Os jabutis voltaram à Floresta da Tijuca no dia 16 de janeiro de 2020, após dois séculos ausente. O Brasil só tem duas espécies: os tingas e os pirangas. Para os nossos índios, este é um animal sagrado.
Por séculos, os jabutis foram caçados pela carne e para serem domesticados. Os que foram e estão sendo reintroduzidos na floresta vêm de Mato Grosso e de Minas Gerais.
Antes de serem soltos na mata, os primeiros 15 jabutis ficaram seis meses aclimatando. Outros 15 não ficaram. Agora, estão livres pra ter uma vida normal. A espécie é solitária, mas de vez em quando eles se encontram. E quando isso acontece, estarão acasalando, colocando ovos para gerar as próximas gerações de jabutis na floresta.
A cutia foi a primeira espécie reintroduzida no local, em fevereiro de 2010, e é muito importante para garantir a existência dos estágios mais avançados da floresta, como as gigantes cutieiras. O animal é um dos poucos que consegue romper a casca grossa da árvore e enterrar essa semente na floresta.
Onze cutias foram soltas em 2010 e agora já são mais de 50, mostrando que houve uma boa adaptação delas após um século longe.
Os macacos bugios voltaram à floresta em 2015. Apenas quatro foram reintroduzidos, porque desde 2017 os pesquisadores não foram mais autorizado a translocar animais por causa da febre amarela.
Um segundo grupo está em quarentena, aguardando para ir para o novo lar, a mais de 50 quilômetros de distância, no Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, em Guapimirim, na Baixada Fluminense. Uma área de proteção criada em 1975, modelo único no mundo e exemplo de preservação da vida selvagem.
Após serem vacinados contra a febre amarela em pesquisa desenvolvida em parceria com a Fiocruz, eles estavam prontos para embarcar para a floresta, mas a preocupação com o coronavírus acabou adiando novamente a mudança, já que existe risco de o vírus ser muito grave ou letal também para os macacos.
A reintrodução do mico-leão-dourado, a estrela da Mata Atlântica, na Floresta da Tijuca é um sonho para os biólogos do projeto. Ameaçada de extinção, a espécie está sendo preservada no Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, mas há planos para levá-los de volta à mata que já foi seu habitat natural e que é uma área com potencial para sua readaptação à vida selvagem.
Os tucanos-do-bico-preto foram reintroduzidos à Floresta da Tijuca nos anos 1970, após desaparecerem do local na década de 1960 devido à perda de mata. O pesquisador Coimbra Filho —que também salvou o mico-leão-dourado de extinção — soltou 47 aves da espécie no local.
Há quatro anos, pesquisadores acompanham estes tucanos e estudam a dieta e a reprodução deles nos ninhos, que é uma cama de sementes e mantêm os filhotes aquecidos.
Assim como os tucanos, as jiboias foram levadas de volta à Floresta da Tijuca nos anos 1970.
A Universidade Rural do Rio de Janeiro estuda a volta das iguanas à floresta. Segundo registros, elas já foram avistadas no local em expedições científicas em 1817.
A próxima espécie que será reintroduzida na Floresta da Tijuca pelo projeto Refauna é a arara-canindé. Promessa para ano que vem! Se tudo der certo, em 2022 a mata ganhará mais cor com bandos da espécie.
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Animais são reintroduzidos na fauna da Floresta da Tijuca por projeto