O presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), Sérgio Longen, afirmou nesta sexta-feira (20), que com mais de 25 mil vagas de trabalho em aberto, o estado já enfrenta um ‘apagão de mão de obra’.
Ele defendeu como uma das medidas de enfrentamento ao problema, uma proposta encaminhada pela entidade ao Ministério do Trabalho e Emprego, a flexibilização das normas de programas sociais como o Bolsa Família, para possibilitar o recebimento simultâneo, de forma temporária, dos benefícios e da remuneração de um trabalho formal.
A análise foi feita na manhã desta sexta-feira (20), durante a apresentação do balanço da atividade industrial de Mato Grosso do Sul, pela Fiems. Longen inclusive disse que, em resposta a esse apagão de mão de obra, o projeto se chama “Acende Brasil”. “O desafio é exatamente esse. Nós não temos pessoas hoje para buscar em diversas atividades, se não os dos programas sociais”, analisou.
O presidente da Fiems detalhou o caráter temporário da medida. "A proposta nossa é muito clara e muito objetiva. Nós queremos que o governo federal assegure aos beneficiários do Bolsa Família o direito de receber o benefício e poder trabalhar. Ele pode chegar na minha empresa, ter carteira assinada, receber o seu salário e ter também o Bolsa Família garantido pelo governo federal, sem avaliação ou sem perda de parte do seu benefício do qual ele defende hoje. Qual é a preocupação hoje? Esse trabalhador, ele não quer, mesmo com o que ganha, que é pouco, ir para o mercado formal porque perde o benefício, ou total ou parcial. Então, foi muito objetiva a nossa proposta. Queremos somente que o governo federal assegure por dois anos o Bolsa Família para esse beneficiário e que garanta que ele pode trabalhar, que não vai ter a perda do benefício”, explicou Longen.
O presidente da Fiems disse que, por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-MS) e em parceria com as empresas e prefeituras, é feito um trabalho de busca para capacitar e preparar essas pessoas para o mercado de trabalho. “Nós não temos nenhum problema hoje em tentar buscar essas pessoas. O que precisamos é das pessoas. E aí, se o governo federal assegurar esse benefício, nós também temos as pessoas”, salientou.
Longen disse que o governo federal se mostrou receptivo à proposta, mas orientou que o projeto fosse levado ao Congresso Nacional, o que vai ser feito em 2025. Ele comentou, entretanto, que caso a iniciativa não avance, a entidade pode adotar uma medida mais drástica.
“Se o governo não ceder, nós vamos ter que encontrar um formato. Eu penso em judicializar a proposta, caso a gente não avance dentro do Congresso Nacional, e buscar aí no Judiciário uma garantia ao direito desse beneficiário e permitir que esse trabalhador possa atender a nossa demanda, mostrando ao Judiciário o prejuízo”, apontou.