As imagens impactantes da maior seca no rio Paraná, o 2º maior do continente, em quase 8 décadas

O rio é compartilhado por Argentina, Paraguai e Brasil, e seu fluxo é hoje historicamente baixo, com graves consequências para o meio ambiente e a economia da região.

Por BBC


Vista aérea do rio Paraná, próximo à cidade de Rosário, na Argentina — Foto: Getty Images via BBC

Quando um rio seca, a tragédia é visível. O desaparecimento das águas revela uma paisagem empoeirada, pontilhada por pequenas lagoas e novas ilhas.

É assim que estão hoje grandes trechos do rio Paraná, o segundo mais longo da América do Sul depois do Amazonas, e que se encontra em seu nível mais baixo desde 1944.

Os níveis da água não atingiam esse nível há mais de sete décadas — Foto: Getty Images via BBC

O rio de 4.880 km nasce no sudeste do Brasil, atravessa o Paraguai e deságua no Río de la Plata, na Argentina. Ele é chave para a indústria comercial e pesqueira, além de fonte de água doce para 40 milhões de pessoas.

É também uma das vias navegáveis ​​mais importantes para o transporte de grãos, e sua situação está obrigando muitos exportadores a considerarem o uso de rotas terrestres.

Essa alternativa é menos sustentável do que a hidroviária. Enquanto o transporte por caminhão produz 100 gramas de CO2 para cada tonelada por quilômetro transportado, na hidrovia são 20 gramas.

Além disso, o transporte rodoviário é mais caro.

"O Rio Paraná é a maior zona úmida socioprodutiva, com a maior biodiversidade e mais importante da Argentina", disse o geólogo Carlos Ramonell à agência AFP.

Muitos pescadores vivem do que pescam no Rio Paraná — Foto: Getty Images via BBC
El Remanso é um município argentino às margens do Paraná que depende da pesca artesanal para sua subsistência — Foto: Getty Images via BBC

O turismo pesqueiro e a pesca de subsistência são atividades comuns no Rio Paraná.

No trecho do rio do outro lado da fronteira com o Brasil, na Argentina, existem várias colônias com famílias de pescadores em crise por causa do baixo fluxo.

Onde antes havia água, apenas terra empoeirada é visível — Foto: Getty Images via BBC
O desmatamento e a crise climática são a causa da seca, segundo especialistas — Foto: Getty Images via BBC
O rio Paraguai, que passa brevemente pela Bolívia, atravessa o Paraguai e deságua no Rio Paraná. O Rio Paraguai também apresenta níveis historicamente baixos. — Foto: Getty Images via BBC

No Brasil, também há registros de peixes afetados.

Para economizar água e conseguir atender à demanda de energia nos próximos meses, o Ministério de Minas e Energia recomendou que algumas usinas do rio Paraná reduzissem sua vazão.

Enquanto isso, na Argentina, o governo declarou uma emergência hídrica de 180 dias no final de julho em várias províncias, incluindo Buenos Aires, para mitigar as graves consequências econômicas e ambientais da queda dos níveis de água.

Atualmente, como consequência da estiagem, a vazão do Paraná foi reduzida de uma média de 17 mil metros cúbicos por segundo para apenas 6,2 mil.

Os baixos níveis das águas estão causando problemas para a produção de energia, já que a hidrelétrica que corta o rio Paraná entre a Argentina e o Paraguai (Yacyretá) funciona apenas com metade da capacidade.

Na semana passada, o vice-presidente do Brasil, Hamilton Mourão, alertou que a seca também pode levar ao racionamento de energia no Brasil.

Segundo especialistas, as causas da seca dos últimos anos estão ligadas ao desmatamento descontrolado, às mudanças climáticas e aos ciclos naturais.

Especialistas acreditam que a seca pode durar até 2022.

Governo reconhece piora da crise hídrica e promete desconto para quem reduzir consumo de energia