Circula nas redes sociais um vídeo que mostra o médico Drauzio Varella fazendo propaganda de um produto chamado Ozempslim apresentado como emagrecedor. É #FAKE.
O anúncio aparece nas redes sociais com a frase: "É o fim da bariátrica. Seca 4kg de banha em 7 dias". No vídeo, uma voz que imita a de Drauzio Varella diz: "Novo medicamento aprovado pela Anvisa chega ao Brasil e promete por fim à bariátrica. Vim conferir de perto. Hoje, vim acompanhar o processo de fabricação do Ozempslim, o emagrecedor que começou a ser produzido no Brasil. Ele já era muito utilizado por brasileiros, principalmente famosos, que importavam de outros países. Agora começou a ser produzido em Governador Valadares, na cidade de Minas Gerais. E estou aqui para acompanhar todo o processo de produção, já que ele é aprovado pela Anvisa. Ele é um medicamento inovador, extraforte, com componentes importados dos países mais desenvolvidos do mundo, como a Suíça e o Japão. É um tratamento em gotas, que deve ser utilizado apenas uma vez por dia e vem ajudando milhares de brasileiros a eliminar peso e gorduras localizadas com excelentes resultados. Por ser um tratamento 100% natural e aprovado pela Anvisa, ele não tem contraindicação e não causa nenhum efeito colateral. Ele é indicado para todas as pessoas que querem emagrecer e eliminar gordura, mesmo que tenham algum tipo de doença. Por exemplo, se você tem diabetes, pressão alta ou faz uso de medicamentos controlados, pode tomar sem preocupação. Ele age no organismo, inibindo a fome, reduzindo a ansiedade e não causa o efeito rebote. Ou seja, depois que parar de tomar, você não engorda de novo. Vou pedir à produção para deixar o contato do Dr. Fábio Roberto logo abaixo deste vídeo, para que o pessoal de casa possa chamá-lo e fazer seu pedido. Eles enviam para todo o Brasil. Me disseram que estão com uma promoção disponível esta semana. E, por conta da grande procura, são poucas unidades disponíveis. Uma dica, tome essa decisão antes que seja tarde demais."
A imagens de Drauzio Varella em um laboratório foram extraídas de um vídeo autêntico, hospedado em seu canal no Youtube, em que fala de outro assunto: a linha de produção de medicamentos genéricos.
A ferramenta TrueMedia aponta substancial evidência de uso de inteligência artificial na fabricação do áudio que imita a voz de Varella, assim como na manipulação do rosto, para fazer o movimento dos lábios do médico coincidir com a fala atribuída a ele. A ferramenta ElevenLabs apontou probabilidade de 84% de o áudio ter sido gerado com inteligência artificial.
O Fato ou Fake mostrou o vídeo adulterado para a assessoria de Drauzio Varella, que respondeu que Drauzio não faz recomendações ou vendas de medicamentos nas redes sociais ou televisão, nem em nenhum outro meio. "A publicidade mencionada não é apoiada ou feita por nós", diz a nota.
A assessoria de Varella sugere ainda um vídeo em que ele esclarece que não faz propaganda de nenhum medicamento. "São estelionatários, eu canso de avisar, mas eles aparecem em grande número. Não acredite, eu nunca fiz e nunca farei propaganda de nenhum medicamento. Isso é vedado pelo Código de Ética Médica".
O Fato ou Fake também mostrou o vídeo para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mencionada no vídeo. A assessoria da agência afirma que em busca na base de dados da Anvisa não foi identificado nenhuma regularização (registro/notificação) do produto de nome Ozempslim, o que o torna irregular no mercado. É possível consultar os produtos registrados no link htttps://consultas.anvisa.gov.br/#/
O mesmo vídeo era usado em 41 anúncios na biblioteca de anúncios da Meta em 19 de novembro. Procurada, a assessoria da Meta afirma que "atividades que tenham como objetivo enganar, fraudar ou explorar pessoas não são permitidas em nossas plataformas e estamos sempre aprimorando a nossa tecnologia para combater atividades suspeitas. Usamos uma combinação de denúncias da nossa comunidade, tecnologia e revisão humana para aplicar nossas políticas".
O Fato ou Fake tentou contato com a página atribuída ao Ozempslim, para obter posicionamento sobre a autenticidade do vídeo, mas não obteve retorno.
Fato ou Fake explica:
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