Para enfrentar ‘apagão de mão de obra’, Fiems defende flexibilização do Bolsa Família: recebimento simultâneo do benefício e salário

A análise foi feita na manhã desta sexta-feira (20), durante a apresentação do balanço da atividade industrial de Mato Grosso do Sul, pela Fiems.

Por Anderson Viegas, g1 MS


Presidente da Fiems, Sérgio Longen, durante apresentação do balanço da indústria em 2024 — Foto: Fiems/Divulgação

O presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul (Fiems), Sérgio Longen, afirmou nesta sexta-feira (20), que com mais de 25 mil vagas de trabalho em aberto, o estado já enfrenta um ‘apagão de mão de obra’.

Ele defendeu como uma das medidas de enfrentamento ao problema, uma proposta encaminhada pela entidade ao Ministério do Trabalho e Emprego, a flexibilização das normas de programas sociais como o Bolsa Família, para possibilitar o recebimento simultâneo, de forma temporária, dos benefícios e da remuneração de um trabalho formal.

A análise foi feita na manhã desta sexta-feira (20), durante a apresentação do balanço da atividade industrial de Mato Grosso do Sul, pela Fiems. Longen inclusive disse que, em resposta a esse apagão de mão de obra, o projeto se chama “Acende Brasil”. “O desafio é exatamente esse. Nós não temos pessoas hoje para buscar em diversas atividades, se não os dos programas sociais”, analisou.

O presidente da Fiems detalhou o caráter temporário da medida. "A proposta nossa é muito clara e muito objetiva. Nós queremos que o governo federal assegure aos beneficiários do Bolsa Família o direito de receber o benefício e poder trabalhar. Ele pode chegar na minha empresa, ter carteira assinada, receber o seu salário e ter também o Bolsa Família garantido pelo governo federal, sem avaliação ou sem perda de parte do seu benefício do qual ele defende hoje. Qual é a preocupação hoje? Esse trabalhador, ele não quer, mesmo com o que ganha, que é pouco, ir para o mercado formal porque perde o benefício, ou total ou parcial. Então, foi muito objetiva a nossa proposta. Queremos somente que o governo federal assegure por dois anos o Bolsa Família para esse beneficiário e que garanta que ele pode trabalhar, que não vai ter a perda do benefício”, explicou Longen.

O presidente da Fiems disse que, por meio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-MS) e em parceria com as empresas e prefeituras, é feito um trabalho de busca para capacitar e preparar essas pessoas para o mercado de trabalho. “Nós não temos nenhum problema hoje em tentar buscar essas pessoas. O que precisamos é das pessoas. E aí, se o governo federal assegurar esse benefício, nós também temos as pessoas”, salientou.

Longen disse que o governo federal se mostrou receptivo à proposta, mas orientou que o projeto fosse levado ao Congresso Nacional, o que vai ser feito em 2025. Ele comentou, entretanto, que caso a iniciativa não avance, a entidade pode adotar uma medida mais drástica.

“Se o governo não ceder, nós vamos ter que encontrar um formato. Eu penso em judicializar a proposta, caso a gente não avance dentro do Congresso Nacional, e buscar aí no Judiciário uma garantia ao direito desse beneficiário e permitir que esse trabalhador possa atender a nossa demanda, mostrando ao Judiciário o prejuízo”, apontou.