Para que serve um celular dobrável?
Celular dobrável passa aquela sensação de que é um produto vindo do futuro. As fabricantes de smartphones vêm tentando convencer que vale a pena migrar do formato em barra para essas novas telas. Vale a pena usar um telefone com essa tecnologia?
O desempenho já é bastante parecido com o dos celulares mais caros que não dobram. A proteção da tela também evoluiu, mas ainda é a parte mais frágil desses aparelhos.
O Guia de Compras testou dois desses telefones recém-lançados, o Samsung Galaxy Z Fold6 e o Motorola Razr 50 Ultra.
São aparelhos com propostas bastante diferentes: o Z Fold6 é um modelo grande, voltado à produtividade. Está mais para um tablet que para um smartphone.
O Razr 50 Ultra, menor, lembra um telefone convencional dobrado ao meio, direcionado a quem quer um design diferente com cara de acessório de estilo pessoal.
Em comum, os preços altos. O da Motorola custava na faixa dos R$ 7.200 e o da Samsung, R$ 13.800 nas lojas da internet pesquisadas em julho.
Veja os detalhes dos aparelhos a seguir, as diferenças oferecidas pela telas dobráveis e, ao final, a conclusão.
Motorola Razr 50 Ultra
O Motorola Razr 50 Ultra tenta trazer de volta o conceito do celular flip. É como se fosse um modelo em barra, normal, que pode ser dobrado ao meio.
Nas lojas on-line, o Razr 50 Ultra custava R$ 7.200 em sua configuração com 512 GB de armazenamento interno.
Seu concorrente em formato é o Galaxy Z Flip6, da Samsung, que custava entre R$ 8.000 e R$ 9.000 nas lojas da internet no final de julho. Solicitado pelo Guia de Compras, o produto não chegou a tempo e será avaliado posteriormente.
O Razr 50 Ultra tem a vantagem da tela externa de 4 polegadas. Ela permite usar o aparelho (e aplicativos em geral) sem precisar abrir o display interno de 6,9 polegadas.
Dá para usar essa tela o tempo todo para checar agenda, responder mensagens e até jogar uns games feitos para esse formato menor.
O formato é pequeno: fechado, tem 8,8 x 7,3 x 1,5 cm (altura x largura x espessura), e aberto, 17,1 x 7,3 x 0,7 cm e pesa 189 gramas.
A opção por esse modelo mais “quadrado” quando fechado deixa o aparelho com a cara de um acessório da moda – tanto que a fabricante vende uma capa com alça para carregar o celular como se fosse uma bolsinha.
A Motorola não tem um sistema de inteligência artificial (IA) similar ao desenvolvido pela Samsung, mas utiliza o Gemini, do Google, para ajudar em busca de informações e reduzir a necessidade de digitar.
Basta ativar o ícone do recurso e falar ou digitar para pedir algo para a IA.
O aparelho conta ainda com funcionalidades de IA na câmera e na personalização, criando fundos de tela que combinam com a roupa, apenas tirando uma foto.
A Motorola promete uma atualização em breve que irá fazer com que a IA interaja com maior contexto com as informações pessoais do dono do telefone – oferecendo respostas personalizadas no WhatsApp, por exemplo.
Samsung Galaxy Z Fold6
O Samsung Galaxy Z Fold6 é um celular grande que até lembra aqueles “tijolões” dos anos 2000 com teclado embutido quando está fechado.
O modelo era um dos celulares mais caros à venda nas lojas on-line em julho, custando R$ 13.799, em sua configuração com 512 GB de armazenamento interno. O iPhone 15 Pro Max com a mesma capacidade custava R$ 12.500.
Fechado, ele mede 15,3 x 6,8 x 1,2 cm (altura x largura x espessura), com uma tela de 6,2 polegadas, parecido com um celular comum.
Ao ser aberto, vai para 15,3 x 13,2 x 0,56 cm, se transformando em um tablet de 7,6 polegadas. Para comparação, um iPhone 15 Pro Max tem uma tela de 6,7 polegadas. O Z Fold6 pesa 236 gramas.
O Z Fold6 pode ser usado como um substituto do notebook, para quem precisa estar na rua o dia todo e não quer carregar o computador junto.
A tela interna pode ser dividia em duas ou três partes, com um app aberto em cada uma delas – notas em um, calendário em outro e email no último, por exemplo.
A tela externa funciona como a de qualquer celular com Android. O mais interessante é começar a fazer algo nela – como consultar um mapa – e abrir o aparelho, que já move sozinho o aplicativo para o display interno.
A tela interna do Galaxy Z Fold6 é compatível com uma caneta stylus (S Pen), que ajuda a escrever e desenhar na tela. O acessório é vendido separadamente por R$ 250, em média, e estava esgotado nas lojas da internet.
Os recursos de inteligência artificial lançados com a família Galaxy S24 (veja o teste), em janeiro, ganharam atualizações para as telas dobráveis.
As funcionalidades de IA ajudam a transcrever reuniões de forma automática no aplicativo Notas, assim como resumir o conteúdo de sites.
O mais curioso é a tradução simultânea. Basta estar de frente a uma pessoa que não fala sua língua e ativar a funcionalidade.
A tradução sai na outra tela. Mas não é algo que o dono de um dispositivo desses vai usar todos os dias.
Os recursos de IA também servem para editar fotos e desenhos e transformá-los em “arte” criada de forma generativa. É só fazer um rabisco e a IA cria algumas opções.
O que dá para fazer em comum com esses dobráveis
Apesar do formato diferente, Galaxy Z Fold6 e Razr 50 Ultra também permitem fotografar de um jeito um tanto diferente, e essa é uma das suas principais vantagens em comparação a um celular convencional.
A câmera principal dos dois aparelhos tem 50 megapixels de resolução.
O fato de ter um formato que o produto pode ficar “sentado” em uma superfície, sem precisar de um tripé, ajuda muito na hora de tirar fotos em grupo e fazer vídeos.
Até a câmera de selfie (10 mp na tela externa, 4 mp na interna do Samsung, e 32 mp no Motorola) fica um tanto inútil: os dois modelos permitem usar a câmera principal para tirar autorretratos com maior qualidade.
No Z Fold6, é mais complicado porque a tela grande precisa ficar aberta.
No Razr 50 Ultra, basta “chacoalhar” o telefone mesmo fechado e tirar uma selfie com ajuda da tela frontal, como demonstrado abaixo.
Para gravar vídeos, o Razr tem um truque adicional.
Ao deixar o telefone dobrado ao meio, dá para segurar por um dos lados como se fosse uma filmadora antiga e a gravação começa de forma automática.
Desempenho
A performance desses celulares dobráveis é compatível com seus similares que não dobram, de acordo com os testes feitos pelo Guia de Compras (veja ao final como é feito).
No caso do Motorola, o correto é compará-lo ao Moto Edge 50 Ultra (veja o teste).
Nessa condição, os resultados do Razr 50 Ultra ficaram muito próximos do desempenho geral e muito pouco abaixo nos testes de vídeo.
A duração da bateria do Razr com a tela principal ligada ficou em torno de 13h, comparável ao Edge 50 Ultra (13h45).
Já o Galaxy Z Fold6, que pode ser comparado em desempenho ao Galaxy 24 Ultra (veja o teste), também obteve resultados próximos nos testes de performance e de vídeo.
Sua bateria durou na faixa das 13h40 apenas com a tela interna ligada.
Porém, esse número é difícil de comparar com outros modelos da Samsung, por conta de as duas telas serem usadas alternadamente.
Pontos fracos
Um celular dobrável é diferente de um aparelho convencional e, por conta da tecnologia envolvida, acaba sendo mais frágil.
As fabricantes dizem que as dobradiças internas são reforçadas e que vários materiais usados na construção ajudam na proteção adicional.
O Z Fold6 tem proteção contra poeira e água (IP48 – entenda o que são os números). O Razr 50 Ultra, apenas contra água (classificação IPX8).
A tela interna também é mais sensível e merece atenção extra. Bom lembrar que a primeira geração do Galaxy Fold precisou ser recolhida das lojas porque tinha uma película protetora que saía fácil e estragava o aparelho por completo.
E, tanto no Motorola quanto no Samsung, o vinco ao meio da tela segue como um problema perceptível. Quando você vê o vinco, não dá para esquecer que ele está lá.
Vale a pena ter um dobrável?
Sim, se você pensa ter um smartphone diferente de todos.
Tanto o Razr 50 Ultra quanto o Galaxy Z Fold6 chamam atenção pelo design e pela novidade, mesmo não sendo os primeiros dessa categoria de produtos.
São aparelhos com desempenho comparável aos seus "irmãos" que não têm a tela dobrável e oferecem alguns dos recursos mais avançados em celulares na atualidade
Apesar das fabricantes dizerem que são aparelhos mais protegidos, ainda passam uma sensação de fragilidade, principalmente na tela interna.
E, claro, ainda é um investimento bastante caro (a partir de R$ 7.200).
Como foram feitos os testes
Para os testes de desempenho, foram utilizados três aplicativos: PC Mark e 3D Mark, da UL Laboratories, e o GeekBench 6, da Primate Labs. Eles simulam tarefas cotidianas dos smartphones, como processamento de imagens, edição de textos, duração de bateria e navegação na web, entre outros.
Esses testes rodam em várias plataformas – como Android, iOS, Windows e MacOS – e permitem comparar o desempenho entre elas, criando um padrão para essa comparação.
Para os testes de bateria, as telas dos smartphones foram calibradas para 70% de brilho, para poder rodar o PC Mark. Isso nem sempre é possível, já que nem todos os aparelhos permitem esse ajuste fino.
A bateria foi carregada a 100% e o teste rodou por horas até chegar ao final da carga. Ao atingir 20% ou menos de carga, o teste é interrompido e mostra o quanto aquele smartphone pode ter de duração de bateria, em horas/minutos.
Pelo fato de os aparelhos serem bastante diferentes, a qualidade das câmeras não foi comparada.
Os produtos foram cedidos para o teste e serão devolvidos.
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