Embora esteja com o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) em andamento, o estudante do curso de Agronomia na Universidade Federal Rural da Amazônia (Ufra), Caio Lopes não sabe ao certo a data em que irá se formar. Isto porque com a greve nas universidades e institutos federais o calendário de aulas foi alterado.
Em algumas instituições a paralisação das atividades começou em de abril e na Ufra, a adesão ao movimento teve início no último dia 1 de maio. “O calendário do semestre que iniciaria foi suspenso”, destacou o universitário.
Em todo o território paraense, cerca de 100 mil estudantes estão matriculados em cursos técnicos e de graduações nas universidades federais e no Instituto Federal do Pará (IFPA). “A greve afeta de forma negativa a vida acadêmica devido ao atraso que gera no calendário acadêmico, principalmente para nós que estamos no fim graduação”, ressaltou Caio, que está no 9º semestre.
Na Ufra, pouco mais de oito mil estudantes estão matriculados nos cursos de graduação. Em nota, a instituição informou que “apoia a luta pela recomposição salarial e reestruturação das carreiras dos servidores Técnico Administrativos (TAEs) e Docentes das Instituições Federais de Ensino Superior (IFEs), como parte integrante do processo de fortalecimento da educação pública brasileira”.
A universidade mantém 30% do quadro trabalhando para garantir a manutenção das necessidades essenciais de todas as unidades administrativa.
Na última quinta-feira (23), durante assembleia geral no campus Guamá da Universidade Federal do Pará, professores e técnicos que trabalham nas instituições federais de Ensino recusaram a proposta do Ministério de Gestão e Inovação em Serviços Públicos de reajuste salarial zero em 2024 e aumento de 13,3% a 31% até 2026 e decidiram pela continuação da greve.
O movimento pede recomposição salarial, reestruturação da carreira, revogação de atos autoritários e contrarreformas, a recomposição orçamentária e a isonomia entre aposentados e não aposentados.
Segundo a professora Simone Negrão, diretora da Associação dos Docentes da UFPA (Adufpa), a paralisação atinge 60 universidades federais e em 600 institutos federais em todo país. “A greve é nacional e unificada, com integração de docentes, técnicos e discentes. No Pará todas as universidades estão em greve, bem como o IFPA (Instituto Federal do Pará)”, pontuou.
Durante a assembleia, a categoria fechou uma nova contraproposta de reajuste salarial que deverá ser apresentada ao governo federal. “A contraproposta aprovada, hoje (quinta-feira, 23), consiste em 3,69% em 2024, 9% em 2025 e complementação, em relação ao total de 22,71%, em 2026”, disse Simone.
Apesar de a greve continuar, os atendimentos em hospitais universitários e os serviços essenciais continuam sendo realizados na UFPA, onde a greve começou no último dia 15 de abril. A instituição tem mais de 53 mil alunos matriculados nos cursos de graduação.
Também foi no dia 15 de abril que os professores e servidores da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa) paralisaram as atividades. A instituição tem 6.500 alunos matriculados, sendo seis mil somente nos cursos de graduação cujas aulas foram suspensas em decorrência da greve.
A paralisação não afeta os alunos de pós-graduação. A Unifesspa diz que os serviços essenciais estão mantidos, assim como os pagamentos de auxílios estudantis e bolsas de pesquisa, o restaurante universitário, e o concurso para Professor. “’Os Projetos de Pesquisa estão mantidos, já os de extensão não”, diz a nota da universidade.
No Instituto Federal do Pará (IFPA) a greve, que começou em 3 de abril, não afetou os alunos de pós-graduação e nem o calendário acadêmico. As aulas estão paralisadas nos cursos técnicos e de graduação. O IFPA tem 29.701 alunos e alunas. Deste total, 4.398 foram impactados pela greve no Campus Belém.