Mais de cinco anos após o incêndio que devastou a catedral em 15 de abril de 2019, a reabertura da Catedral de Notre-Dame, em Paris, será oficialmente anunciada no sábado (7) com um discurso presidencial no pátio, seguido pelos toques do bastão episcopal que abrirão as portas da igreja.
O presidente da França, Emmanuel Macron, revelou detalhes da renovação da obra-prima da arte gótica, que tem mais de 860 anos e que recuperou uma nova luminosidade, em uma visita ao canteiro de obras transmitida pela televisão na sexta-feira (29). Entre as 50 personalidades internacionais convidadas para o evento está o presidente eleito dos EUA, Donald Trump.
As paredes muito claras, decorações com novas pinturas das capelas e os vitrais de cores vibrantes, acompanham um novo mobiliário litúrgico em bronze maciço, cadeiras em carvalho e um muro-relicário contemporâneo que abriga a coroa de espinhos que teria sido usada por Cristo durante sua crucificação.
Em uma situação política delicada, o chefe de Estado aposta no evento, que ele elevou ao nível de uma das "grandes conquistas francesas", assim como os Jogos Olímpicos de Paris de 2024. Macron prometeu um "choque de esperança" após ter cumprido seu "desafio insensato" de restaurar a catedral em cinco anos, prazo que ele mesmo estipulou logo após o incêndio.
Para a reabertura, o arcebispo de Paris, Olivier Ribadeau Dumas, afirmou que a diocese não quer um "grande espetáculo", preferindo falar de um "magnífico sinal de esperança" com "humildade", em entrevista à rádio France Inter na segunda-feira (2).
Esquema de segurança excepcional
O programa previsto até o momento inclui, após o discurso no final da tarde, a abertura das portas e o "despertar" do grande órgão. O presidente da República, acompanhado por cerca de cinquenta chefes de Estado e de governo, cuja lista ainda não foi divulgada, assistirá a uma missa restrita a ser celebrada pelo arcebispo de Paris, monsenhor Laurent Ulrich.
O papa Francisco recusou o convite, preferindo visitar a Córsega no dia 15 de dezembro. O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, confirmou presença por meio de um post nas redes sociais. "É uma honra anunciar que vou viajar a Paris, França, para presenciar a reabertura da Magnífica e Histórica Catedral de Notre Dame, que foi totalmente restaurada após um incêndio devastador há cinco anos", escreveu o político republicano.
Será implantado um dispositivo de segurança excepcional, inspirado no modelo dos Jogos Olímpicos, devido ao "alto nível de ameaça terrorista", segundo Secretaria de Segurança Pública, com seis mil policiais e forças de segurança mobilizados. Somente os convidados terão acesso ao pátio, com capacidade para três mil pessoas. Nas margens do rio, perto da catedral, será montada uma "área" para receber até 40 mil pessoas.
Um grande concerto no pátio, organizado pela TV e rádios nacionais, encerrará o primeiro dia de reabertura, com música lírica e clássica, com apresentação dos grupos de corais da catedral e da Orquestra Filarmônica da Radio France, sob a direção do maestro venezuelano Gustavo Dudamel.
Entre os artistas renomados anunciados estão o pianista virtuoso chinês Lang Lang e a soprano sul-africana Pretty Yende. Uma nota pop será trazida por Clara Luciani, Vianney e Garou, três artistas populares na França, ao lado da cantora franco-beninense Angélique Kidjo.
Pharrell Williams?
As especulações sobre a presença de Pharrell Williams, estrela multidisciplinar e diretor artístico das coleções masculinas da Louis Vuitton, continuam a circular. Na manhã de domingo, será realizada uma missa inaugural com a presença de 170 bispos e sacerdotes das 106 paróquias de Paris. Outra missa será celebrada à tarde para o público, com inscrição prévia.
Os horários de abertura serão ampliados, e diferentes missas e serviços específicos serão oferecidos ao público até o dia de Pentecostes (5 de junho, em 2025), com um novo sistema de reservas gratuito para facilitar o fluxo de visitantes, que chegou a 12 milhões em 2017. A diocese espera receber de 14 milhões a 15 milhões de visitantes anualmente após a reabertura.
Embora inicialmente consideradas acidentais, as causas do incêndio não foram ainda determinadas com precisão. O trabalho de reconstrução e restauração envolveu 250 empresas e centenas de artesãos especializados, com um custo de quase € 700 milhões, financiados pelos € 846 milhões em doações que chegaram de 150 países logo após o incêndio.
O dinheiro restante será "reaproveitado para restaurações urgentes do exterior" da catedral, conforme Philippe Jost, responsável pelo projeto.