Os moradores que tiveram de deixar suas casas no povoado de Casquilho, em Conceição do Pará, após o deslizamento de rejeitos da mina Turmalina, ocorrido no último sábado (7), ainda não têm previsão de retorno para suas residências. A Defesa Civil Municipal informou ao g1 que ainda não há estimativa de quando a área será liberada para os moradores.
Até a última atualização desta reportagem, a empresa Jaguar Mining, responsável pela mineração, informou que 134 pessoas, de 47 famílias, tiveram de deixar suas casas. Todas foram realocadas para hotéis de Conceição do Pará e região, e outras foram para casas de parentes (veja a nota completa no fim da reportagem).
No final da tarde de segunda-feira (9), o Corpo de Bombeiros informou que 119 imóveis foram desocupados, sendo 105 casas (residenciais e algumas delas de estadia periódica). Ainda segundo a corporação, cinco residências, um galpão de fábrica de calçados e curral foram atingidos pelo deslizamento de rejeitos/estéril. Foram resgatados 191 animais.
Tanto a Jaguar, quanto a Agência Nacional de Mineração (ANM) reforçaram o pedido para que as pessoas impactadas não retornem à área até que as autoridades emitam orientações oficiais sobre a retomada da normalidade da situação.
Na segunda-feira (9), o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) pediu à Justiça o bloqueio de R$ 200 milhões das contas bancárias da Jaguar Mining, além do pagamento de R$ 10 mil, em até 48 horas, a título de auxílio-emergencial imediato, para cada núcleo familiar que foi removido de seu imóvel. Na ação, o Ministério Público também requer que a empresa tome outras medidas emergenciais.
Anomalia e evacuação
O deslizamento de rejeitos ocorreu na Mina de Ouro Turmalina, que abriga uma mina de ouro subterrânea e uma usina de processamento, com capacidade de moagem de 2.000 toneladas por dia.
Na manhã do último sábado, após identificar uma anomalia em uma pilha de rejeitos da mina durante inspeção, a Jaguar Mining notificou os órgãos fiscalizadores e regulatórios. Não foram informados pela empresa outros detalhes sobre a anomalia identificada.
A evacuação dos moradores começou às 9h48, mantendo no local somente pessoas da equipe de drenagem de mina. Equipes da Defesa Civil municipal e estadual, da Polícia Militar (PM) e do Corpo de Bombeiros foram chamados para ação de monitoramento e gerenciamento da situação. Um posto de comando foi montado no local.
A Prefeitura de Conceição do Pará informou que "aguarda inspeção que será realizada por empresa contratada pela responsável pela unidade". Também informou que o Município, em conjunto com a Jaguar Mining, "tem um plano de contingência para agir rápido em casos que demandarem".
Deslizamento em mina de ouro força evacuação de moradores em Conceição do Pará
Mina interditada
A Agência Nacional de Mineração realizou vistoria na mina e identificou risco iminente para a segurança da estrutura, da comunidade e do meio ambiente. A mina foi interditada e todas as atividades de mineração do empreendimento foram suspensas.
Conforme a ANM, a empresa deverá providenciar todas as ações necessárias para estabilidade da pilha, segurança da mina, comunidade de entorno e meio ambiente.
Entre as ações estão monitoramento da pilha e da mina subterrânea, obra para estabilização, ações de controle com meio ambiente e proteção da comunidade envolvida, entre outras atividades que deverão ser informadas no plano de ação. Exigências específicas ao longo do monitoramento do processo não foram descartadas.
Conforme o Auto de Interdição nº 52/2024/GER-MG/DIFIL-MG, o local somente será desinterditado após a empresa apresentar a comprovação da estabilidade da pilha, assim como de todo empreendimento.
Em nota à TV Integração, a Cemig informou que interrompeu o fornecimento de energia à comunidade de Casquilho atendendo a uma orientação da Defesa Civil, de forma a resguardar a segurança dos moradores. A companhia segue acompanhando a situação e avaliando alternativas técnicas para restabelecer a energia no local.
Também em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informou "que, conforme informações preliminares, não houve registro de vítimas no incidente. No entanto, foram constatados danos patrimoniais e, possivelmente, ambientais. A PCMG instaurou um procedimento para apurar os possíveis crimes relacionados ao fato".
O que diz a Jaguar Mining (nota atualizada na segunda-feira)
"A Jaguar Mining informa que houve a criação de um Comando Unificado de Operações para atuar na emergência e reduzir os impactos causados pelo deslocamento da pilha de rejeitos/estéril na Unidade Turmalina (MTL), em Conceição do Pará (MG), que ocorreu no dia 07/12/2024. As causas do deslizamento estão sendo investigadas.
O grupo é composto por membros da empresa, Corpo de Bombeiros Militar, Polícia Militar, Defesa Civil Municipal, Defesa Civil Estadual e representantes do Poder Executivo Municipal e está atuando em várias frentes, todas apoiadas com equipes, maquinário e recursos disponibilizados pela Jaguar.
Por segurança, o povoado de Casquilho de Cima precisou ser evacuado e o acesso à comunidade não está autorizado pelo Comando Unificado de Operações por tempo indeterminado. A Jaguar Mining designou várias equipes para dar assistência aos moradores que tiveram de deixar suas casas. Eles foram instalados em hotéis da região e estão sendo acompanhados pela empresa. No total, 134 pessoas, de 47 famílias, tiveram de deixar suas residências. Foram desocupados 119 imóveis, sendo sete atingidos pelo deslocamento de rejeitos/estéril.
A Jaguar informa ainda que trabalha com empresas parceiras para resgatar os animais do povoado. Até o momento, 191 foram registrados. Desses, 148 foram devolvidos a seus tutores e levados para locais escolhidos pelos seus donos. Quatro foram para abrigo em clínica veterinária e 39 permanecem em campo por motivo de segurança. Estes últimos estão sendo monitorados e estão sob os cuidados dos parceiros.
A Jaguar Mining lamenta profundamente o ocorrido e segue prestando assistência à comunidade. Quem tiver dúvidas pode entrar em contato com a empresa pelo e-mail casquilho@jaguarmining.com.br."