Motoristas aplicam golpes em passageiros na principal rodoviária do país, em São Paulo
Falsos motoristas de aplicativos aplicam golpes em passageiros no Terminal Rodoviário do Tietê, em São Paulo.
Os golpistas estão espalhados pelo maior terminal rodoviário do país e abordam quem chega de ônibus a São Paulo. Os clandestinos, às vezes, se apresentam como taxistas ou motoristas de aplicativos, mas deixam claro que cobram o próprio preço.
Nos últimos três meses, o Jornal Nacional acompanhou a ação dos motoristas clandestinos na rodoviária de São Paulo, por onde passam, todos os dias, 90 mil pessoas. Muitas delas acabam caindo no golpe dos falsos motoristas. Segundo os boletins de ocorrência, a insistência dos golpistas acaba convencendo quem está sem bateria no celular, sem sinal de internet, quem não conhece a cidade, ou quem chegou com muita mala e prefere embarcar em um carro que já está por lá.
A abordagem, apesar de insistente, costuma ser cordial. Mas depois que o passageiro entra no carro e chega ao destino, tudo muda.
A Anita veio da Bolívia com uma amiga. As duas passaram uns dias em Angra dos Reis e foram para São Paulo de ônibus. Na rodoviária, estavam sem internet no celular e aceitaram a oferta de um motorista clandestino para ir até o Aeroporto de Guarulhos. A corrida custou todo o dinheiro que elas tinham e ainda terminou de forma violenta.
"É R$ 600 reais. Dissemos que não tinha, ele fechou as portas, gritou, arrancou com o carro e aí elas pediram para parar e pagaram”, conta.
No terminal, os motoristas costumam abordar as pessoas antes delas chegarem ao metrô ou aos pontos oficiais de táxi e de carros de aplicativos.
No domingo (22), o Fantástico mostrou que motoristas clandestinos - alguns com passagens pela polícia - também agem livremente nos terminais do Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. Eles abordam passageiros, intimidam taxistas, estacionam em local proibido e partem para cima de quem os enfrenta.
As viagens clandestinas chegam a custar dez vezes mais e podem terminar com ameaças. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, que é responsável pelo acesso ao aeroporto, os falsos motoristas fazem parte de uma organização criminosa, com uma frota irregular de 100 carros e que, em 2021, movimentava R$ 3 milhões por mês.
As autoridades se manifestaram sobre os casos flagrados tanto no aeroporto quanto na rodoviária.
A Prefeitura de São Paulo informou que somente em 2024 fiscalizou mais de 28 mil veículos entre táxis e carros de aplicativo; e somente no Terminal Rodoviário Tietê apreendeu dez; e que até outubro, 3.347 motoristas precisaram remover o automóvel após abordagem da fiscalização.
A Socicam - empresa que administra o Terminal Tietê - declarou que mantém equipes de segurança durante todo o funcionamento e aciona imediatamente os órgãos de segurança competentes para as devidas providências. A empresa afirma, ainda, que transmite avisos sonoros orientando os passageiros para utilizarem apenas os táxis e motoristas credenciados.
A assessoria de imprensa do Aeroporto de Guarulhos afirmou que precisaria de mais tempo para se manifestar.
Já a Secretaria de Segurança de São Paulo declarou que as polícias Civil e Militar intensificaram as ações contra motoristas clandestinos no Aeroporto Internacional e no Terminal Rodoviário do Tietê. A secretaria informou ainda que a Polícia Civil já indiciou nove suspeitos desses crimes no aeroporto.
Nesta segunda-feira (23), o governador Tarcísio de Freitas afirmou que vai propor uma ação conjunta das forças de segurança no aeroporto.
"Por ser um aeroporto federal, a gente precisa, realmente, conversar, articular as ações. Nós temos responsabilidade em alguma medida e o governo federal também tem a sua responsabilidade. Temos uma excelente relação aqui com a Polícia Federal, e eu tenho certeza que nós vamos encontrar um ótimo em termos de atuação conjunta para aumentar a segurança de quem utiliza o aeroporto, que é o aeroporto mais movimentado do Brasil. São mais de 40 milhões de passageiros/ano”, diz o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, do Republicanos.
LEIA TAMBÉM