'Me joguei de uma altura de 10 metros, lá de dentro do banheiro', diz passageiro do ônibus que sobreviveu ao acidente com 41 mortos em MG

Gilberto Gomes de Souza recebeu alta hospitalar nesta segunda (23), em Teófilo Otoni, e contou que foi ao banheiro segundos antes do ônibus ficar em chamas, por causa da batida.

Por Cristiane Rodrigues, Jerry Santos, g1 Vales de Minas Gerais


Gilberto Gomes de Souza disse que se jogou de uma ribanceira de 10 metros para fugir das chamas — Foto: Reprodução/Inter TV dos Vales

Receberam alta hospitalar, na manhã desta segunda-feira (23), dois sobreviventes do acidente que matou 41 pessoas, na BR-116, em Teófilo Otoni, no último sábado. Um deles, Gilberto Gomes de Souza, disse que estava no banheiro no momento do acidente e que precisou se jogar numa ribanceira, de aproximadamente 10 metros, para fugir das chamas.

O passageiro do ônibus, que saiu de São Paulo para o interior da Bahia, conversou com o repórter Jerry Santos, da Inter TV dos Vales, e descreveu os momentos de terror que viveu naquela madrugada.

“Eu fui ao banheiro [...] quando eu senti o impacto, que eu abri a porta do banheiro o ônibus estava tudo em chamas, uns sete metros de altura. Vi o pessoal todo apavorado, todo mundo gritando, crianças, adultos e as poltronas, tudo descendo para baixo”, relembrou.

Gilberto disse que ao ver a cena, voltou para o banheiro e se viu sem alternativa de fuga, já que o vidro do banheiro tinha apenas uma pequena abertura na janela.

“Aquela fumaça preta me encobriu todinho. Eu falei: meu Deus, estou correndo do fogo, tem misericórdia de mim! Rapidamente um vidro caiu, que era de frente da janelinha, aí eu me joguei numa altura de 10 metros, lá de dentro do banheiro. E eu creio que foi Deus que salvou a minha vida”, disse.

O acidente foi próximo à uma ponte que passa sob o Córrego Liberdade. Uma área de declínio e muita vegetação, local exato para onde ficou o apontada a traseira do ônibus, após a colisão.

Apesar da queda, Gilberto não sofreu nenhuma fratura no corpo e deixou o hospital apenas com dores nas pernas. Durante a fuga, a preocupação dele era conseguir chegar ao asfalto.

“Subi arrastando, pegando de moita em moita de capim. Saí em cima na pista porque, verdadeiramente, os bombeiros não iam me achar lá dentro daquele buraco. O ônibus já tinha queimado todo”, contou Gilberto.

Além de sair praticamente ileso do grave acidente, nem os documentos e nem o celular foram queimados pelas chamas. Foi pelo aparelho que ele avisou a família que havia sobrevivido.

“Praticamente todo mundo tinha pensado que eu tinha falecido. Porque com um fogo daquele ali, meu Deus do céu! Todo mundo podia pensar: não, realmente o Gilberto morreu também. Mas Deus é bom. Nasci de novo praticamente”, agradeceu.

Apenas uma pessoa permanece internada no Hospital Santa Rosália, em Teófilo Otoni, entre os 11 feridos que sobreviveram ao acidente. Sete que tinham sido encaminhados para uma Unidade de Pronto Atendimento foram liberados no domingo.

Ao todo, 41 corpos foram encaminhados ao Instituto Médico Legal de Belo Horizonte, onde uma força tarefa foi organizada para trabalhar na identificação das vítimas.

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O acidente

O acidente que matou 41 pessoas, no último sábado (21), na BR-116, em Teófilo Otoni foi considerada a maior tragédia em estradas federais, desde 2007, de acordo com dados da Polícia Rodoviária Federal.

De acordo com a PRF, no momento em que o ônibus e a carreta se cruzaram na BR-116, possivelmente uma pedra de granito que era transportada pela carreta se soltou e acertou o ônibus, que explodiu em seguida.

Um carro, que vinha atrás da carreta, não conseguiu parar e bateu na traseira dela. No fim da tarde dessa segunda-feira (23), o motorista da carreta se entregou para a polícia de Teófilo Otoni.

Antes, as informações iniciais repassadas ao Corpo de Bombeiros apontavam que o o acidente teria acontecido após um pneu do ônibus estourar, o motorista perder o controle da direção e bater em uma carreta. Em seguida, o carro de passeio que estava atrás teria colidido com o ônibus, que pegou fogo.

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Segundo a Emtram, empresa responsável pelo ônibus, o veículo, que tinha saído de São Paulo com destino a Elísio Medrado (BA), "estava com sua revisão em dia e pneus novos, além de possuir sistema de monitoramento".

Acidente na BR-116 em Teófilo Otoni — Foto: Arte/g1

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