Expedição chega ao fim reafirmando potencialidades da Bioceânica, mobilização dos países e mostrando gargalos

Comitiva saiu de Campo Grande no dia 24 de novembro e vai percorrer até a volta mais de 5 mil quilômetros.

Por Anderson Viegas, g1 MS


Expedição da RILA reúne empresários, autoridades e representantes de pesquisa — Foto: Anderson Viegas/g1 MS

Assunção (Paraguai): A terceira expedição da Rota de Integração Latino-Americana (RILA) deve terminar oficialmente neste sábado (2), quando a maior parte dos integrantes retorna a Campo Grande, após percorrerem mais de 5 mil quilômetros pelos territórios do Brasil, Paraguai, Argentina e Chile, fazendo um verdadeiro “test drive”das condições atuais do corredor bioceânico.

Expedição da RILA testa a logística da Bioceânica, como neste trecho na Cordilheira dos Andes, na Argentina — Foto: Anderson Viegas/g1 MS

Nestes oito dias percorrendo os quatro países, os integrantes da expedição puderam reafirmar a potencialidade do corredor para promover uma transformação econômica e trazer desenvolvimento sustentável às regiões por onde passará, revelaram uma maior mobilização e empenho destas nações para efetivá-lo, mas também reiteraram alguns dos gargalos que precisam ser superados neste processo.

Saída monumento da rota em campo grande — Foto: Anderson Viegas/ g1 MS

A expedição reafirmou a viabilidade da megaestrada ligando o Brasil aos portos chilenos, mas apontou a necessidade da conclusão da pavimentação do último trecho da rota no Paraguai, cerca de 220 quilômetros, entre Mariscal Estigarribia e Pozo Hondo, na fronteira com a Argentina – obra, inclusive, já licitada pelo governo paraguaio, e também de 25 quilômetros em Misión La Paz, na Argentina, logo após a aduana.

Uma das caminhonetes que atolou durante a passagem pelo Chaco Paraguaio na expedição da RILA — Foto: Anderson Viegas/g1 MS

Sem a pavimentação, esse trecho paraguaio fica exposto às variações climáticas, como o excesso de chuva três dias antes da passagem da expedição que formou atoleiros na estrada – como os enfrentados pelos rileiros e que impediu a passagem do que seria a primeira exportação pelo corredor, um caminhão com carne “Made in MS”.

O despacho da primeira carga pelo corredor deve ocorrer entre fevereiro e março de 2024, segundo previsão do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de Mato Grosso do Sul (Setlog/MS) e do governo do estado.

Ponte da Bioceânica está com obras aceleradas — Foto: Anderson Viegas/g1 MS

Outro entrave logístico atual avança para ser resolvido até 2025. A Ponte da Bioceânica vai viabilizar a passagem de todos os tipos de veículo, de passeio até os de carga, pelo rio Paraguai, entre Porto Murtinho, no Brasil, e Carmelo Peralta, no Paraguai. Atualmente, essa travessia é feita somente por balsa.

Paso Jama, na fronteira da Argentina com o Chile — Foto: Anderson Viegas/g1 MS

Além das questões logísticas, que caminham para serem solucionadas, outro ponto reiterado pela expedição e que requer atenção dos quatro países é a necessidade de uma maior integração e simplificação de processos nas áreas de fronteira para o trânsito de pessoas e cargas. Em alguns dos postos, como no Paso Jama, entre a Argentina e o Chile, o tempo de espera dos integrantes da expedição para cumprir os tramites burocráticos passou de uma hora.

Apresentação cultural na abertura oficial do 4º Fórum dos Territórios Subnacionais do Corredor Bioceânico Capricórnio — Foto: Anderson Viegas/g1 MS

Em contrapartida, as belezas naturais, locais históricos e diversidade cultural do traçado da rota reiteraram sua vocação natural para o turismo. Paisagens como as de Porto Murtinho, do Chaco paraguaio, das cidades argentinas, da Cordilheira dos Andes, dos desertos de sal, do deserto do Atacama e dos municípios costeiros chilenos, como Iquique, encantaram os “rileiros”durante a passagem da expedição.

Colina das Sete Cores, na Cordilheira dos Andes, em Jujuy, na Argentina — Foto: Anderson Viegas/g1 MS

Outro avanço foi na integração entre os países para desenvolver o projeto da rota. Após o 4º Fórum dos Territórios Subnacionais do Corredor Bioceânico Capricórnio, encerrado na quarta-feira (29), em Iquique, os representantes do estado de Mato Grosso do Sul (Brasil), dos departamentos de Alto Paraguai e Boqueirão (Paraguai), províncias de Jujuy e Salta (Argentina) e regiões de Tarapacá e Antofagasta (Chile) ratificaram o compromisso de fortalecer o Corredor Bioceânico, o destacando com uma grande oportunidade para promover o desenvolvimento sustentável e melhorar a integração entre os estados e países participantes e, ainda, melhorar a qualidade de vida de seus habitantes.

Apresentação de danças e músicas típicas da região marcou a abertura do fórum no Chile — Foto: Anderson Viegas/g1 MS

Definiram ainda a realização de reuniões semestrais sobre a evolução do projeto e acompanhamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para a iniciativa.

Prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP) — Foto: Fernando da Mata/TV Morena

Durante o Fórum, a prefeita de Campo Grande, Adriane Lopes (PP), que também participou dos trabalhos, foi eleita por unanimidade e empossada como presidente do Comitê Gestor dos Municípios que compõem a Rota Bioceânica, passando a representar todas as cidades que compõem o corredor.

Iquique, no Chile — Foto: Anderson Viegas/g1 MS

Na chegada a Iquique, o presidente do Setlog/MS, Claudio Cavol, já havia avaliado como muito positiva a expedição, reiterando a acolhida por todo o trecho da megaestrada aos integrantes da comitiva e pela participação da expedição no fórum.

Cláudio Cavol, Presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Cargas de Mato Grosso do Sul (Setlog-MS) — Foto: Fernando da Mata/TV Morena

Nesta sexta-feira (1º), o grupo saiu de San Salvador de Jujuy, na Argentina e percorreu 1.100 quilômetros até Assunção. Os integrantes saem da capital paraguaia neste sábado (2) de volta para Campo Grande.

Assunção, capital do Paraguai — Foto: Anderson Viegas/g1 MS