O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), divulgado pelo Banco Central nesta sexta-feira (13), mostrou expansão de 0,1% em outubro, na comparação com o mês anterior (leia mais abaixo).
Com isso, houve relativa estabilidade no índice.
O cálculo é feito após ajuste sazonal — ou seja, uma forma de comparar períodos diferentes.
Esse foi o terceiro mês seguido de alta do indicador, que apresentou, entretanto, desaceleração na comparação com setembro, quando foi registrado um crescimento de 0,9%.
O IBC-Br é considerado a "prévia" do Produto Interno Bruto (PIB) — soma de todos os bens e serviços produzidos no país, que mede a evolução da economia.
- Na comparação com outubro do ano passado, o indicador alcançou aumento de 7,3%, segundo o Banco Central.
- Nos dez primeiros meses de 2024, o aumento acumulado é de 3,7% em relação ao mesmo período de 2023. Já em 12 meses até outubro, a alta foi de 3,4%.
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Resultado positivo
Apesar da desaceleração no ritmo de crescimento da prévia do PIB em outubro, analistas avaliaram que o resultado foi positivo, uma vez que era esperada uma retração de 0,2% no indicador.
"O dado superou as expectativas demonstrando certa resiliência na economia brasileira, mesmo em um cenário de juros elevados. Apesar do desempenho positivo, o ritmo mais moderado em relação aos meses anteriores indica os efeitos das condições monetárias restritivas [alta dos juros]", avaliou João Kepler, CEO da Equity Fund Group.
Segundo Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, a desaceleração do crescimento dá indícios, entretanto, de "um enfraquecimento gradual da atividade econômica".
"Em um cenário de ciclo de alta da Selic com a sinalização de novos aumentos nos próximos meses, a desaceleração reforça o impacto das condições monetárias mais restritivas. Essa dinâmica deve continuar moderando o crescimento econômico, alinhado à estratégia do Banco Central de conter pressões inflacionárias e trazer a inflação de volta ao centro da meta [de inflação, de 3%]", acrescentou o analista.
Para Jefferson Laatus, chefe-estrategista do Grupo Laatus, o atual cenário da economia pode aumentar o interesse por investimentos em dólar, já que a desaceleração da economia brasileira, combinada com a volatilidade do câmbio, reforça a busca por ativos mais ricos e protegidos contra a desvalorização do real.
"No entanto, essa dinâmica também abre espaço para oportunidades estratégicas, especialmente para quem busca diversificar em mercados dolarizados enquanto mantém exposição ao potencial de recuperação do Brasil", concluiu.
Atividade tem surpreendido
Os números da atividade têm surpreendido tanto o mercado financeiro quanto o Banco Central, que têm elevado sistematicamente, com o passar do tempo, suas projeções de expansão da economia.
No terceiro trimestre deste ano, o PIB avançou 0,9%, acima novamente das projeções dos economistas.
Na semana passada, os analistas do mercado financeiro elevaram a expectativa de crescimento da economia para 3,4% neste ano. Há três meses atrás, a estimativa era de uma alta menor, de 2,7%.
O Banco Central avaliou, por meio do comunicado da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que "o conjunto dos indicadores de atividade econômica e do mercado de trabalho segue apresentando dinamismo".
O cenário de atividade aquecida, com o mercado de trabalho apresentando bom desempenho, acontece apesar do Banco Central ter iniciado o processo de alta de juros, com três elevações seguidas. E ter indicado duas novas altas no início de 2025.
Atualmente, a taxa está em 12,25% ao ano, a segunda maior taxa do mundo em termos reais. O BC calibra a taxa de juros para atingir a meta de inflação dos próximos anos, que é de 3%, com teto de 4,5%.
PIB e IBC-Br
O PIB mede o desempenho da economia. Se o indicador cresce, significa que a economia vai bem e produz mais.
Se o PIB cai, quer dizer que a economia está encolhendo. Ou seja, o consumo e o investimento total são menores.
- 🔎Contudo, nem sempre a alta do PIB equivale a bem-estar social.
Já o IBC-Br é um índice criado para tentar antecipar o resultado do PIB, mas os resultados nem sempre mostraram proximidade com os dados oficiais divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O cálculo do PIB, divulgado pelo IBGE, e do IBC-Br é um pouco diferente — o indicador do BC incorpora estimativas para a agropecuária, a indústria e o setor de serviços, além dos impostos, mas não considera o lado da demanda (incorporado no cálculo do PIB do IBGE).
O IBC-Br é uma das ferramentas usadas pelo BC para definir a taxa básica de juros do país. Com o menor crescimento da economia, por exemplo, teoricamente haveria menos pressão inflacionária.