O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, fechou o pregão desta sexta-feira (11) em baixa, na medida em que investidores repercutiam a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Em julho, o principal indicador da inflação brasileira subiu 0,12%, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado veio acima das expectativas de mercado.
Ao final do pregão, o índice caía 0,24%, aos 118.065 pontos. Foi a 9ª queda consecutiva do Ibovespa. Veja mais cotações.
A queda foi intensificada pelas perdas registradas pelas ações da Vale e da Petrobras, empresas com maior peso na composição do índice.
Na véspera, o Ibovespa fechou em baixa de 0,05%, aos 118.350 pontos. Com o resultado de hoje, passou a acumular:
- quedas de 1,21% na semana e de 3,18% no mês;
- ganhos de 7,59% no ano.
No mercado cambial, o dólar fechou em alta de 0,44%, cotado a R$ 4,9035.
O que está mexendo com os mercados?
A semana se encerra com a divulgação do IPCA no Brasil, que surpreendeu os analistas, vindo acima das expectativas. Em julho, a inflação subiu 0,12% na comparação anual e 3,99% em relação ao mesmo mês do ano passado, enquanto as projeções apontavam para altas de, no máximo, 0,08% e 3,95%.
Essa aceleração da inflação vem após uma queda nos preços registrada em junho: naquele mês, o país teve uma deflação de 0,08%.
Em julho, a principal contribuição para o avanço dos preços veio do grupo de transportes, com destaque para a alta de 4,75% no preço da gasolina. Gás veicular e etanol também subiram, enquanto o óleo diesel foi o único combustível a apresentar queda. Os preços das passagens aéreas e dos carros novos também avançaram.
Mas transportes não foi o único grupo a subir no mês. Artigos de residência, educação, saúde e cuidados pessoais e outras despesas pessoais também tiveram alta. Já os grupos de alimentação e bebidas, habitação e vestuário tiveram queda nos preços. Comunicação não variou.
Uma nova aceleração da inflação reforça o recado que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC deu em sua última reunião: o ciclo de cortes nos juros - iniciado na semana passada com uma redução de 0,50 ponto na Taxa Selic, que foi a 13,25% ao ano - deve ser controlado e dificilmente contará com quedas mais fortes, de 0,75 ponto, nos próximos meses, enquanto a inflação não estiver totalmente alinhada com a meta.
A meta de inflação do BC para 2023 é de 3,25%, podendo oscilar entre 1,75% e 4,75%. No entanto, as projeções do mercado, reunidas no Boletim Focus, indicam que o IPCA deve encerrar o ano levemente acima do teto da meta, em 4,84%.
Ainda no Brasil, na agenda política o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou hoje o novo Programa de Aceleração de Crescimento (PAC), que contemplará retomada de obras paradas, aceleração de obras em andamento e novos empreendimentos, com uma previsão de R$ 60 bilhões de investimentos por ano.
O mercado também acompanhou as declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no Fórum de Gestão Empresarial da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (FACIAP), em Curitiba.
No evento, Campos Neto reforçou que o BC está olhando "com bastante atenção" a inflação de serviços e que o núcleo de serviços ainda está bem acima da meta. Ao mesmo tempo, ele reconheceu que o número do IPCA divulgado nesta sexta-feira na parte de serviços foi "um pouco melhor".
Já no exterior, o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos divulgou que a inflação ao produtor no país subiu 0,03% em julho. Ontem, a inflação ao consumidor também foi divulgada, com alta de 0,02%, dentro das expectativas do mercado.
Em contrapartida, mesmo com os número em linha com as projeções, declarações de Mary Daly, uma das dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), pesam sobre os mercados.
"Daly disse que o Fed ainda tem 'mais trabalho a fazer' para combater o aumento dos preços, o que amenizou o efeito positivo da inflação ao consumidor", destacam analistas do BTG Pactual.
Juros mais altos nos Estados Unidos são negativos para os ativos de risco, como os mercados de ações e as moedas de países emergentes, caso do Brasil.