Seca na Amazônia deixa comunidades com dificuldade no atendimento médico e escolar
Na Amazônia a seca histórica está deixando muitas comunidades com dificuldade de atendimento médico e escolar. O posto de saúde abria apenas uma vez ao mês. Agora, nem isso.
A artesã Joana Oliveira mora na comunidade Saracá, na Região Metropolitana de Manaus, e diz que as consultas médicas deixaram de ocorrer por causa da seca. As distâncias por terra são cada vez maiores para chegar à comunidade. Quando alguém precisa de medicamento...
“O caseiro aqui vai salvando as pessoas aqui. Vai na mata, faz o xarope caseiro e dá para as crianças. Os adultos também tomam, e assim a gente vai sobrevivendo”, conta Joana.
A técnica de enfermagem Augusta Macedo precisou caminhar pela areia por quase uma hora para chegar na comunidade. Mas a agente de saúde não tem mais remédios.
“Está faltando remédio para hipertensão, diabetes. Então, há várias medicações assim que são assim simples, só que não tem aqui”, conta.
O problema é o acesso. Toda essa região era banhada pelo Rio Negro. De barco, as pessoas desembarcavam direto na comunidade. As aulas foram suspensas porque os professores não conseguem chegar. Mas uma turma foi buscar a merenda escolar que agora chega em forma de rancho. Mais de uma hora para ir e voltar carregando peso.
“Isso que vocês estão vendo para a gente buscar alimento, a gente tem que atravessar aqui, onde era tudo água”, diz o estudante Aldrin Coldren.
Quando o solo está ressecado até com rachaduras, é mais simples para as pessoas conseguirem caminhar. O problema é quando o sol ainda não foi suficiente para secar o fundo do rio que está à mostra. Muita gente enfrenta trechos de lama pura.
A caseira Helenice Silva voltava para casa depois de alguns dias em Manaus para ir ao médico. Tentou andar, mas acabou atolando na lama. Sem conseguir se mexer, ela chorou. O marido chegou para socorrê-la.
“Já estava adormecendo a minha perna. Agora é esperar o rio encher. Fazer o que mesmo? E também não são todos os anos que dá uma seca como essa”, diz.
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