Um cursinho preparatório do Distrito Federal suspendeu as aulas faltando apenas duas semanas para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo a coordenação do curso Exatas, o motivo é a falta de pagamento de professores e funcionários.
Mais de 50 famílias foram surpreendidas com o informe dos professores e de uma coordenadora falando sobre o fechamento das unidades da Asa Norte e de Taguatinga a partir de segunda-feira (21).
O g1 tenta contato por telefone com o dono do cursinho, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.
Em uma carta para os alunos, colaboradores do cursinho informaram que "apesar de inúmeros esforços e tentativas de diálogo com a equipe gestora responsável, não houve manifestação por parte dela para regularizar a situação".
"Os salários permanecem em atraso por um período que compromete a subsistência pessoal e familiar de nossos professores e colaboradores. Não há mais condições de manter esse sacrifício. Sabemos que esta decisão impacta profundamente a rotina e os planos de alunos, pais e responsáveis, e nos solidarizamos com todos vocês", diz a carta.
O professor de química Matheus Braga, funcionário do Exatas desde 2014, conta que o curso vem passando por dificuldades financeiras há anos. "Em 2019, ficamos sem receber nossos salários no final do ano e a gente voltou a trabalhar mesmo assim", diz o professor.
"No ano passado essa situação voltou a acontecer. Em outubro os salários pararam de ser pagos e a gente ficou até fevereiro sem receber. E pior ainda, a gente ficou sem comunicação com a gestão do curso, que nunca dava uma solução", afirma Matheus.
Professor de curso pré-vestibular do DF reclama de falta de pagamento
Ainda segundo o professor, o gestor do curso teria oferecido terrenos para os funcionários como forma de pagamento (veja vídeo acima). "Ele passaria para o nosso nome para que a gente conseguisse vender e pagar as nossas dívidas", diz Matheus.
"Só que esses lotes depois descobrimos que não valiam quase nada. A venda desses lotes pagaria, no máximo, um ou dois professores", conta o professor.
Prejuízos
Na segunda e terça-feira (22), alunos foram às unidades do cursinho e encontraram as portas trancadas. Muitos não conseguiram pegar itens pessoais, como mochilas, cadernos e garrafas nos armários.
Para eles, o prejuízo vai além do financeiro, já que a suspensão das aulas às vésperas do vestibular da UnB afetou também o emocional dos estudantes.
A advogada Bárbara Zambon explica que, agora, as famílias têm duas opções. "A primeira é tentar conversar com a escola para tentar chegar a um acordo de devolução financeira", diz a especialista.
"Se isso não for possível, ou se não for satisfatório para os pais, eles devem entrar com uma ação judicial para buscar esses valores de volta. E também um dano moral", explica a advogada.
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