Máquina de sorvete: g1 testa 2 aparelhos para fazer o doce em casa

As sorveteiras são automáticas e fáceis de usar, mas têm preço alto e as receitas podem ser trabalhosas.

Por Laís Ribeiro, g1


Máquina de sorvete funciona mesmo? g1 testa 2 aparelhos para fazer o doce em casa — Foto: Verônica Medeiros

As sorveteiras domésticas com compressor são máquinas que batem sorvete a partir de uma base cremosa ou líquida e gelam automaticamente, sem necessidade de deixar a tigela no congelador previamente, como acontece em modelos mais simples.

Além do compressor, que resfria pelo mesmo princípio de uma geladeira, esses aparelhos também são equipados com um motor, que move uma pá e bate a mistura lá dentro para que fique cremosa.

São produtos grandes e pesados – ou seja, não são portáteis – e caros, na faixa dos R$ 1.500 até R$ 5.000, mas que prometem resultados melhores do que o clássico sorvete de pote do mercado e muito parecidos com o doce que você pede em uma sorveteria ou restaurante.

🍨 O grande apelo desses aparelhos é a possibilidade de fazer sorvete em casa a qualquer hora, de qualquer sabor e com os ingredientes que você mesmo escolhe. Ou seja, o doce fica cremoso e não tem a gordura hidrogenada usada em sorvetes industrializados.

E tudo isso de forma automática, já que as máquinas possuem um sensor para desligar quando o doce fica pronto – o que leva entre 40 e 50 minutos.

Mas o uso não é tão simples assim, pois muitas das receitas mais cremosas requerem um esforço na cozinha antes de ir para a sorveteira. Aliás, contando com o tempo de preparo da base, os 50 minutos mencionados acima se tornaram quase duas horas desde a separação dos ingredientes até o momento de servir a sobremesa.

O g1 testou dois modelos de sorveteiras com compressor com capacidade de 1 litro: a EOS ESO02, mais simples, e a Tramontina Express by Breville, com mais funções.

O Guia de Compras testou receitas de sorvete de creme, sorvete de chocolate e sorbet de limão, sugeridas pelas próprias fabricantes. Apesar das diferenças entre si, os aparelhos funcionam de forma similar e produziram resultados bastante parecidos.

Leia sobre os produtos abaixo e, no fim da reportagem, veja a conclusão e como foram feitos os testes.

A Sorveteira Expressa ESO02 da EOS é a mais simples entre os dois modelos testados. Por isso, é a mais barata: custava, em fevereiro, R$ 1.330 nas lojas on-line consultadas. A garantia é de 1 ano.

As dimensões do produto são 35 cm de largura, por 22 cm de altura e 26 cm de profundidade e o peso é de 7,4 kg, o que faz dele menor e mais leve que o da Tramontina.

É também a mais “silenciosa” das duas máquinas: faz barulho quando está funcionando, mas baixo o suficiente para não incomodar.

Ela vem com três botões automáticos e não tem modo manual nem os recursos extras que a sorveteira da Tramontina tem, como o mostrador de temperatura. Veja na imagem abaixo:

Visor da sorveteira EOS ESO02 — Foto: Laís Ribeiro

As funções contempladas pela máquina são a de resfriamento, que usa só o compressor, a de mistura simples, que só liga o motor, e a de sorvete, que usa os dois ao mesmo tempo.

A de resfriamento pode ser usada tanto para pré-refrigerar o cesto e a mistura como para manter o sorvete pronto congelado por um tempo.

Esse modo é acionado automaticamente quando o sorvete fica pronto e dura cerca de uma hora antes da máquina entrar no modo de espera ou ser desligada manualmente.

A função principal é a de fazer sorvete: basta colocar a mistura no aparelho e apertar para que comece a ser feito. Ele só vai parar quando detectar a consistência adequada do sorvete – ou quando o mecanismo de segurança que evita o superaquecimento for acionado.

Durante o funcionamento, é possível acompanhar o tempo decorrido no visor digital e visualizar o sorvete através da tampa transparente – embora não seja tão fácil de ver quanto na máquina da Tramontina, que tem uma abertura na tampa.

O sensor automático de consistência da sorveteira foi capaz de interromper a operação no ponto certo de cremosidade e textura e todas as receitas testadas deram certo, mas também tem um botão de pause, caso seja necessário.

A máquina levou uma média de 50 minutos para bater a mistura até o final.

A ESO02 acompanha uma pá se encaixa na tampa da máquina, mas isso não impediu o sorvete de ser batido no fundo do balde, o que foi uma preocupação inicial durante o teste.

No fim, o posicionamento da pá foi um ponto positivo durante a limpeza, já que, em comparação com a Tramontina Express, não havia lugares difíceis de alcançar.

Pá da sorveteira EOS ESO02 — Foto: Laís Ribeiro

Além da pá, os outros acessórios que vêm com o aparelho são a espátula e o copo medidor. A limpeza foi simples: os três são de plástico e podem ser colocados na lava-louças.

A tigela de mistura é mais frágil, portanto, não pode ir ao congelador e só deve ser lavada à mão, com água e detergente neutro.

A Soveteira Express da linha by Breville, da Tramontina, é mais completa e mais cara. Foi encontrada por R$ 4.630 nas grandes lojas da internet, em fevereiro, com garantia de 1 ano.

Grande e pesada, mede 28 cm de largura, por 28 cm de altura e 41 cm de comprimento e pesa 11,7 kg.

Tem vários recursos que a da EOS não possui, como a trava contra crianças, o indicador de temperatura e a tampa com abertura, que permite ao usuário acrescentar ingredientes como gotas de chocolate ou pedaços de fruta durante o funcionamento.

Tampa aberta da Sorveteira Express da Tramontina — Foto: Laís Ribeiro

Outro diferencial é que o modo automático é controlado por um botão giratório que permite escolher níveis de consistência para sorvete, gelato, frozen yogurt e sorbet. Para fazer sua sobremesa, você precisa escolher um desses níveis e então iniciar o processo. Veja o display na imagem abaixo:

Display da Sorveteira Express da Tramontina — Foto: Laís Ribeiro

A sorveteira avisa, com um texto no visor, o momento de acrescentar ingredientes pela abertura da tampa. Durante o teste, no entanto, a janela de tempo em que o aviso apareceu foi curta e exigiu atenção quase constante, sendo que uma das vantagens do aparelho seria deixar ele funcionando sozinho.

Caso você prefira usar o modo manual, é só selecionar a função e então definir o tempo entre 5 e 180 minutos.

O modo automático, porém, parece funcionar melhor. A receita de sorbet de limão pedia que a mistura fosse batida por 50 minutos, mas a máquina – que estava no automático – não parou nesse tempo e teve que ser pausada.

Mas, na hora de verificar a consistência, ainda havia uma porção um pouco líquida no fundo da tigela. A solução foi iniciar o aparelho novamente e deixar que ele batesse até parar automaticamente, o que levou mais uns 10 minutos.

Para avisar que o sorvete está pronto, o aparelho emite um bipe cujo volume pode ser regulado. Mas o que não dá pra controlar é o barulho que ele faz enquanto bate a mistura, que é mais alto que o da EOS.

Assim como a ESO02, a sorveteira da Tramontina tem a função de resfriamento, que utiliza apenas o compressor e também liga automaticamente quando o sorvete fica pronto, para não derreter, ou pode ser acionada manualmente no começo do processo, para pré-resfriar a mistura.

A tigela não deve ser lavada na lava-louças e nem armazenada no congelador, segundo o manual do produto.

A pá que acompanha o produto se encaixa diretamente na tigela, que vem com um tipo de tubo no meio com uma abertura no topo e no fundo. A pá também tem formato de tubo e deve ser inserida no meio da tigela. Veja na foto abaixo:

Tigela e pá da Sorveteira Express da Tramontina — Foto: Laís Ribeiro

Por conta desse formato, a máquina também vem com uma escova alongada para limpar os dois tubos, que são difíceis de alcançar sem esse utensílio.

Conclusão

🍦 Faz sorvete mesmo?

Seguindo as receitas, você consegue um resultado muito parecido com o sorvete comercial e até mais gostoso do que o sorvete de pote, já que você vai usar ingredientes frescos.

Os sorvetes ficaram densos e cremosos e o sorbet derreteu na boca, assim como se comprados numa sorveteria. Só a tentativa de frozen yogurt que não deu muito certo – ficou muito mole – e deixou a lição: a cremosidade é mais garantida quando os ingredientes contêm mais gordura na composição.

Sorvete de creme feito com a sorveteira da Tramontina — Foto: Laís Ribeiro

🧑‍🍳 Fazer o preparo da base – a mistura que você vai despejar no cesto da sorveteira – não é nenhuma moleza. Para fazer cada receita, foram necessárias cerca de duas horas até o sorvete ficar pronto, incluindo as tarefas de cozinhar, levar à batedeira, voltar ao fogo, esperar esfriar e então deixar a máquina fazer sua parte.

O Guia de Compras usou os livros de receitas que acompanham os aparelhos como parâmetro, mas o dono da sorveteira é livre para escolher qual receita quer usar e até inventar a própria. Dá para bater frutas com água, leite ou creme e nunca mais ter que jogar fora por passarem do ponto.

Para quem gosta de chocolate, uma dica é preferir o cacau em pó. "Quando se usa chocolate em barras ou em gotas, é preciso calcular a quantidade de gordura na receita, porque ele vai ter manteiga de cacau na composição, que interfere na textura em baixa temperatura", diz Ale Sotero, chef de confeitaria do restaurante Mocotó.

"Para fazer isso em casa, ou você precisa entender muito bem a receita para equilibrar a gordura e os demais ingredientes, ou você usa o cacau em pó e consegue um bom sorvete de chocolate como resultado final", conta Sotero.

💰 Preços: Os sorvetes de creme e chocolate usaram mais ingredientes e, por isso, foram mais caros.

Para produzir um litro de sorvete de creme, que usou creme de leite fresco, creme de leite, ovos e essência de baunilha na composição, foi preciso gastar cerca de R$ 40, com sobra de ingredientes.

O litro do sorvete de chocolate, feito com creme de leite fresco, leite, ovos e chocolate em barra, custou cerca de R$ 55.

O sorbet de limão, que levou água, açúcar, um ovo e suco de limão, foi bem mais barato, totalizando por volta de R$ 10.

🍨 Dá para servir direto da máquina?

Quando o doce foi servido direto da máquina para o copo, começou a derreter. Ou seja, ele só segura a temperatura fria enquanto está dentro do cesto, que também está gelado.

Isso não chegou a incomodar durante o teste, porém, se o objetivo for uma consistência mais firme, ambas as marcas sugerem deixar o sorvete no congelador por cerca de duas horas antes de servir.

Sorvete de chocolate feito na sorveteira da EOS — Foto: Laís Ribeiro

🕖 Dia seguinte: tanto a EOS como a Tramontina avisam, nos manuais, que o sorvete pode ser guardado no congelador por uma semana após a produção.

No entanto, o teste constatou que guardar o doce fez formar cristais de gelo na superfície, o que alterou um pouco o gosto e a textura, da mesma forma que acontece com os sorvetes do supermercado. O sorbet, particularmente, virou quase uma pedra por ser feito com água e fruta.

Sorbet de limão feito na máquina da Tramontina — Foto: Laís Ribeiro

Isso é porque o sorvete artesanal não leva substâncias estabilizantes, que dão a textura conhecida na versão industrializada. Outra questão é que, enquanto está na máquina, o sorvete está sendo batido e movimentado constantemente, o que evita que cristais grandes se formem.

No geral, pode-se armazenar o sorvete, mas é bem melhor tomar assim que ficar pronto ou, pelo menos, algumas horas depois. Quanto mais dias ficar no congelador, mais duro ficará.

Qual é a diferença para as sorveteiras de restaurante?

No geral, os modelos testados são bem parecidos com os usados por restaurantes. "Ambas as máquinas são ótimas para o propósito doméstico", afirma Ale Sotero.

"Elas tem um sistema de refrigeração por compressor que as tornam autorrefrigeráveis e faz com que consigam manter a baixa temperatura por mais tempo durante o processo do sorvete", explica o confeiteiro. "Por isso, são aparelhos que entregam resultados similares aos profissionais".

O compressor deixa as máquinas mais caras se comparadas com outras mais simples. Os modelos mais baratos geralmente contam com uma tigela que precisa ser colocada no freezer antes de bater a mistura.

Fazer isso nessas máquinas vai contra a recomendação das fabricantes, que avisam: “A mistura de sorvete não deve ser congelada previamente e depois colocada na sorveteira. Dessa forma, o sorvete se solidificará antes do tempo e o motor travará. O motor será desligado porque entrou no circuito de proteção antes do tempo.”

A maior diferença, segundo Sotero, é a capacidade de produção. As sorveteiras domésticas ficam em torno de 1 ou 2 litros, enquanto que as profissionais possuem volume muito maior.

Como foram feitos os testes

As receitas foram retiradas dos livretos que acompanham os produtos. As bases do sorvete de chocolate e do sorbet de limão foram feitas seguindo as instruções da Tramontina. A base do sorvete de creme foi preparada conforme as orientações da EOS.

Cada receita foi testada duas vezes, uma vez em cada máquina.

A escolha dos modelos foi feita buscando os principais fornecedores desse tipo de produto nas lojas on-line. As máquinas foram enviadas por empréstimo e serão devolvidas.

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