A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou nesta terça-feira (10) três indicações do governo Lula para a diretoria do Banco Central.
Nilton David, Izabela Correa e Gilneu Vivan foram indicados pelo presidente em novembro. Para poderem assumir a partir de janeiro de 2025, os indicados ainda precisam ser aprovados pelo plenário da Casa.
Nilton David foi aprovado pela CAE por 22 votos a 5. Izabela Correa, por 24 votos a 3 e Gilneu Vivan por 23 a 4 (veja os perfis deles aqui).
Antes da votação, eles foram sabatinados pelos senadores da comissão e disseram ter compromisso com o controle da inflação no Brasil.
Os economistas foram aprovados para as seguintes diretorias:
- Nilton David foi indicado para assumir a Diretoria de Política Monetária do Banco Central, cargo hoje ocupado por Gabriel Galípolo, futuro presidente da autoridade financeira
- Izabela Correa foi indicada para a diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta
- Gilneu Vivan, se aprovado pelo plenário, assumirá o cargo de diretor de Regulação
A diretoria do BC compõe o Comitê de Política Monetária (Copom), colegiado responsável por fixar a taxa básica de juros da economia e é composta por 9 diretores, sendo um deles, o presidente.
Galípolo, indicado por Lula, assumirá após o fim do mandato do atual presidente do banco, Roberto Campos Neto, indicado pelo governo anterior.
Se os nomes dos três novos diretores forem aprovados, a diretoria do BC terá, ao todo, sete escolhidos por Lula. Os quatro hoje no órgão são: Paulo Picchetti, Rodrigo Alves, Galípolo e Ailton Santos.
A principal atribuição dos diretores do Banco Central é o controle da inflação. No Brasil, vigora o sistema de metas, nas quais o BC tem de mirar. A taxa básica de juros da economia, a Selic, é o principal instrumento utilizado pela instituição.
A aprovação dos novos diretores na comissão acontece no mesmo dia que o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para determinar a nova taxa básica do país.
Atualmente, a taxa Selic está em 11,25% ao ano, e a expectativa do mercado é de que a taxa avance para 12% ao ano no fim de 2024 e para 13,50% ao ano no fechamento de 2025.
Com a aprovação da autonomia do Banco Central em 2021, na gestão Bolsonaro, o presidente e diretores do Banco Central passaram a ter mandato fixo. Até o fim deste ano, a diretoria é composta, em sua maioria, ainda por nomes escolhidos por Bolsonaro.
Perfis
Banco central divulga ata da reunião da semana passada do Copom
- Gilneu Francisco Astolfi Vivan
Com quase 30 anos de atuação no Banco Central, Gilneu Francisco Astolfi Vivan atualmente chefia o Departamento de Regulação do Sistema Financeiro (Denor).
Mestre em Economia pela Universidade de Brasília (UnB) e bacharel pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Vivan desempenhou papéis-chave em áreas sensíveis do sistema financeiro nacional, como o monitoramento de riscos sistêmicos.
No cenário internacional, representou o Brasil em grupos como o Analytical Group on Vulnerabilities, do Financial Stability Board, contribuindo para a análise de ameaças globais ao sistema financeiro.
- Izabela Moreira Correa
Servidora de carreira do Banco Central desde 2006, Izabela Moreira Correa possui um sólido histórico na administração pública. Atualmente, é Secretária de Integridade Pública na Controladoria-Geral da União (CGU).
Com doutorado em Governo pela London School of Economics and Political Science (LSE), Izabela foi pesquisadora de pós-doutorado na Escola de Governo da Universidade de Oxford.
Também é mestre em Ciência Política pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e graduada em Administração Pública pela Fundação João Pinheiro.
- Nilton José Schneider David
Com carreira no mercado financeiro, Nilton José Schneider David é chefe de Operações Tesouraria do Bradesco, cargo em que atua na gestão de ativos e passivos de uma das maiores instituições financeiras do país.
Engenheiro de Produção pela Universidade de São Paulo (USP), Nilton acumulou experiência em instituições no Brasil e no exterior, reforçando sua capacidade de diálogo com o setor privado.