PF começa a periciar celular de Braga Netto e equipamentos de coronel Peregrino

Material apreendido no sábado pode ajudar investigadores a esclarecer pontos do inquérito. Ex-ministro foi preso por obstrução de Justiça; Peregrino, seu ex-assessor, foi alvo de buscas.

Por Isabela Camargo, GloboNews — Brasília


Braga Netto pode pegar até 41 anos de prisão

Policiais federais já começaram a periciar o celular do general Braga Netto, ex-ministro do governo Jair Bolsonaro preso preventivamente desde o último sábado (14) em um desdobramento do inquérito sobre a tentativa de um golpe de Estado no país em 2022.

Os peritos também analisam os equipamentos apreendidos com o coronel da reserva Flávio Botelho Peregrino, alvo de buscas no sábado. Por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Peregrino não teve a prisão decretada.

A análise dos aparelhos é considerada uma etapa importante para buscar mais informações que ajudem a esclarecer como esse suposto plano golpista foi arquitetado.

Braga Netto foi preso no sábado por suspeitas de obstrução de Justiça – ou seja, de que teria agido para atrapalhar as investigações. Ele foi ministro da Defesa e da Casa Civil, além de candidato a vice-presidente na chapa de reeleição de Bolsonaro, derrotada em 2022.

Já o coronel Flávio Peregrino, alvo de buscas, passou por cargos no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), na Casa Civil e no Ministério da Defesa.

Braga Netto preso

Ao pedir a prisão preventiva, a PF argumentou, entre outras coisas, que o ex-ministro de Bolsonaro atuou para atrapalhar as investigações.

E que a sua liberdade representaria um risco à ordem pública devido à possibilidade de voltar a cometer ações ilícitas.

Os investigadores apontaram "fortes e robustos elementos de prova" de tentativas de Braga Netto em pressionar membros das Forças Armadas a aderir na trama golpista.

Também afirmaram que houve ações do general da reserva para obter informações sobre a colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.

A Polícia Federal também destacou que o candidato a vice de Bolsonaro:

  • teve participação relevante nos atos criminosos. Nas palavras de um investigador, era "a cabeça, o mentor do golpe, mas sob comando de Bolsonaro";
  • coordenou ações ilícitas executadas por militares com formação em Forças Especiais (os chamados "kids pretos");
  • entregou dinheiro em uma sacola de vinho para financiar as operações;
  • tentou obter dados sigilosos do acordo de colaboração de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
  • tentou controlar as informações fornecidas e alinhar versões entre os investigados; e
  • teve ação efetiva na coordenação das ações clandestinas para tentar prender e executar o ministro Alexandre de Moraes.

Delação de Braga Netto é bastante improvável, mas não é impossível