Braga Netto pode pegar até 41 anos de prisão
Policiais federais já começaram a periciar o celular do general Braga Netto, ex-ministro do governo Jair Bolsonaro preso preventivamente desde o último sábado (14) em um desdobramento do inquérito sobre a tentativa de um golpe de Estado no país em 2022.
Os peritos também analisam os equipamentos apreendidos com o coronel da reserva Flávio Botelho Peregrino, alvo de buscas no sábado. Por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, Peregrino não teve a prisão decretada.
A análise dos aparelhos é considerada uma etapa importante para buscar mais informações que ajudem a esclarecer como esse suposto plano golpista foi arquitetado.
Braga Netto foi preso no sábado por suspeitas de obstrução de Justiça – ou seja, de que teria agido para atrapalhar as investigações. Ele foi ministro da Defesa e da Casa Civil, além de candidato a vice-presidente na chapa de reeleição de Bolsonaro, derrotada em 2022.
Já o coronel Flávio Peregrino, alvo de buscas, passou por cargos no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), na Casa Civil e no Ministério da Defesa.
Braga Netto preso
Ao pedir a prisão preventiva, a PF argumentou, entre outras coisas, que o ex-ministro de Bolsonaro atuou para atrapalhar as investigações.
E que a sua liberdade representaria um risco à ordem pública devido à possibilidade de voltar a cometer ações ilícitas.
Os investigadores apontaram "fortes e robustos elementos de prova" de tentativas de Braga Netto em pressionar membros das Forças Armadas a aderir na trama golpista.
Também afirmaram que houve ações do general da reserva para obter informações sobre a colaboração premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
A Polícia Federal também destacou que o candidato a vice de Bolsonaro:
- teve participação relevante nos atos criminosos. Nas palavras de um investigador, era "a cabeça, o mentor do golpe, mas sob comando de Bolsonaro";
- coordenou ações ilícitas executadas por militares com formação em Forças Especiais (os chamados "kids pretos");
- entregou dinheiro em uma sacola de vinho para financiar as operações;
- tentou obter dados sigilosos do acordo de colaboração de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- tentou controlar as informações fornecidas e alinhar versões entre os investigados; e
- teve ação efetiva na coordenação das ações clandestinas para tentar prender e executar o ministro Alexandre de Moraes.
Delação de Braga Netto é bastante improvável, mas não é impossível