Por Andréia Sadi

Apresentadora do Estúdio i, na GloboNews.

Para militares, Bolsonaro virou 'passageiro da agonia' após prisão de Braga Netto

Ex-integrantes do governo Bolsonaro consideram general a última peça entre Bolsonaro e o golpe.


Braga Netto pode pegar até 41 anos de prisão

Militares que trabalharam com Jair Bolsonaro (PL) e também do entorno dos indiciados pela Polícia Federal (PF) veem a saída política — seja com o projeto de anistia no Congresso ou com pressão para convencer autoridades internacionais, como Donald Trump, a ajudá-lo — como a única chance que resta para o ex-presidente tentar escapar de responsabilidades na investigação sobre tentativa de golpe de Estado.

“Não há muito o que ele possa fazer. Agora, é usar sua força política para tentar algo no Congresso ou pressão internacional, com ajuda de Trump”, diz um ex-integrante do governo ao blog .

Foto de arquivo de 12/08/2021 mostra o então presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), conversando com o então ministro da Defesa, general Braga Netto — Foto: Gabriela Biló/Estadão Conteúdo

Na visão de quem conheceu o governo Bolsonaro por dentro e viveu o dia a dia dos 4 anos da gestão, o ex-presidente virou um "passageiro da agonia”.

“Passageiro da agonia” é também o nome de um filme sobre o assaltante de bancos Lúcio Flávio, bandido que monopolizou as manchetes dos jornais. Dirigido por Hector Babenco e com Reginaldo Faria na pele do ladrão, o filme chegou a ser censurado pela ditadura militar nos anos 1970.

Cerco se fechando

Aliados consideram que Braga Netto era a última peça que separava o ex-presidente da trama golpista e que agora, com a prisão do general, o cerco contra o ex-presidente está se fechando.

Embora militares e investigadores avaliem, como mostrou o blog , que é difícil que Braga Netto venha a aderir a uma delação premiada, há temor de que outros generais sofram pressão para colaborar com as investigações.

Entre militares, a avaliação é que a maior possibilidade de delação é a do general Mario Fernandes, suspeito de fazer parte de um grupo que planejou o assassinato de Lula (PT) e Alckmin.

Fernandes poderia contar, por exemplo, detalhes de encontros com Bolsonaro – o general já disse que ouviu do presidente que "qualquer ação" poderia acontecer até 31 de dezembro –, o que falou com ele sobre o plano de assassinato de autoridades e se há algum rabisco do então mandatário nos documentos golpistas.

O advogado de Fernandes, Marcus Vinicius Figueiredo, nega que seu cliente cogite uma delação premiada.