Acho que o prêmio que mais me fez vibrar neste Emmy Awards 2022 foi o de melhor ator em minissérie para Michael Keaton. Ele está bom demais no papel do médico que vê sua vida e a da comunidade onde ele vive ser destruída por conta da epidemia de opioides na injustamente pouco aclamada "Dopesick" (Star +) - série que merecia bem mais que só o prêmio de melhor ator.
Mas a concorrência com a badaladíssima - e, sim, divertidíssima, embora bem menos genial do que querem fazer parecer - "The White Lotus" (HBO) foi cruel, e a minissérie sobre um resort de luxo no Havaí e o eterno privilégio dos brancos ricos levou quase tudo o que disputava, inclusive os merecidos prêmios de atriz (Jennifer Coolidge, excelente) e ator coadjuvantes (Murray Bartlett, também excelente).
Tirando que "WL" agora vai ter uma segunda temporada, então não é minissérie coisa nenhuma, mas quem se importa.
Aliás: é muita preguiça da tal academia, em pleno 2022, quando as minisséries já conquistaram tanta (ou mais) importância que as séries "normais", ainda existir a categoria meio genérica "ator de minissérie ou filme para a TV". Por favor, né.
Tirando isso, o que tenho a dizer sobre o, cof, Oscar da TV:
- queria muito que a incrível "Only Murders in the Bulding" (Star+) tivesse levado algum premiozinho de comédia - um de melhor ator para Steve Martin ou Martin Short teria sido perfeito; um prêmio de melhor roteiro também seria;
- fiquei um pouquinho aliviada que não sou só eu que acho "Better Call Saul" (Nefflix) totalmente pretensiosa e superestimada (desculpa, mundo), mas lamentei que nem a ótima Rhea Seehorn tenha levado nada;
- não sei se curti o prêmio para a Amanda Seyfried por "The Dropout" (Star+), mas talvez eu tenha visto entrevistas e documentários demais sobre a Elizabeth Holmes e não conseguiria achar nenhuma interpretação à altura dela;
- amei os troféus de melhor atriz de comédia (Jean Smart, que mulher!, perfeita em "Hacks", HBO Max) e drama (Zendaya drogadona não tem pra ninguém, ela realmente arrasa como a Rue de "Euphoria", na HBO); também acho que a Julia Garner ("Ozark", Netflix) merece sempre qualquer prêmio que ganhar;
- não vou negar que vibrei com os prêmios de melhor ator (Lee Jung-jae) e direção para "Round 6" (Netflix), série coreana que virou hit mundial com uma história original, viciante e impactante (se você não chorou no episódio da bolinha de gude você está morto por dentro, sorry);
- amei Quinta Brunson levando o prêmio de roteiro em comédia por "Abbott Elementary" (Star+), acho que essa série ainda vai dar aquela, hã, maturada e virar uma comédia excelente (as comédias, sabemos, quase sempre demoram pra achar o tom certo e conquistar nossos corações);
Por fim, eu amo "Ted Lasso" (Apple tv+) de todo o coração (e amo Jason Sudeikis e Brett Goldstein, premiados como ator e ator coajduvante pela série), mas acho honestamente que este ano "Barry" (HBO) talvez merecesse mais o prêmio de melhor comédia - acho a mesma coisa sobre "Hacks", na verdade. Isso sem falar na ausência gritante de "Reservation Dogs" (Star +). Mas ok.
Agora, achar que "Succession" (HBO) é o melhor drama produzido na TV (ou streaming) no ano é realmente muito deprimente. A série pode ter sido boa lá na primeira temporada, mas acabou virando uma novelona repetitiva, com episódios quase sempre iguais e diálogos zero verossímeis.
Num ano em que tivemos a excelente e viciante "Ruptura" (Apple tv+) e a maravilhosa e tristemente esquecida "Station Eleven" (HBO), dar um prêmio para "Succession" só serve para o Emmy continuar sendo aquele prêmio irritante de sempre (que a gente ama ver, mesmo assim).