Motorista que testemunhou acidente com 41 mortos em rodovia de MG diz que carreta invadiu contramão e bateu em ônibus

Condutor deu depoimento nesta terça-feira (24) e disse não viu a pedra se desprender da carreta, mas que veículo estava em alta velocidade: 'olhei para atrás, pelo retrovisor, vi um impacto tão grande e depois só fogo'.

Por Samuel Bonicontro, g1 Vales de Minas Gerais


Acidente em MG: polícia ouve mais uma testemunha

O caminhoneiro Aldimar Ferreira Ribeiro, de 61 anos, prestou depoimento à Polícia Rodoviária Federal na manhã desta terça-feira (24). Ele testemunhou o acidente envolvendo um ônibus, uma carreta carregada com uma pedra de granito e um carro de passeio que deixou 41 mortos e 11 feridos na BR-116, em Teófilo Otoni (MG), na madrugada do último sábado (21).

O homem, que teve o caminhão atingido de raspão pela carreta, disse que decidiu procurar a polícia por não concordar com a versão de testemunhas que presenciaram o acidente.

A tragédia ocorreu na altura do KM 285 da BR-116, em Lajinha, distrito de Teófilo Otoni. A principal linha de investigação da Polícia Civil é de que o acidente foi causado por uma pedra de granito que se soltou do carreta - a pedra só foi removida da rodovia na segunda (23).

Sobreviventes que estavam no carro de passeio, entretanto, deram outra versão em entrevista ao Fantástico. Segundo eles, o ônibus foi se aproximando de uma baixada, quando um pneu traseiro estourou e o veículo acabou avançando na contramão.

“Nós estávamos vindo no acostamento, eu e o ônibus, o ônibus estava na minha traseira. Eu vi quando o caminhão balançou, aí quando eu olhei para atrás, pelo retrovisor, vi um impacto tão grande e depois só fogo”, disse Aldimar Ferreira.

O caminhoneiro ainda disse que não viu a pedra se desprender da carreta, mas afirmou que o veículo estava em alta velocidade. O homem também disse que não ouviu nenhum pneu estourando.

“Se o pneu tivesse estourado eu teria escutado, porque o ônibus estava atrás de mim”, disse.

Aldimar afirmou que auxiliou no resgate de três crianças envolvidas no acidente, mas que não conseguiu voltar depois ao local, porque o ônibus ficou totalmente em chamas.

“As crianças estavam saindo do ônibus andando, um pouco tontas, eu fui lá e peguei elas e coloque no acostamento. Tinha uma criancinha que estava com fogo na cabeça, outra ensanguentada, uma menina gritando de dor”, contou.

Acidente mais letal desde 2007

De acordo com o Corpo de Bombeiros, a colisão ocorreu às 3h30 e envolveu o ônibus, o carro de passeio e a carreta que transportava a pedra de granito. Com 41 mortos e 11 feridos, foi maior tragédia em rodovias federais desde 2007, início da série história da PRF.

Segundo a Polícia Civil, Arilton Bastos Alves, de 49 anos, não permaneceu detido porque o pedido de prisão preventiva dele foi indeferido pela Justiça e já não era mais possível prendê-lo em flagrante.

A defesa do motorista da carreta nega o argumento de excesso de velocidade e de peso, além de afirmar que o homem estava habilitado e apto para dirigir.

"Ele saiu do local porque, naquele momento, ele desceu da carreta para verificar o que aconteceu e entrou em pânico em virtude de ver a gravidade do acidente. Ele se preocupou também com sua integridade física e proteção pessoal. Ele não tinha condições de prestar socorro. Tem uma decisão judicial que revogou a suspensão da CNH, ele está perfeitamente habilitado e apto para dirigir", declarou o advogado Raony Scheffer.

A Polícia Civil informou que tem feito a identificação com a maior agilidade possível, mas que não é possível dizer em quanto tempo todas as vítimas serão identificadas, porque é um trabalho complexo, devido ao fato das vítimas terem sido carbonizadas.

Dentre os feridos, ainda há uma pessoa hospitalizada, no Hospital Santa Rosália, em Teófilo Otoni. Desde domingo (22), 14 corpos já foram identificados e 11 liberados para familiares.

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