Guedes anuncia pedidos de demissão de dois secretários e vê 'debandada' na Economia

Ministro da Economia afirmou os dois estavam insatisfeitos com a morosidade das privatizações (Salim Mattar) e da reforma administrativa (Paulo Uebel).

Por Laís Lis, G1 — Brasília


Guedes anuncia pedidos de demissão de dois secretários do Ministério da Economia

Os secretários especiais de Desestatização e Privatização, Salim Mattar, e de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Paulo Uebel, pediram demissão nesta terça-feira (11), informou o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Guedes deu a informação em entrevista após uma reunião no Ministério da Economia com o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).

“Se me perguntarem se houve uma debandada hoje, houve”, disse Guedes. Segundo o ministro, apesar das demissões, o governo não desistirá das reformas.

"Nossa reação à debandada que ocorreu hoje vai ser avançar com as reformas", afirmou.

Com as saídas de Mattar e Uebel, são sete os integrantes da equipe econômica que deixaram o governo desde o ano passado. Além dos dois, já haviam saído

  • Marcos Cintra (ex-secretário da Receita Federal, demitido)
  • Caio Megale (ex-diretor de programas da Secretaria Especial de Fazenda)
  • Mansueto Almeida (ex-secretário do Tesouro Nacional, que pediu para sair)
  • Rubem Novaes (ex-presidente do Banco do Brasil, que também se demitiu)
  • Joaquim Levy (ex-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, BNDES, que pediu demissão)

De acordo com Paulo Guedes, o secretário Sallim Mattar afirmou que estava insatisfeito com o ritmo das privatizações.

"O que ele me disse é que é muito difícil privatizar, que o estabilishment não deixa a privatização, que é tudo muito difícil, tudo muito emperrado", declarou Guedes. O ministro, porém, disse que o governo mantém o objetivo de fazer privatizações.

Rubem Novaes também teria saído em razão da impossibilidade de ver o Banco do Brasil privatizado. Na reunião ministerial de 22 de maio, Guedes afirmou ao presidente Jair Bolsonaro e aos demais ministros: "Tem que vender essa porra logo", em referência ao Banco do Brasil.

O ministro Paulo Guedes afirmou que apontou a Salim Mattar a necessidade de "lutar" para que as privatizações aconteçam.

"O que eu digo para o Salim, o que eu sempre disse foi o seguinte: para fazer a reforma da Previdência cada um de nós teve que lutar. Para privatizar, cada um de nós tem que lutar. Não adianta esperar ajuda do papai do céu. Nossa proposta foi de transformação do estado. Então, nós vamos tentar e vamos correr até conseguir", declarou.

No caso de Paulo Uebel, o secretário estaria insatisfeito com o andamento da reforma administrativa, de acordo com o ministro.

"A reforma administrativa está parada. Então, ele [Uebel] reclama que a reforma administrativa parou. A transformação do estado tem várias dimensões", afirmou Guedes.

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