Operação Integration: juíza nega arquivamento de investigação sobre lavagem de dinheiro relacionada a Gusttavo Lima e Vai de Bet

Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife, também decidiu encaminhar inquérito para procurador-geral de Justiça de Pernambuco.

Por g1 Pernambuco


Empresa do cantor Gusttavo Lima vendeu o mesmo avião duas vezes para investigados em operação — Foto: Julio Cesar Costa/g1 e Reprodução

O pedido de arquivamento parcial da Operação Integration, que investiga a participação de Gusttavo Lima em um possível esquema de lavagem de dinheiro de sites de apostas, foi negado pela juíza Andréa Calado da Cruz, da 12ª Vara Criminal do Recife. A magistrada determinou, ainda, que o inquérito seja encaminhado para o procurador-geral de Justiça de Pernambuco.

(CORREÇÃO: ao publicar esta reportagem, o g1 errou ao informar que o Tribunal de Justiça de Pernambuco negou o pedido de arquivamento parcial da Operação Integration. O TJPE esclareceu que a recusa foi de uma juíza de primeiro grau, mas, para ser considerada uma determinação do tribunal, precisa ser uma decisão colegiada. A informação foi corrigida às 11h20 da quinta-feira, 5 de dezembro.)

O cantor Gusttavo Lima foi indiciado pela Polícia Civil de Pernambuco, em setembro, por ter negociado a venda de uma aeronave Cessna Aircraft 560XLS com a empresa HSF Entretenimento e Promoção de Eventos, a Esportes da Sorte, e depois ter vendido a mesma aeronave para o dono da Vai de Bet - casa de apostas com sede em Campina Grande.

Para o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), Gusttavo Lima não ocultou nenhum valor ao negociar e efetuar a venda da aeronave. No entanto, a juíza Andréa Calado apontou, no despacho assinado nesta quarta-feira (4), que a relação do cantor com os donos da Vai de Bet, José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Rocha, é "um indicativo claro de possível envolvimento em práticas ilícitas”.

“O fato de o investigado Nivaldo Batista Lima (nome real do cantor) adquirir 25% da empresa Vai de Bet, conhecida pela ligação com casas de apostas ilegais, agrava ainda mais sua situação. Tais elementos indicam fortemente a continuidade da prática de lavagem de dinheiro, o que torna imperativo o prosseguimento das investigações, em detrimento do pedido de arquivamento”, disse a juíza no texto da decisão.

Ainda de acordo com a magistrada, “a complexidade das transações, as coincidências de datas, os valores envolvidos e as conexões entre as partes envolvidas indicam que a apuração deve continuar”. Desse modo, a juíza recusou o pedido de arquivamento formulado pelo MPPE e determinou que o material da investigação fosse encaminhado ao procurador-geral de Justiça, Marcos Antônio Matos de Carvalho - chefe do Ministério Público de Pernambuco.

O MPPE havia pedido também o arquivamento parcial da investigação vinculada à Operação Integration no que se refere ao indiciamento de suspeitos de lavagem de dinheiro de apostas on-line, que resultou na prisão da influenciadora Deolane Bezerra e no indiciamento de Gusttavo Lima.

Este pedido foi feito no dia 25 de novembro, com base na regulamentação das apostas esportivas on-line, o que afastaria, segundo o órgão, a existência do crime de lavagem de dinheiro das bets. Neste caso, para o MPPE, permaneceria a investigação sobre lavagem de dinheiro de jogo do bicho.

Na manifestação desta quarta-feira (4), a juíza Andréa Calado não fez menção a esta questão sobre a regulamentação dos jogos on-line.

O g1 entrou em contato com as defesas de Gusttavo Lima e da Vai de Bet.

A defesa de Gusttavo Lima disse que "o pedido de arquivamento ainda não foi apreciado de forma definitiva", que o processo continua em andamento e "permanece confiante de que a inocência do artista será devidamente comprovada".

"A juíza Andréa Calado da Cruz devolveu o processo ao Ministério Público e, até o momento, não houve uma decisão final", disse a assessoria jurídica do cantor.

Em nota, a Vai de Bet afirmou que:

  • "O Tribunal de Justiça de Pernambuco julgou o habeas corpus a José André da Rocha Neto e Aislla Sabrina Rocha e revogou todas as medidas cautelares antes imputadas já reconhecendo e considerando o pedido de arquivamento pelo Ministério Público, uma vez que não há qualquer indício de crime";
  • "A decisão da juíza Andrea Calado da Cruz vai na contramão do entendimento pelo arquivamento não só de um promotor de Justiça, mas de seis promotores do Gaeco [Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado] que acompanham o caso";
  • "O processo agora será encaminhado à Procuradoria Geral da Justiça, que decidirá pela ratificação do entendimento do Ministério Público ou designação de novo promotor".

Cronologia da Operação Integration

Deolane Bezerra foi uma das pessoas presas na operação Integration, que investiga organização criminosa que atua com lavagem de dinheiro de jogos ilegais

VÍDEOS: mais vistos de Pernambuco nos últimos 7 dias