O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil cresceu 0,9% no terceiro trimestre de 2024, na comparação com os três meses imediatamente anteriores, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta terça-feira (3).
Este é o 13º resultado positivo consecutivo do indicador em bases trimestrais. O saldo vem depois de a atividade econômica brasileira crescer 1,4% no segundo trimestre.
Neste terceiro trimestre, a Indústria (0,6%) e o setor de Serviços (0,9%) tiveram altas importantes, e compensaram a queda de 0,9% da Agropecuária.
Pelo lado da demanda, todos os itens cresceram. O Consumo das famílias cresceu 1,5%, o Consumo do governo subiu 0,8%, enquanto os Investimentos tiveram ganho de 2,1% neste trimestre.
Em valores correntes, o PIB totalizou R$ 3 trilhões. Foram R$ 2,6 trilhões vindos de Valor Adicionado (VA) a preços básicos, e outros R$ 414 bilhões de Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios.
Com os resultados, o PIB brasileiro teve alta de 4% em relação ao mesmo trimestre de 2023. Já a alta acumulada em quatro trimestres é de 3,1%.
Para Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, ainda que o resultado trimestral tenha sido mais fraco que o do trimestre anterior, não gera por ora uma preocupação com uma possível desaceleração brusca da atividade econômica.
"Apesar dos patamares elevados, a taxa básica de juros ainda tem efeito muito pequeno na atividade do terceiro trimestre. A política monetária leva um tempo grande para ter efeito sobre economia, e o crescimento vem em cima de uma base de comparação bastante alta", diz Palis.
Principais destaques do PIB no 3º trimestre:
- Serviços: 0,9%
- Indústria: 0,6%
- Agropecuária: -0,9%
- Consumo das famílias: 1,5%
- Consumo do governo: 0,8%
- Investimentos: 2,1%
- Exportações: -0,6%
- Importação: 1%
PIB: economia brasileira cresce 0,9% no 3º trimestre
PIB cresceu 0,9% contra o trimestre anterior
Segundo o IBGE, a alta do PIB deste trimestre foi puxada pelo setor de Serviços (0,9%), o de maior peso do PIB. Com o crescimento constante nos últimos trimestres, o setor renovou mais uma vez seu maior patamar em toda a série histórica do indicador.
As principais atividades subiram no período, com destaque para Informação e comunicação (2,1%), Outras atividades de serviços (1,7%) e Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,5%).
Também cresceram as Atividades imobiliárias (1%), Comércio (0,8%), Transporte, armazenagem e correio (0,6%) e Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,5%).
A Indústria teve alta no balanço final, com ganho de 0,6% no trimestre, mas a abertura para subsetores traz resultados mistos.
As Indústrias de transformação tiveram alta de 1,3% contra o trimestre anterior. Já a Construção (-1,7%); Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (-1,4%) e Indústrias extrativas (-0,3%) tiveram queda.
Com isso, a Indústria segue 4,7% abaixo de seu pico histórico, vindo do terceiro trimestre de 2013.
A Agropecuária teve queda de 0,9% no terceiro trimestre, com previsão da queda de produção de laranja para o ano. Segundo Rebeca Palis, do IBGE, a fruta tem peso relevante, de quase metade das safras deste trimestre, empurrando o resultado para baixo.
Pela ótica da despesa, o Consumo das famílias registrou a alta mais importante entre os setores, com ganho de 1,5% no trimestre. É o recorde da série histórica do PIB.
"O mercado de trabalho é um efeito positivo. Temos a mínima de desocupação e a massa salarial que tem aumentado recorrentemente, o que coloca a renda do trabalho na mão das familias. Além disso, a inflação está acima da meta, mas não está em níveis altíssimos", diz Rebeca Palis, do IBGE.
Houve uma desaceleração do Consumo do governo, que cresceu 0,8% no terceiro trimestre, contra 1,3% no segundo trimestre. Mas também é o maior patamar da série. "O governo tem sido importante agente para o desempenho e crescimento da economia", diz Palis.
Já os Investimentos (ou Formação Bruta de Capital Fixo) voltaram a subir 2,1% em relação ao trimestre imediatamente anterior, em que já havia registrado alta de 2,1%. Ainda que apresente boa recuperação em 2024, o setor ainda está 10,8% abaixo do seu maior patamar na série, que aconteceu no segundo trimestre de 2013.
Ainda assim, a taxa de investimento cresceu e foi de 17,6% do PIB, acima dos 16,4% registrados no terceiro trimestre de 2023.
Por fim, as Exportações de Bens e Serviços tiveram queda de 0,6% neste trimestre. As Importações de Bens e Serviços subiram 1%.
Principais destaques do PIB contra o mesmo trimestre de 2023:
- Serviços: 4,1%
- Indústria: 3,6%
- Agropecuária: -0,8%
- Consumo das famílias: 5,5%
- Consumo do governo: 1,3%
- Investimentos: 10,8%
- Exportações: 2,1%
- Importação: 17,7%
PIB cresce 0,9% no 3º trimestre
PIB cresce 4% em relação ao mesmo trimestre de 2023
O setor de Serviços avançou 4,1% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, com todas as suas atividades no campo positivo. Destaques para Informação e comunicação (7,8%); Outras atividades de serviços (6,4%); Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (5,1%).
Ainda com altas expressivas estão o Comércio (3,9%); Atividades imobiliárias (3,1%); Transporte, armazenagem e correio (2,5%) e Administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (1,7%).
A Indústria vem com alta de 3,6% contra o mesmo período de 2023. Mesmo com queda no resultado trimestral, a Construção tem alta de 5,7% no comparativo com o ano passado. O IBGE destaca que o resultado teve forte influência da alta da ocupação e produção dos insumos típicos dessa atividade.
Na sequência, as Indústrias de transformação tiveram alta de 4,2%, apoiadas principalmente pela fabricação de veículos automotores, outros equipamentos de transporte, móveis e produtos químicos. "São setores beneficiados pela maior demanda por bens de consumo duráveis e de bens de capital, que vem do aumento do consumo final e do investimento", diz Palis.
Houve forte expansão de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (3,7%), com maior consumo de eletricidade no país, seja pelo clima mais quente como pelo avanço da atividade econômica. Apenas as Indústrias extrativas (-1,0%) ficaram em campo negativo, devido à queda da extração de petróleo e gás.
Já a Agropecuária registrou queda de 0,8% contra igual período de 2023, com a queda de produção ou perda de produtividade de culturas como cana (-1,2%), milho (-11,9%) e laranja (-14,9%). Mesmo os resultados positivos do algodão (14,5%), trigo (5,3%) e café (0,3%) não foram suficientes para reverter o acumulado negativo do setor.
O Consumo das famílias continua com resultados fortes e teve alta de 5,5% em relação ao mesmo trimestre de 2023. É o 14º trimestre consecutivo de alta no setor. Já o Consumo do governo cresceu 1,3% no período.
Os Investimentos tiveram alta de 10,8% no terceiro trimestre de 2024, com elevação na importação e na produção interna de bens de capital, desenvolvimento de software e avanço da construção.
Entre as Exportações de Bens e Serviços (2,1%) destacam-se os produtos alimentícios, outros equipamentos de transporte, extração de minerais metálicos e produto químicos.
As Importações de Bens e Serviços cresceram 17,7%, com altas de produtos químicos, máquinas e materiais elétricos, máquinas e equipamentos, veículos automotores e serviços.
Fazenda vê PIB com 'ritmo robusto'
A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda (SPE) avaliou que a economia seguiu com "ritmo robusto" de expansão no terceiro trimestre deste ano.
"O crescimento do PIB no terceiro trimestre foi superior à projeção exibida no Boletim Macrofiscal de novembro, realizada com base em indicadores coincidentes já disponíveis até 11 de novembro", informou a Secretaria de Política Econômica, por meio de nota.
"Dessa maneira, a projeção do Ministério da Fazenda para o crescimento do PIB de 2024, atualmente em 3,3%, deverá ser revisada para cima, repercutindo perspectivas de maior crescimento para a indústria e para os serviços."
Ainda de acordo com a área econômica do governo, o crescimento continuou forte mesmo com "menores impulsos fiscais" (gastos do governo), impulsionado pelo bom desempenho da indústria de transformação e construção e pelo crescimento na prestação de serviços diversos.
"A atividade econômica deve continuar a crescer no próximo trimestre, embora com desaceleração na margem. A política monetária [alta de juros] mais contracionista deverá restringir o ritmo de expansão das concessões de crédito e dos investimentos", acrescentou a SPE, do Ministério da Fazenda.
Ainda assim, acrescentou que "impulsos positivos" devem vir do mercado de trabalho, que deverá seguir resiliente, estimulando a produção e o e consumo das famílias.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) comemorou o resultado do PIB nesta terça. Em uma rede social, Lula escreve: "Continuamos com o PIB crescendo e criando mais emprego e renda na mão dos brasileiros."