Você sabia que existe mouse vertical? É um produto que permite que seu punho e braço fiquem em uma posição neutra, o que supostamente ajuda a aliviar dores nessa região. Ah, sim, ele funciona do mesmo modo que um mouse convencional.
“O mouse normal você usa com pronação total (palma para baixo) e o vertical, com pronação média, que é o intermediário entre a total e o supino (palma para cima)”, conta Teng Hsiang Wei, coordenador do grupo de cirurgia da mão do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.
“A posição média é a mais confortável”, afirma Wei. Mas o preço a se pagar pelo conforto é alto. Os dispositivos podem custar até R$ 700, segundo pesquisa feita pelo Guia de Compras em lojas on-line. A fim de comparação, um mouse sem fio convencional custa na faixa de R$ 50 a R$ 80.
Para entender se o uso desses aparelhos ajuda e se é de fácil adaptação, o g1 testou três modelos de mouse vertical, todos sem fio, ao longo de dois meses. São eles:
O valor mais em conta entre os produtos testados era do MS900, que era encontrado por R$ 250, em junho, enquanto o MX Vertical, o mais caro, custava R$ 700 no mesmo período.
Mas não dá para escolher apenas pelo preço, já que o tamanho é um fator importante para o conforto ergonômico. Além disso, detalhes como se o rolamento e o clique do mouse fazem barulho e o nível de personalização da velocidade do ponteiro podem influenciar na escolha.
Veja os detalhes de cada produto a seguir e, no final, a conclusão do teste.
Logitech MX Vertical
- Para mãos médias e grandes
- Preço: R$ 700
O MX Vertical, da Logitech, é feito para mãos de porte médio a grande e é o mais “parrudo” do teste, pesando 135 g. Ele mede 120 mm de altura, 79 mm de largura e 78,5 mm de comprimento.
O mouse tem toque aveludado por toda a extensão, menos nos botões de cliques. São 6 botões no total, 4 deles personalizáveis.
Aliás, é o mais “barulhento” entre os três modelos testados, já que não possui clique e rolamento silenciosos.
Os valores do DPI, unidade de medida que determina a sensibilidade do mouse e a velocidade do ponteiro, vão de 400 a 4.000, intervalo suficiente para a maioria das necessidades.
O ajuste fino pode ser feito de 50 em 50 DPI, por meio do aplicativo Logi Options+, mas também dá para fazer um ajuste rápido pelo botão que fica no topo do produto.
Vale dizer que essa posição do botão não é muito prática para regular durante o uso, coisa que os outros dois modelos testados, nos quais o botão fica próximo à rodinha, fazem melhor.
Dá para conectar o MX Vertical por Bluetooth, pelo dongle USB – que é um pequeno receptor de sinal que pode ser inserido em uma porta USB – e ainda pelo cabo de carregamento USB. Ou seja, ele pode ser usado mesmo enquanto carrega, mas se transforma em mouse com fio, perdendo um pouco da mobilidade.
O mouse “lembra” de até três conexões em aparelhos diferentes por vez e tem um botão para a troca rápida entre cada um dos dispositivos conectados.
A bateria durou enquanto esteve na posse do g1, por um mês e meio. No aplicativo Logi Options+, o nível da bateria foi indicado como “bom”, com um ícone de bateria pela metade. Segundo a Logitech, com uma recarga completa, o mouse pode ficar até 4 meses sem precisar de uma nova carga.
A fabricante informa garantia de 1 ano para o produto.
Logitech Lift
- Para mãos pequenas e médias
- Preço: R$ 380
O Lift é o mouse para mãos pequenas a médias da Logitech. Tudo nele é mais compacto, desde a altura até os botões. As dimensões são de 108 mm de altura, 70 mm de largura e 71 mm de comprimento, com peso de 125 g.
É o único entre os três do teste que não é recarregável – funciona a base de uma única pilha tipo AA, que fica escondida dentro do mouse, junto com o dongle.
Nos dois meses em que esteve na posse do g1, a bateria do Lift chegou a 90%, segundo o aplicativo Logi Options+. De acordo com a Logitech, uma pilha pode alimentar o mouse por até 2 anos.
Tem acabamento suave na metade de trás, no encaixe da mão, e liso no restante. Vem com 6 botões, dos quais 4 são personalizáveis. Os cliques e o rolamento são bastante silenciosos.
O botão de DPI fica logo atrás da bolinha de rolamento e possibilita três regulagens predefinidas de velocidade do ponteiro. O aplicativo Logi Options+ oferece ajuste fino da sensibilidade em um intervalo de 400 a 4.000 DPI, aumentando de 100 em 100.
Tem recurso de rolamento inteligente: ao usar mais força, a rodinha se “desprende” ligeiramente e agiliza o movimento de subir ou descer na página. A rodinha também foi a mais silenciosa entre os testados.
Ele vem nas cores rosa, branco “off-white” e grafite. Também é o único entre os mouses do teste que tem opção para canhoto (somente na cor grafite).
A conexão pode ser feita via bluetooth ou dongle em até três dispositivos diferentes por vez.
A fabricante informa garantia de 1 ano para o Lift.
Multi MS900
- Para mãos médias e grandes
- Preço: R$ 250
Feito para mãos de porte médio a grande, o MS900 da Multi é o mouse mais barato testado pelo g1. Ele é o mais leve entre os modelos testados, pesando 124 g.
Apesar disso, tem um tamanho similar ao do MX Vertical, da Logitech, com altura de 75,9 mm, largura de 80,9 mm e comprimento de 124,5 mm.
Sua superfície é completamente lisa, o que significa uma pegada um pouco mais solta em relação aos outros dois modelos, já que a mão pode “escorregar” mais.
Assim como os outros, possui 6 botões, com recurso de clique silencioso, mas não tem suporte para aplicativo nativo de customização.
Os botões laterais formam os comandos de voltar e avançar entre páginas. O botão de ajuste de sensibilidade fica atrás da rodinha e permite alternar entre valores de 800 DPI, 1.600 DPI e 3.200 DPI, sem ajuste fino.
O mouse é recarregável e a bateria aguentou os dois meses em que o modelo ficou em posse do Guia de Compras, chegando a 60%. De acordo com a Multi, o modelo aguenta até 5 meses sem precisar recarregar.
A conexão pode ser feita com até três dispositivos de uma vez, uma pelo dongle USB e duas por Bluetooth. Você pode alternar o uso entre os dispositivos conectados por um botão na parte de baixo.
O produto tem garantia de 1 ano indicada pela fabricante.
Conclusão
TEMPO DE ADAPTAÇÃO: É bem rápido. No primeiro dia, pode atrapalhar um pouco no movimento, mas com dois dias isso já passa. Com uma semana e meia de uso, deu para dizer que movimentar mais o braço do que o punho já tinha ficado mais natural.
Uma desvantagem desse tipo de mouse é o tamanho – ele ocupa mais espaço do que um mouse comum, tanto por realmente ser maior quanto pelo formato mais “troncudo”, já que combina o tamanho de um mouse comum com a base.
Outro ponto negativo é que o formato vertical dificulta o movimento de erguer e reposicionar os mouses durante o uso. Como não dá para usar segurando pela base, como em modelos convencionais, ele acaba escorregando um pouco se você tenta fazer isso.
TAMANHO FAZ DIFERENÇA: Pode ser que, na hora de escolher, você vá pelo preço, mas isso pode ser um erro, já que usar o mouse do tamanho errado pode dar na mesma do que continuar usando o modelo tradicional – e aí não faz sentido a mudança para o vertical.
“Pode ser que você tenha que adaptar sua mão ao que comprou. Usar o mouse de tamanho inadequado pode trazer os mesmos malefícios que o mouse antigo causava: tendinite, fadiga e falta de performance”, diz o ortopedista Teng Hsiang Wei.
Não sabe o tamanho da sua mão? Para quem não sabe se tem a mão pequena, média ou grande, a Logitech sugere uma forma fácil de medir para saber qual mouse escolher.
Pegue alguns cartões de crédito e faça uma fileira com eles em uma superfície plana, com um em cima do outro. Depois, coloque a mão do lado e compare. Se sua mão for menor que três cartões, é pequena; se for mais ou menos do tamanho de três cartões, é média; se for maior que três cartões, é grande. Veja na imagem abaixo:
VAI RESOLVER A TENDINITE? Durante os testes do Guia de Compras, foi possível sentir uma melhora em dores no punho ao fim do dia. Mas, por mais que o produto ajude com o conforto e o posicionamento da mão, não é ele que vai curar uma condição de saúde.
“As pessoas que têm alguma doença ou problema ortopédico instalado devem fazer o diagnóstico no médico e tratar. O mouse isoladamente não resolve”, alerta Wei.
Agora, se a questão é a prevenção dessas doenças ou o alívio de um desconforto menor, o dispositivo pode ajudar, segundo o ortopedista. “É como se você andasse de bicicleta sem amortecimento. Colocando o amortecimento, você consegue andar mais confortavelmente”, explica.
Para ilustrar, Wei lista os efeitos dos diferentes tipos de mouse para a ergonomia, do pior ao melhor: "O mouse tradicional tem fio, então você obriga sua mão e punho a colocar na posição limitada. Esse é o sistema menos ergonômico de todos", diz.
"Agora com o sem fio, você continua com a palma para baixo. Mas ajuda mais, principalmente com um mousepad com apoio", continua ele. "Se, mesmo com tudo isso, ainda tem incômodo, pode trocar para o mouse vertical, que deixa a palma na direção oblíqua. Você não força tanto o punho", afirma Wei.
"O pior de todos é o trackpad, que tem que mexer dedos e força muito", completa o ortopedista. Trackpad, ou touchpad, é a superfície tátil que vem em notebooks para movimentar o cursor.
Wei reforça ainda que a procura pela ergonomia ideal envolve pensar em tudo: tipo de cadeira, altura da mesa e da cadeira, teclado e por aí vai. “O ambiente todo de trabalho deve estar adequado ou não vai adiantar”, diz o médico.
Como foram feitos os testes
Os mouses verticais foram usados por 2 meses em situações de trabalho e lazer, inclusive com testes em jogos casuais. Foram avaliados o conforto, a duração da bateria e a facilidade de uso e de adaptação.
As fabricantes cederam os dispositivos por empréstimo e os mesmos serão devolvidos. Além dos modelos apresentados, o Guia de Compras também solicitou o empréstimo do MS605, da OEX, mas a marca não retornou o contato.
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