investigações do Ministério Público estadual dão conta que milicianos assumiram estações do BRT Transoeste, que liga a Barra da Tijuca até Campo Grande, passando por Santa Cruz, todas na Zona Oeste da cidade. De acordo com informações do MP, o trecho entre os terminais de Santa Cruz e Campo Grande, na Zona Oeste da cidade, é o mais complexo, como mostrou o RJTV nesta segunda-feira (29).
"Há informações sobre isso, sim. A milícia está tomando conta das estações do BRT, especialmente as menos visadas", afirmou o promotor Luiz Antônio Ayres.
O RJTV também teve acesso ao relato de uma das testemunhas ao Ministério Público. Aos promotores, numa mensagem pela internet, ela escreve:
"O que ocorre é que para não cair o negócio com o transporte alternativo, vans, milicianos ameaçam todos os motoristas, despachantes e diretores do BRT, na Linha Campo Grande - Santa Cruz".
As ameaças ocorrem, principalmente, nos horários de maior movimento: entre 5h até 8h, e à tarde, das 17h às 20h.
Relato de testemunhas que não querem se identificar
- "É um terror pegar o BRT nestes horários. O que ocorre para não cair o negócio com o transporte alternativo, vans. É o bando dele mandando ameaçar todo os motoristas, os despachantes e os diretores do BRT".
- "Nos horários de maior movimento, as vans lotam aumentando o seu faturamento, e o Detro está sendo corrupta recebendo propinas, enfim, todo os dois batalhões estão fazendo vista grossa para o caso. É um terror para pegar o BRT. Sem contar que os outros problemas, que se ocorre: homicídios com ocultação de cadáveres, prostituição de menores e vários outros crimes".
O promotor Luiz Ayres disse que um ofício foi expedido, no fim do ano, para a secretaria municipal de Transportes. Um ofício semelhante também foi enviado para a Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco).
"As milícias definem quantas pessoas podem entrar, em quais horários podem entrar, quem pode entrar. Quem vai pagar, quem pode não pagar. Nós recebemos essas informações".
Além da milícia, três estações: Cesarão I, II e III também sofrem com o crime: nestas quem manda são os traficantes.
"Nós temos trechos que são críticos. Em alguns, temos dificuldade até de conseguir um profissional para trabalhar no trecho. Temos trechos em que as estações todas estão sob pressão do ambiente externo. Porque a situação é de uma situação de segurança pública. Lá, não temos controle. Continuamos atuando praticamente de graça", disse Suzy Ballousier, diretora de relações institucionais do BRT.
Constantemente, os ônibus do BRT precisam de manutenção. O asfalto está cheio de buracos aumentando o número de veículos quebrados. A administração do BRT afirma que são gastos R$ 60 milhões com o vandalismo e a parte mecânica. Segundo cálculos da concessionária, daria para comprar 65 veículos.
A Polícia Militar diz que há um convênio com o BRT e que as estações patrulhadas são determinadas pela concessionária. A Polícia Civil disse que as investigações são sigilosas.
Ao RJ2, a assessoria da secretaria de Transportes informou que o secretário Rubens Teixeira não conversaria ao vivo com a equipe de reportagem.