Universidade do Rio recupera animais vítimas de incêndios florestais no estado

Centro da Estácio atende de jaguatirica a cobra.

Por Francini Augusto, Natália Oliveira, Bom Dia Rio


Universidade do Rio recupera animais vítimas de incêndios florestais no estado

Os últimos incêndios em áreas de mata no RJ causaram muito sofrimento a animais silvestres. Grupos de resgate e veterinários de instituições ambientais têm feito um mutirão para salvar vidas e devolver os bichos à natureza.

No Centro de Recuperação de Animais Selvagens da Universidade Estácio de Sá, em Vargem Pequena, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, uma das histórias de recuperação é de uma jaguatirica que praticamente nasceu no meio das chamas, em Resende, no Sul Fluminense, em setembro.

A felina foi resgatada ainda com o cordão umbilical e mal abria os olhos. Nem pesava meio quilo e inalou muita fumaça. “Ela fez uma inflamação grave no pulmão, mas a gente conseguiu salvá-la. Ela ganhou peso e está na fase do desmame”, explicou o veterinário Jeferson Pires.

“Tão logo ela consiga se alimentar, ela voltará à natureza, e o ideal é que não veja mais nenhum humano, até para manter esse instinto agressivo”, emendou.

Filhote de jaguatirica que sobreviveu ao fogo no Rio de Janeiro ganha peso e consegue se alimentar melhor — Foto: Wando Silva/ TV Globo
Filhote de jaguatirica foi resgatado em setembro do ano passado — Foto: Wando Silva/ TV Globo

Nem sempre os animais sobrevivem — caso de uma jiboia que chegou com queimaduras em 70% do corpo.

Porta-voz do Corpo de Bombeiros, o major Fábio Contreiras explicou que os danos a esses animais vão além da intoxicação e das queimaduras.

“Há o risco de a desidratação severa, com a perda de líquidos e eletrólitos. Durante a fuga desses incêndios, os animais também acabam se desorientando, caindo de locais íngremes e sofrendo ferimentos”, disse.

“O monitoramento dessas áreas continua. Só este ano, o Corpo de Bombeiros já foi chamado para cerca de 20 mil incêndios florestais”, lembrou Contreiras.

O espaço da Estácio abriga ouriços, urubus, preguiças, gambás, tamanduás e carcarás, cada um com uma história e cuidado diferente.

“O principal momento do ano em que recebemos mais animais é na primavera. Em setembro a gente chega a receber 150 animais num único dia”, contou Jeferson.

Apesar da vontade de ajudar e fazer a diferença na vida dessas espécies, o veterinário faz um alerta: sempre é preciso acionar o órgão responsável para um resgate correto e seguro.

“Por mais que você esteja querendo ajudar um animal desse, no entendimento dele é: ‘Vou virar comida’, e ele vai tentar se defender. Voce pode levar uma mordida, um arranhão, ter um trauma ou até mesmo sem querer levar esse animal a óbito”, ensinou o veterinário.

Jaguatirica que foi salva de incêndio no Rio de Janeiro é alimentada — Foto: Wando Silva/ TV Globo