Zezé Di Camargo fala sobre carreira, futuro e mentiras
Zezé Di Camargo e Luciano fazem cerca de 140 shows por ano, mas Zezé quer diminuir o ritmo. Em breve, a dupla deve colocar o pé no freio na agenda. Eles não pensam em pausa ou aposentadoria, mas planejam diminuir o número de shows.
“Eu passo por um momento de cansaço, total. Não aguento mais essa coisa de três shows por semana. Para mim, está muito carregado. Não é por causa dos shows. É por causa das viagens. O roteiro mata a gente. As pessoas pensam que um artista chega no palco e tudo bem. Não é. Até chegar ali é uma penitência.”
"Claro que quando você está com 20 e poucos anos, isso é diversão. Mas quando você chega aos 54, como estou, não é mais como era antigamente”, explica Zezé.
O plano é diminuir a agenda para dois shows por semana em vez de três. Assim, somariam cerca de 80 apresentações no ano.
“Seria um número maravilhoso. Mas como empresários que somos, tem prioridades que temos que cumprir. Talvez a gente ainda não tenha condições de fazer isso por compromissos assumidos até com a equipe. Até o ano que vem, tolero. Mas passando para o outro, pode ter certeza que não vou fazer mais isso, não.”
“Preciso viver. Estou com 54 anos. Com 60, 70 anos, você ainda tem uma qualidade de vida boa. Vou passar a vida inteira trabalhando? Trabalho desde os 12. Não tenho mais condição para isso, não. Tenho que pensar um pouco em mim”, diz o cantor.
E o que fazer com o tempo livre, então? “Sou muito caseiro. Às vezes, nem vou ao escritório, que é perto de casa. Tenho escritório dentro do bolso, que é o celular. Resolvo tudo pelo celular”, explica Zezé.
Quando cai na estrada, ele aproveita o tempo que não está em trânsito para seguir relaxando no hotel. “Procuro dormir o máximo que posso e deixo para ir para o show quase que em cima da hora. Geralmente, o Luciano atende primeiro do que eu e eu procuro esticar o máximo que puder para descansar”, afirma.
Sobre o atendimento pré-show, aliás, Zezé tem ressalvas. “Acho que era um horário que deveria ser reservado para o artista, que tem que aquecer voz. Depois, você já fez o show, já cantou, já usou a voz o tanto que tinha que usar. É até mais gostoso. Você tem mais tempo para dedicar para as pessoas. Até para conversar mais em vez de ir lá, bater uma foto e ir embora.”
Musical sobre a dupla com (talvez) hologramas
Há tempos, Zezé e Luciano têm falado sobre um musical que, a exemplo do longa “2 filhos de Francisco”, contará a história da dupla. Desta vez, no teatro. Ainda não há data definida para a estreia, mas os atores que vão interpretá-los já foram selecionados. Beto Sargentelli será Zezé e Bruno Fraga viverá Luciano.
Os cantores não poderão participar do musical por conta da agenda. Mas Zezé fez uma sugestão para a produção. “Não sei se vai ser colocado em prática, porque é uma ousadia. Mas sugeri de colocar eu e Luciano no palco em formato de holograma. As pessoas sentiriam a gente ao vivo lá, porque realmente não vamos poder cantar no musical”.
Um nome cotado para o elenco era o de Camilla Camargo, filha de Zezé. “Ela ensaiou para fazer a mãe dela e ia fazer um sacrifício para conciliar esse trabalho com a novela que ela está fazendo. Mas aí tiraram ela para participar do musical, mas fazendo o coro. Aí ela falou: ‘pai, para fazer isso, nem a própria televisão que eu trabalho vai me liberar. Eu ia me sacrificar pela importância do papel. Se não for, não vale a pena’”.
Cenário sertanejo
Há quase três décadas no mercado, Zezé Di Camargo já viu diversas mudanças no cenário sertanejo. E o cantor analisa a situação atual.
“São poucos que vão ficar. Como na nossa (época) também, o new sertanejo, como era chamado Zezé e Luciano. Pintou muita gente pegando carona e ficaram poucos. É o que vai acontecer. Essa seletividade provém do próprio público. O que é verdade fica, o que não é, não fica”.
Para ele, Marília Mendonça é um dos nomes que segue. Ela, aliás, faz parte do CD e DVD “Dois Tempos”. Ao G1, ele contou uma história inusitada sobre o momento de contratação da cantora pelo atual escritório. “Quando ela foi contratada pelo empresário dela, ele falou: ‘olha, você está entrando aqui e vai ser concorrente de tal cantora’. E ela falou: ‘então, se é para isso, nem vou assinar o contrato. Estou aqui porque eu gosto do estilo e quero ser o Zezé Di Camargo de saia’”.
E será que o cantor se sente bem representado por Marília? “Totalmente. Me sinto bem representado pela qualidade dela artística e musical. Fico feliz de saber que ela usou a gente como referência musical.”